Sunday, January 09, 2011

Engano de mentira

Ao olhar para os livros, percebo que estes não dão a verdade. Apenas são parte dela.

Colocamos questões à vida e esperamos por uma resposta, porque na essência somos incapazes de atingir a resposta. Apenas questionamos até possuirmos a verdade e no seu paradoxo sabemos que nunca a teremos. É uma tarefa de vida, para a qual nunca teremos conhecimentos total, porque somos feitos da mesma matéria orgânica que tudo o que é perecível.

Alguns de nós morrerão sem saber amar uma mulher, sem nunca ter lido um livro, sem nunca conhecerem quem são... outros irão amar um mulher e irão ter lido livros, mas jamais irão perguntar à vida pela verdade. A única detentora da verdade. Talvez a consigamos encontrar em locais remotos e afastados do mundo, escrevemos o nosso nome na pedra branca da cidadela e se essa for a sua vontade, quando lá voltarmos lá estará.

A verdade surge em momentos estranhos, irónicos por natureza e que nos fazem sorrir. Talvez a nossa morte anunciada seja a bênção que nos faz viver. Talvez um estranho numa viagem de autocarro seja a melhor amiga durante um dia, ou que um estranho a quem pedimos indicações nos olhe como um filho perdido. Se a verdade só pode ser a morte, então há momentos em que morremos e voltamos à vida só para sentir instantes de realidade.

Para perceber a vida é necessário colocar questões. Para perceber metáforas encobertas num texto é necessário perguntar o significado destas, só então compreendemos. Só então vivemos...