Thursday, March 19, 2009

Lucifer, é a natureza do jogo



Being a man is not something you do, is something you are.

Monday, March 16, 2009

Evangelho segundo: a confissão

Algum dia todos iremos morrer, essa é a realidade. No fim todos nos transformamos numa pedra azul, sem vida e sem movimento. Desligaram-nos a ficha. Quem sabe, poderá ser amanhã, poderá ser daqui a 2 anos quando for passado a ferro por um autocarro, ou mesmo até hoje, o que invalida de um tremor de terra destruir aquilo que conhecemos ou que um avião se despenhe mesmo por cima do nosso tecto. No fim, todos nos transformamos em seres enrugados, feios, decadentes e finalmente sem vida. No dia em que nasces caminhas pela estrada da tua morte. Fim inevitável. O vazio, o nada. As correias a deixerem-te, o cheiro a pinho novo ser soterrado por camadas de terra. Inevetavelmente este é o teu futuro mais que certo. Neste momento existem duas opções, primeira: podes aceitar que vais morrer, vais-te transformar num ser velho e sem forças, por fim quando morreres vão-te amar, depois enventualmente esquecente e tu nunca existes-te; segunda, não percebes o porquê deste ser o futuro de todos nós, não aceitas o teu futuro e enlouqueces, no final também morres. Assim sendo, se tentas ser eternamente jovem, eventualmente vais morrer mais cedo que o esperado. Que decandente, que estás hoje.

Sombras e pó. Voltarás para as sombras e para o pó. Mas quem tu és? Provavelmente mais um filho da puta idiotico como tantos que há. Deixas-te reprimir pelo que há à tua volta. Até por deus o todo-poderoso te deixas reprimir, mas afinal não é ele o teu salvador. O medo de seres livre acaba por te provocar o orgulho em seres escravo. Vamos, veste a tua fatiota de palhaço de circo e saí de casa, mas tem atenção podem te assaltar, cuidado porque alguém pode não gostar da tua roupa ou até mesmo da tua forma esquisita de como posicionas a sobrancelha. Generalizações? Sim, é. Contudo, esta é uma sociedade generalizada e seria muito estupido particularizar tudo isto. Mas claro que tu tens uma defesa, tendo noção da tua pouca segurança projectas as tuas forças e fraquezas nos outros. Por isso é que és um filho da puta. No fundo somos todos. Tu és aquilo que odeias nos outros e queres ser aquilo que admiras nos outros. Sabes porque odeias a vitimização dos outros? Ora, pois, tu próprio odeias ser uma vitima. Mas isto não é uma regra de ouro, se fosse teria tudo bastante mais piada.

Tu és os teus sonhos, mas como não os tens, então não és nada. Não queres morrer? Porquê, ja o estás. Eu, por exemplo, sonho com o dia longincuo em que acordo numa floresta e tenho 200 pessoas no raio de 20 kilometros, no dia em que trepadeiras se erguem pelos antigos centros económicos, na época em que tens aquilo que precisas e não aquilo que te dão a comer, no dia em que o dinheiro ande no chão e seja recolhido por um menino de seis anos, de cabelo amarelo e olhos verdes, e que o ponha no lixo, no dia em que já ninguém tenha medo porque não há razões para ter medo, no dia em que a informação esteja verdadeira para todos nós, na noite em que sejamos nós mesmos, a total libertação da personalidade, no dia em que as bandeiras ardam e que as chamas consumam o que de mais belo foi criado pelo homem em cimento e vidro, no dia em que os filhos da puta de espiões frios deixem de cheirarem tudo o que é diferente, no dia em que sejamos livres e digamos aos nossos filhos: "Um dia a humanidade era horrivel e eu tenho responsabilidade por isso, hoje ela desapareceu, agora somos só nós a viver como todos os nossos antepassados que viveram na escravidão deviam de ter vivido".

Podes enlouquecer, ou podes aceitar. Aceitando poderás ser recordado por muitos, ai sim, poderás ser imortal, porque só dessa forma é que poderás ser imortal. No grande final todos nós somos uns leões, que caminham por um campo de espinhos e que com o tempo se vão ferindo. No final poderás ser um leão ferido a lamber as próprias cicatrizes ainda frescas da caminhada, ou então serás um leão ferido com o corpo cravado de cicatrizes que caminha triunfalmente no grande palco do colisseu e que ouve o seu próprio rugido a ecoar por entre a pedra queimada. Sê o leão que ruge na grandiosidade da vida e então serás imortal.