Saturday, February 26, 2011

Memoria Conditor

Descansamos o corpo, sob o céu negro de estrelas cadentes, sabendo que o dia de hoje não voltará a ser o mesmo. Jamais. Uno. Indivisível. Implacavelmente morto no espaço uniforme de 24 horas e não mais um minuto, e assim pousamos a cabeça na almofada. Tudo numa certeza de adormecimento breve, em torpor afflicta, sem saber onde se caminha, como e em que caminho nos levam os pés no vazio escuro da decadência do consciente.

Somos induzidos numa soma tranquilizante, bem ao jeito de Huxley. Perdidos no mundo tão surreal em que os desejos se sentem na flor da pele, nesse mesmo momento em que os pêlos dos braços se eriçam ao sentirem um beijo frio da partida do sonho. É-se levado, por Milton até ao seu Paraíso Perdido onde podemos ser tudo o que quisermos. Sem limitações, liberdade criativa e processual total. Mas tudo... tudo no escuro do ser, embrenhado na categoria de creator mundis, senhor de uma luta incrível do elemento do ser contra o negro desse mesmo senhor.

Friday, February 25, 2011

Coisas do tempo fugido

Vou escrever sobre o que me apetecer:

Sabem sobre o que é que os escritores escrevem? Não, eles não escrevem sobre aquilo que lhes apetece, normalmente é sobre coisas aborrecidas, que nem a eles lhes interessa. Inventam histórias fantásticas, para um público que se faz de exigente, mas no fundo papa tudo aquilo que lhes dão à boca. Um escritor, é um pintor de caneta na mão que escreve sempre o mesmo de formas disfarçadas de nomes diferentes de personagens. Simples e eficaz. Ninguém repara, ninguém se queixa e no fim o escritor ainda recebe. Todos felizes.

Um escritor por norma é mais miserável do que a maioria das pessoas, mas é na sua miséria que se torna superior, mas isso só lhe doí mais. Normalmente, é mais pálido do que a maioria, porque não saí de casa. Os dentes amarelos do tabaco e com barriga a pousar nas pernas quando se senta para escrever. Alguns penteiam-se, outros não, a maioria já não tem cabelo. É dificil conhecer um escritor que queira saber de mais alguém para além de quem vê ao espelho quando se barbeia. Eu disse que são pálidos? São, porque não saem de casa e mesmo assim escrevem sobre a realidade à sua volta. Irónico e brilhante ao mesmo tempo.

Hoje escrevo isto, porque não me apetece escrever sobre mais nada, apetece-me gozar com o próprio facto de eu escrever. Contudo, já não escrevo grande coisa, talvez porque não passo tempo em caso, não sou pálido e tenho os dentes impecavelmente brancos...

Whatever... fuck the Queen and save the Virgins Mary's, not the Virgin Mary but all girl named Mary who are virgins...