Wednesday, May 30, 2007

Vendas e excelentes negócios


Nani e Anderson no Manchester United por 25 milhões cada. Quanto ao Anderson deixo uma pequena nota, quanto ao Nani... tenho pena por ser algo inevitável. Não foi por muito dinheiro, 25 milhões para um jogador daquela qualidade e potencialidade não é muito. Mas o Sporting precisava deste dinheiro para se equilibrar financeiramente, o míudo também queria saír, não lhe chamo ingrato porque quando se tem 19 anos e aquela fama normalmente a cabeça não é muita. Agora o que será certo é que o ciclo leonino irá continuar, saí o Nani entra outro para o substituir, a cantera leonina é infindável. No Manchester? Com certeza será o próximo C. Ronaldo, com o Alex Ferguson e se ele se portar bem vai ser um dos melhores daqui a uns anos. Só me pesa na consciência é ver uma equipa tão boa como a desta época ser assim partida aos bocados, ao menos deixavam o míudo ganhar alguma coisa pelo Sporting, um campeonato e com a qualidade da equipa talvez mais alguma coisa, mas já se sabe o dinheiro fala sempre mais alto, infelizmente. Felicidades Nani e diga-se que os 25 até sabem bem...

P.S. - A noticia do Anderson deu-me um gozo terrível visto que um erudito do futebol mundial, vulgo Sr. Manuel Serrão, afirmou o seguinte: " Dedico como portista este campeonato ao Katsoranis, jogador do Benfica, por ter lesionado o Anderson visto que graças a ele, o míudo fica cá mais uma época para ganhar o tri". É caso para dizer para o Sr. Manuel Serrão ter mais cuidadinho com o que diz, pois desta vez não valem piadas sobre o sporting vender os míudos, parece que no fundo as tácticas de vendas são parecidas. Falo no Diego e Luís Fabiano? Naaaa

Saturday, May 26, 2007

A comercialização da desgraça

Estava eu no ínicio de um novo dia, em que não esperava fazer grande coisa - o que se veio a confirmar -, e ia comendo a tigela de flocos e leite que tinha á minha frente. Como é normal ás 9:30 nas manhãs de quinta feira a programação nunca é grande coisa, dei por mim a fazer zapping entre canais de informação e outras estações sem qualquer interesse. No meio de todos esses canais sem qualquer interesse estava a passar uma coisa, assim parecida com música - como é bastante usual num canal como este. Entre levar com amostras de música e uma senhora visivelmente demasiado maquilhada a ditar o estado do tempo para um dia que não tinha qualquer interesse, sempre preferi levar com uma tentativa de música.

A música não é mais que um produto da "melhor banda do mundo" ( pausa para me rebolar no chão a rir ) os Linkin Park, "What I´ve done" é supostamente o regresso tão aclamado da banda. Não foi a primeira vez que ouvi a música, mas foi a primeira vez que me apateceu escrever sobre algo tão mediocre neste blog. Para além da mudança de imagem operada por estes rapazitos, que agora parecem uns otários daltónicos visto que se vestem todos de preto e luvinhas de camurça, a música é simplesmente horrivel comparada com as antigas músicas deles. Mas o que fascinou, por assim dizer, no seu novo gingle foi a mensagem que o video, pelo menos, tenta passar. Que eles se venderam e se tornaram numa banda demasiado comercial já é sabido por todos, mas achei uma piada terrivel ao ponto de rir tanto até me escorrer leite pelo nariz, ao facto de agora eles estarem muito carentes e muito preocupados com o aquecimento global, com a guerra e fome no mundo. Quer dizer, eles antigamente dedicavam-se a cantar músicas sobre...coisas, agora estão extremamente sensibilizados com o estado do planeta. É engraçado este súbito preocupamento, estranho e engraçado.

É engraçado porque agora parece-me que toda a gente está tão empenhada a combater estes flagelos da humanidade. Diga-se, salvar o planeta está na moda, quando tentamos ser herois do mundo tornamo-nos obrigatóriamente "fixes". A mensagem que tentam passar não tem nada de mal, apenas mostra que cada vez estamos mais cientes de que os recursos naturais não são ilimitados, estamos neste momento a abrir uma ferida enorme na pele da Terra e gostaria de saber se ainda será possível transformar esta ferida numa feia cicatriz. Não condeno quem tenta passar a mensagem porque é sempre importante, tal como Al Gore o faz. Mas então porque estou eu a gozar com a banda norte-americana? Estou a gozar com eles pelo facto de considerar que nenhum deles se preocupa uma porra com estes problemas, apenas o fizeram de forma a vender mais uns cd´s, porque hoje em dia todos nós vemos com bons olhos estes gajos famosos que tentam passar a imagens de lideres contra a as malafeitas do mundo.

A guerra, a fome e o aquecimento global são problemas enormes no mundo contemporâneo, todos nós nos devemos de preocupar. Agora se é legitimo usar esta cabala para ganhar mais uns milhões? Talvez seja, de qualquer forma á sempre cordeiros a comprar os seus cd´s, assim ao menos a mensagem vai passando. O problema disto tudo é que não devemos apenas interiorizar a mensagem, devemos tomar as rédeas dos nossos actos e agir, se consideramos que poluimos demais então vamos cortar no lixo que fazemos, se posso ir a pé porque vou de carro?; se posso gastar menos água porque não o faço? Temos que agir, não podemos ver os documentários e dizer que sim senhor e está tudo bem, temos que ser cada um de nós os heroís do planeta, cada um de nós tem que ajudar nesta tarefa megalómana que é salvar um planeta em vias de extinção.

Dica: se querem música de pessoas que salvam o planeta vejam este video dos Rise Against "Ready to Fall".

Sunday, May 20, 2007

Orgulho, principalmente




Desculpem mas não me posso dar por satisfeito, dei-me ao luxo de acreditar que o título era possivel, acreditei que a equipa do Desportivo de Aves ia bater o pé ao Porto e negar-lhe a conquista do título. Durante mais de meia hora vi á minha frente a possibilidade que já nos é negada á varios anos, não era pedir muito. Muito simplesmente não me posso dar por satisfeito com este desfecho inglório do campeonato, porque o Sporting simplesmente tem a melhor equipa e a que mais fez para ser campeã, nunca pus em questão a possibilidade de perder em Alvalade e sermos relegados para o terceiro lugar, com esta equipa era impossível. Tenho pena, porque o Porto este ano nunca demonstrou a consistência de campeã e o Sporting com menos de metade do orçamento conseguio abalar a hegemonia que o Porto parecia invocar.

Para o provar é ter a defesa menos batida da Europa, a equipa que melhor futebol joga e sem ponta de dúvida o plantel de melhor qualidade em Portugal. Mereciamos mas não conseguimos, apenas por nossa culpa, deveriamos de depender apenas de nós próprios e decidimos seguir o trilho mais díficil que era depender de uma equipa mísere e sem qualquer qualidade, como é a equipa do Aves. O erro foi o empate na Luz, foi o único jogo desta época em que fiquei desiludido com a actuação da nossa equipa, podiamos ter feito mais, não o fizemos porque na altura, consideramos que o empate era o suficiente para sermos campeões. Mas como foi o jogo a dois kilometros de distância da nossa casa, também posso invocar o golo com a mão de Ronny, que perdemos o jogo graças a essa pequena brincadeira, será que se esse jogo tivesse sido mais justo não teriamos sido campeões?

Orgulho-me imensamente desta equipa e apesar de todos os seus podres, que a imprensa tenta colocar no seio do grupo, considero-a a melhor equipa desde á muito tempo. Fomos gigantes, fizemos um trabalho enorme ao igualar e por momentos estar em primeiro com uma equipa composta maioritariamente por jovens, que pela primeira vez na sua vida jogavam no principal escalão do futebol português, com um orçamento que foi esticado até ao máximo, a lutar contra todas as supostas vendas das joías da coroa leonina. Porque ninguém dava nada por nós, porque nunca fomos uma equipa com categoria suficiente para sermos campeões. Não só provamos que estavam errados, como também foi demonstrado que a equipa a actuar melhor em Portugal não precisa de pagar ordenados astronómicos, como do outro lado da 2ª Círcular, nem precisa de ter um plantel avaliado em milhões. Fizemos uma época estrondosa e acredito piamente que só não fomos campeões por muita má sorte, porque o azar não existe. Quanto á suposta miserável prestação do Sporting nas competições europeias, é bom recordar que não jogamos com equipas que descem de escalão no campeonato alemão, jogamos sim com os campeões de Itália e Russia, respectivamente, a acrescenter um super-pesado do campeonato alemão.

Hoje e não dou os parabéns, nem palmadinhas nas costas a felicitar a "gloriosa" conquista de um título aos meus vizinhos portistas, não dou porque muito simplesmente não o merecem e sei que fomos a melhor equipa em Portugal. Não é ter mau perder, mas muito simplesmente nunca admirei a equipa do Porto desta presente época, e se não tivesse sido o abono de familia conhecido por Adriano, há muito que o Porto lutava para manter não o primeiro lugar, mas sim o segundo ou o terceiro. Não posso dar os parabéns a uma equipa que durante toda a época viveu ás custas de um jogador, não seria justo para as outras equipas. E também não digam que não sou um sportinguista a 100%, só porque não me contento com o segundo lugar, hoje provou ser sportinguista aqueles que independentemente do resultado se orgulharam da equipa e souberam dar-lhe o valor, os verdadeiros não são aqueles que insultam a outra equipa só porque foram mais felizes que nós. Só não me contento com este resultado pelo simples facto que sei que com alguma daquela felicidade que fez companhia á equipa do Porto, fosse também partilhada com a nossa equipa tinhamos sido campeões á muito tempo.

Um voto de final de época: manter esta equipa, poucas alterações e um ou dois mais reforços. Se este um títular se mantiver, para o ano não nos escapa.

Thursday, May 17, 2007

Inumanidade humana

A sério que há assuntos que eu não queria tocar, nem queria mencionar porque considero que qualquer opinião por mim aqui expressada é totalmente obsoleta. O caso da pequena Madeleine é um deles, nestes momentos todos nós gostamos de dar a nossa opinião e gerar uma pequena discussão com os vizinhos se afinal foi o gajo inglês que a raptou ou não. A verdade, é que isso não interessa nem um pouco, é dos actos mais inumanos que se pode ter, abusar da liberdade de uma pessoa de 4 anos, totalmente despromovida de defesas, que dignidade humana é que existe nesta situação? Imagino a incapacidade dos pais, podem manter a esperança, mas também têm aquele lugar negro da sua consciência que lhes diz que a sua filha pode já não estar a respirar. É o sentimento mais perturbador que nos pode passar pela alma, a vontade de actuar e de se estar completamente incapaz de fazer seja o que for para a trazer de volta.

Quando se diz que o ser humano faz tudo por dinheiro é verdade, o dinheiro desde que foi criado corrompeu toda a honra e dignidade que podiamos ter. Quem é que hoje em dia não faz tudo por dinheiro? Todos somos controlados por pedaços de papel com números lá inseridos, se estarmos controlados desta forma tão materialistas faz de nós pessoas piores? Com certeza que faz, temos o exemplo de variadissimos programas de televisão e de outras situações no dia a dia em que procuramos ter mais dinheiro que os outros e ganhar mais dinheiro, porque afinal o dinheiro pode fazer as pessoas felizes.

Como um qualquer actor proferiu num filme "Todas as pessoas têm um preço", o que não deixa de ser verdade, porque basta vermos uma quantia de dinheiro mais avultada para que façamos quase tudo aquilo que juramos nunca fazer. Nós podemos julgar o nosso preço, porque mais ninguém tem a haver com isso. Mas, nunca podemos atribuir um valor material a qualquer humano de forma prejorativa, quem se quer vender de forma mais ou menos moralmente correcta que o faça, mas não é da natureza humana atribuir preços a outras pessoas. Mas é isso mesmo que hoje em dia se faz, se nem os animais abandonam os filhos sem estes estarem devidamente preparados para sobrebiverem, que género de ser somos nós em que individuos da mesma espécie roubam, matam e vendem outros seres humanos. Cobardemente levou a criança do seu quarto, sem possibilidades de se defender, não ponho em causa a negligência dos país, falo apenas do acto cruel e inumano que é raptar e vender outro ser humano apenas por ganância, ou demência.

A sociedade assim nos criou, porque tudo tem um preço, porque não somos mais que umas marionetas sujas e nojentas que o dinheiro controla. Não me interessa saber as razões de quem o fez, apenas condeno e considero um dos piores actos que se pode ter, esta não é a humanidade com que nós sonhamos, não é nem nunca será.

Monday, May 14, 2007

Bem vindos a 1984

Quem são as Anti-Flag? São uma banda norte-americana ,-para não variar muito-, anarquista e com umas músicas á maneira. São revolucionários e já têm uns aninhos de estrada, não posso considerar como sendo das minhas bandas preferidas, mas dá-me sempre um prazer especial ouvir esta banda, onde a pericia técnica é fraquinha e a voz deixa a desejar, mas os textos..... do melhor material que se pode encontrar em termos de bandas de protesto.
Esta não é a melhor música deles, contudo tem uma letra do melhor, brilhantemente escrita com uma referência sagrada a George Orwell ( de quem já fiz um texto aqui no blog ). O título da música? Obviamente que é uma referência ao livro desse mesmo senhor, "Bem vindos a 1984", será que estamos mesmo num novo milénio ou estamos algures no universo de Orwell?

Friday, May 11, 2007

Sem necessidade de prozac

Há dias, como o de hoje, que apesar de haver tanta coisa para se escrever, de haver tantas coisas a passarem-se pelo mundo, como o caso da pequena Madeleine, das presidências francesas e de outras coisas que eu gosto de escrever e que mais ninguém se interessa, hoje não vou escrever. São dias em que a se é feliz, dias para aproveitar, não aparecem todos os dias, um peso saíu de cima dos ombros. Ser feliz compensa, e nada melhor que fazer paste dum texto de outro autor sem qualquer permissão, hoje faço eu isto, amanhã fazem eles.

"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis. E um exército de professores explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição. Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho. Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. Não deixa de ser uma lástima. Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!»
Texto de João Pereira Coutinho, Jornalista

Queda de...cansaço diga-se

Estado mental: cansado e a caír para o lado de felicidade, de cansaço também.

( Um viva para o post mais pequeno da história deste blog, dia memorável este )

Saturday, May 05, 2007

Passado, Presente, Futuro

Hoje não escrevo porque me apetece, passar um sábado á noite a escrever não é das maiores alegrias que a vida nos pode dar, escrevo sim devido ao facto de olhar para o blog e ver que vagueiam demasiados posts de cinco linhas, que estão para encher porque nada mais me vem á cabeça. Chateia-me profundamente o facto de depois de escrever um texto não ter paciência para o rever e corrigir os erros, depois é normal irem a ler e surgir alguma palavra a mais, ou alguma letra a menos. Deixei de escrever sobre a minha vida, não tem qualquer interesse estar para aqui a mandar bitaites para o ar a explicar a complexidade de uma existência por pouco, por onde se pegar. Estou numa fase em que fiquei sem grandes objectivos para escrever, ou para fazer muito mais. Lembro-me perfeitamente de nos primeiros dias deste blog eu deseja alguém mais afamado visitar este espaço e ver que tinha algum talento para escrever algo mais a sério que um blog, hoje obviamente sei que as coisas não caíem do céu, não surgem milagres dum dia para o outro e agora, sinceramente, se me pedissem algo do género provavelmente recusaria, para escrever umas bacoradas escrevo para aqui, não desperdiço opurtunidades.

Há uns tempos atrás, numa aula de História, a minha professora disse uma grande verdade, devo de ter sido o único a prestar atenção a tal frase, "O povo português sempre sofreu de Sebastianismo, o que é isto? É espararmos sempre por um milagre, é afundarmo-nos e esparar que algo nos salva e não fazemos nada". Eu sou assim, baseio-me na fé para muitas coisas da minha vida, não explico porque simplesmente não posso explicar, podem chamar estupidez o que não deixa de ser, mas habituei-me a esperar para que acontece-se o que eu pretendia, umas vezes acabava por acontecer, eu involuntáriamente evoluía e progredia sem dar por isso. Espera-se baseados em nada, como eu á milhões de portugueses, preferimos esperar para que saía o EuroMilhões do que trabalhar arduamente, esperamos ter uma vida feliz e não fazemos nada por isso, depois queixamo-nos do malogro em que o nosso país está embrenhado. Hoje se alguém que tivesse um acto de bondade para comigo e me pergunta-se: "Queres publicar um livro?", eu diria que não, não estava para publicar uma merda sem conteúdo, vago e inlegivél.

Sim, realmente é verdade há por aí muita porcaria e vende como o caraças. Mas a vida não é justa, se fosse não haveriam guerras, nem pessoas a passarem fome, teriamos todos o mesmo nível de felicidade e de riqueza, se isto é impossivel também a justiça para com a vida humana também o é. Tal como os livros, há para aí blogues que não valem a ponta de um corno, mas porque pertencem ao actor X, ou ao politico H já têem visitas e bajuladores por simpatia. Obviamente que ás vezes ao visitar esses sítios um gajo vê que alí é só visitantes e comentários por simpatia, mas a verdade é que é são essas mesmas vedetas que atraíem massas e as controlam, porque basta ser do maricas que apresenta o programa das manhãs para as velhotas que tem mais visita do que o de outro qualquer bom escritor. Não falo dos livros, porque há inumeros escritores maravilhosos que mereciam lugares de tabelas em livrarias e não os têm, já a Fátima Lopes domina o primeiro lugar, porque agora é conhecida para alguém apostar naquilo.

Mas voltando á linha de pensamento anterior, se a vida fosse justa, talvez fosse bem melhor, contudo é impossível. Se nos basearmos nos príncipios de fazer o bem, recebemos o bem; do karma e dessas filosofias talvez possamos ser felizes, mas não temos o que queremos, porque se não os poderosos não seriam os corruptos mas sim as almas caridosas deste planeta, se vale a pena fazer o bem? Faz bem ao nosso espirito, se tentam tirar algum partido disso, esqueçam, porque a vida por mais boa que seja, é aplicativa da teoria da canção dos Queen, "Only the good die young". Não há mares de rosas, não há locais de segurança e amizades hoje em dia são tão raras como oásis nos desertos, os amigos preferem contractos assinados, rubricados e palmadinhas nas costas do que estar ao lado, quando são necessários. Foi assim que fomos ensinados a viver, e não há forma de o contornar.

Há acontecimentos na nossa vida que transformam o rumo por completo, hoje não seria quem sou se o meu passado tivesse sido diferente, assim está relacionado o espaço temporal, o passado molda o presente e este julga o futuro. Aqueles que se refugiam nalguma coisa é porque outra temem, os que se vêem como leitores, ou ouvintes natos procuram um escape á realidade, porque todos precisamos. A vida nos livros é mais fácil que a vida real, por isso é que são livros, á música aplica-se o mesmo. Poderiamos desejar que a vida fosse diferente, mas o máximo que se pode fazer é reagir ao presente de modo a ultrapassar as adversidades do futuro.

Tuesday, May 01, 2007

1984 - Um futuro possivel

Já o li há uns tempos, mas infelizmente só hoje me deu para escrever sobre este livro. 1984 é para muitos e para mim também um dos melhores livros sobre politica alguma vez já escritos. Toda a influência que teve em futuros livros, filmes e afins é incontornável e o que hoje nos pode parecer completamente irreal, na verdade, quando o livro foi escrito em 1948 ( o titulo provem da alteração dos dois últimos digitos da data ) podia parecer um futuro bastante provável. Como John Lewis Gaddis, escreveu no seu excelente livro sobre a guerra fria "Hoje em dia nem sequer podemos pôr em questão a existência de uma guerra nuclear ou de um estado totalitário governar o mundo, em 1948, em plena Guerra Fria era um futuro provável para os mais pessimistas e a diferença de 40 anos parecia plausivel para uma super-potência dominar o mundo por completo". George Orwell não escreveu este livro para que fosse o seu último, ou para ser aclamado com um êxito, aliás quando o livro foi publicado nos Estados Unidos e se tornou um best-seller Orwell já avistava a morte a poucos dias.

A sociedade totalitária de 1984 apesar de ter alguns defeitos passados quase 60 anos, acredito que na altura tivesse sido uma visão aterradora. Há quem afirme que é uma critica ás sociedades comunistas e a então toda-poderosa URSS, Orwell desmentiu a um amigo enquanto escrevia o livro já em debeis condições de saúde. Mas, agora que se analisa o livro, podemos perceber claramente que a sociedade em que Winston Smith vivia era um anacronismo ao comunismo, e a própria imagem do Grande Irmão é influênciada no ditador russo Jósef Estaline. A criação é surpreendetemente repressiva, totalitária, sufocativa e combina o pior dos extremos fascistas/comunistas de forma eficaz, não existe espaço para ter amigos, e confiar em alguém era como assinar a nossa sentença de morte. Todo o enredo tem um poderoso realismo pelo facto de acreditarmos nos proles e na própria revolução a derrubar o sistema, ao vermos que existem pessoas dentro do próprio sistema que o tentam derrubar, ao vermos Winston ter alguém poderoso que partilha os mesmo ideais que ele. Isto era o que W.S. pensou e qualquer um de nós iria pensar.

"Se queres ter uma visão do futuro imagina uma bota do Partido a esmagar um rosto humano para sempre". Isto foi o que disseram a Smith quando submetido a tortura e poderia ter sido uma visão realmente aterradora para os cidadãos sob uma sociedade democrática na altura. Temos que nos lembrar que na década de 40 terminou a guerra mais destrutiva e que mais vidas ceifou desde sempre, a 2ª Guerra Mundial, e passado dois anos iniciou-se outra a Guerra Fria, onde a ameaça de uma guerra nuclear ao nivel planetário era tão possivel como uma pessoa que ande á chuva ter febre. Nesse tempo não se vivia como hoje, vivia-se em constante sobressalto porque amanhã poderiamos ser vitimas de uma bomba nuclear. O presidente americano de então, Henry S. Truman, quando autorizou os bombardeamentos a Hiroshima e Nagásaki, em privado disse ao seu vice-presidente: "Só desejo que amanhã volte a acordar e que toda esta nação o faça tal como eu". O que Truman tentava transmitir era o perigo de Estaline largar bombas em solo americano. A verdade é que a URSS só as teve em 1949, três anos depois, mas sempre disseram que as tinham e que não hesitariam em largá-las em território europeu e americano.

Por aqui, podemos ter uma visão do que era a vida politica e a forma como as populações tentavam encarar uma possivel guerra nuclear. O romance de Orwell no meio desta guerra, foi visto por alguns como um presságio, uma verdade a que seria impossivel escapar. É, mais ou menos, o mesmo do que hoje ser publicado um livro em que o mundo estava dividido em dois blocos, o Ocidental e o Muçulmano, e ambas eram repressivas e totalitárias, na sociedade adoptariamos os padrões islâmicos e não teriamos grande escape. O cenário em que vivemos, felizmente é diferente, visto que os regimes totalitários estão em extinção do mundo, re-afirmo, seria algo como um mundo massacrado pelo terrorismo a toda a hora, em qualquer lugar. Bastante mais aterrador. O livro de Orwell é isto, aterrador, sofucante e absolutamente maravilhoso, é impossivel de se conter a vontade de folhear as páginas e chegar ao fim do livro. De todos os livro alguma vez mencianados, até á data, aqui este é sem dúvida o mais obrigatório e o melhor.