Tuesday, August 29, 2006

Um visionário ou um génio dentro de Salinas?

Eu sei que este texto vai ser muito grande, mas leiam porque depois de lerem este texto tem outra visão do mundo.

São raros os escritores que me conseguem deixar maravilhado com o estilo de escrita deles. Felizmente John Steinbeck é um deles. Ainda não acabei a leitura do seu terceiro livro em minhas posses - A Leste do Paraiso -, mas o único adjectivo que lhe é permitido chamar é mesmo Génio. Tenho a impressão que nunca um adjectivo descreveu tão bem uma pessoa, Steinbeck transcede-se nos livros, são obras primas bem ao estilo das histórias do oeste americano.

O último livro que li dele -" A um Deus Desconhecido"- por si só é um clássico da literatura mundial, obrigatório. A forma original com que John acaba a narrativa deixa-nos sempre com aquele sorriso na cara em jeito de " Este gajo trocou-me bem as voltas, é formidável". O livro que de momento leio, " A Leste do Paraiso", antes mesmo de o ter começado a ler tornou-se um dos meus livros preferidos. Encontrei o segundo volume na cave, guardeio no quarto e quando o ia começar a ler apercebi-me que era o segundo volume. Quando finalmente comprei o primeiro volume, este numa questão de dias descola-se da capa como ganhando vida e deixou de ser perfeito, mas continua a ser um livro divinal ao seu modo. Eu sei que este vai ser um texto mesmo ao meu estilo, grande e aborrecido, a maioria nem o vai ler todo, mas Steinbeck merece isto e muito mais.

Para reforçar o estatuto de génio que eu lhe dei deixo aqui um capitulo do livro, é simplesmente espantoso a formar como este homem em principios do século XX já tinha uma visão tão futurista. Eu pergunto-me algum de nós irá atinjir o génio creativo e soberbo de Steinbeck? Espero bem que sim e de preferência que eu seja um deles.

" O homem pode ter vivido uma vida cinzenta, rodeado de terras escuras e de árvores negras, os acontecimentos mais importantes podem ter passado alinhados, anónimos e despromovidos de cor, mas nada disso conta. Porque, no instante da graça, o canto súbito de um grilo encanto o ouvido, o aroma da terra enche as narinas e a luz coada por uma árvore regenera a vista. Então, o homem transforma-se numa nascente inesgotável. Talvez que o lugar que ele ocupa no mundo possa ser medido pela qualidade e pelo número das suas iluminações. É uma função individual, mas que nos ine à colectividade. É mãe de toda a criação e define o homem em relaão aos outros homens.

Não sei o que nos reservam os anos que estão para vir. Preparam-se monstruosas transformações, forças extraórdinárias desenham um futuro cujo rosto desconhecemos. Algumas delas parecem-nos perigosas porque tendem a eliminar o que consideramos bom. É bem verdade que dois homens juntos levantam mais facilmente um peso do que um homem só. Uma equipa consegue fabricar automóveis mais rapidamente e melhor do que um homem só. E, o pão que sai duma fábrica é menos caro e de qualidade mais uniforme do que o do padeiro. Quando a nossa alimentação, a nossa vestimenta e os nossos tectos forem apenas fruto exclusivo da produção estandardizada, chegará a vez do pensamento. Toda a ideia de não obedecer a uma bilota deverá de ser eliminada. A produção colectiva ou em massa entrou na nossa vida económica, política e até religiosa, de tal modo que certas nações já substituirama ideia de Deus pela de colectividade....

A nossa espécie é a única criadora e dispõe de uma só faculdade criadora: o espirito individual do homem. Dois homens nunca criaram nada. Não existe colaboração eficaz em música, em poesia, nas matemáticas, na filosofia. Só depois de se ter dado o milagre da criação é que o grupo o pode explorar. O grupo nunca inventa nada. O bem mais precioso é o cérebro isolado do homem."

Aqui está a resposta á grandes duvidas existentes no mundo, simplesmente genail ainda para mais tendo sido escrito em meados do século passado. Um génio, que previu os problemas que hoje em dia existem, um filosofo que tem aquilo que nenhum professor vos irá dar. É arrepiante a forma como previu todos os acontecimentos actuais, ainda para mais finalmente um local onde o meu pensamento tanta vez individual e fora do comum se encontra. Eu que me consigo exprimir melhor com letras do que a falar não consigo encontrar aquilo que sinto, a perplexidade, o espanto, o assombro que uma obra como esta me provoca.

Dreams come true



Eu bem sei que não sou o único, mas se me dissessem uma ano atrás ou até há seis meses atrás que dia 5 de Dezembro ia estar no Pavilão Atlântico a assistir a um show da WWE não iria acreditar. Mas a verdade é que vou mesmo lá estar, bilhetes comprados no primeiro dia de venda, dois bilhetes. Acreditem que hoje em dia já ninguém se envergonha de dizer que é fã de wrestling em Portugal, porque finalmente vamos ter o ex-libris que qualquer fã pode ter. Depois digam-me que os sonhos não se tornam realidade.

Este ano o Natal chegou 20 dias mais cedo!

Sunday, August 27, 2006

O templo nublado

Os Iron Maiden lançaram no passado dia 24 o seu 25 albúm, não foi com surpresa que em Espanha e na Suécia ascenderam directamente ao primeiro lugar no top de vendas. Por cá a realidade foi um pouco diferente, o lançamento do albúm "A Matter of Life and Death" passou completamente despercebida dos milhões de portugueses, bem como o albúm de Bob Dylan. Em Portugal quem lidera as tabelas de vendas são autores tão conceituados como Floribella, DZrt, Mickael Carreira, FF e outros pseudo-cantores. Não se consegue encontrar um albúm decente pelo menos nos 20+ vendidos da semana. Mas este tema de música está mais que discutido e por experiência própria sei que não vale a pena explicar ás pessoas a verdadeira essência da música, pois apesar de tudo irão continuar a comprar os cd´s da moda.

Admito que é com pena que assisto a este degradante "show" que se desenrola no nosso país. Para além das televisões estarem pejadas de lixo (ex: Floribella, Morangos com Açucar e todas essas sérias surrealistas, mas que todos se acreditam que podem ser reais ), agora também este lixo chegou á música portuguesa. Há uns anos atrás fomos presenteados com Romanas, Ruthes Marlene, Milenium e todos esses infelizes que hoje em dia ninguém dá um chavo por eles. Agora dão-nos uma nova vaga de "músicos" nacionais, a época de negros musculados graças ao milagre esteroidiano, sem conseguirem pronunciar o seu nome em condições já passou, a época de rappers da margem sul que consomem crack já o vento levou. Agora temos a Floribella que não é mais do que uma história para crianças de 3 anos, mas que mesmo assim todo o país insiste em assistir, temos um grupo de retardados mentais chamados Dzrt, temos o filho de outro pseudo-cantor Mick Carreira e temos um idiota com um dos nomes mais ridiculos da história pós-néolitico, FF.

Isto demonstra o estado em que um país está, demonstra a lavagem cerebral feita a tão bons mocitos. Eu queixava-me que ninguém dava importância á música portuguesa, agora o tiro saíu-me pela culatra, isto para quem considera aquelas aberrações da natureza cantores. A música portuguesa tem bons interpretes, Fonzie, Blunder e Blind Zero são bons exemplos disso, mas mais uma vez ninguém os conhece. Sendo Moonspell o exemplo mais flagrante do estado degradante em que este canteiro se encontra, uma banda que na Alemanha entra nos tops e em Portugal passa completamente despercebida. Eu agora pergunto-me que raio é que vai ser deste país, irão ser os putos amantes de Flor e de FF o futuro do nosso país?! Ao que tudo indica sim, a menos que haja um segundo holocausto.

Eu digo e orgulho-me disto, eu não ouço música presente, porque as bandas recentes são um autentico pedaço de estrume fermentado á beira da música que os nossos pais tiveram. Fico perplexo quando alguém me diz que não conhece o trabalho dos Deep Purple, que nunca ouvio Bruce Springsteen ou ainda melhor que Iron Maiden é só barulho. Que tanta ignorância paira sobre este estado da UE. Quererei eu continuar a viver num país de gente acolhedora e simpatica mas no entanto mesquinha e inculta?! Não, não quero. O que as pessoas ouvem e vêem na TV representa o que o país é, por esta analise não se torna assim tão dificil de perceber o porquê dos mandriões que preferem o ordenado minimo a um trabalho altruísta, dá para perceber o porquê de sermos os pobrezinhos da UE, da para perceber o porquê de por daqui a andar.

Se um país em que a ignorância é tão grande e nos dizemos tão grande, não sei o que será se não vergonhoso. Não me interpretem mal, eu adoro Portugal, sou mais patriota do que a maioria que neste momento me chama energumeno, mas a verdade é que não dá para viver num charco seco enquanto existem tantos oásis mesmo ao nosso lado.

Thursday, August 24, 2006

!?!? = nada


Não são propriamente as mãos mais bonitas do mundo, mas foram estas as mãos que me criaram. Do mesmo modo que modelam o floco de neve também me moldaram á sua imagem. Nem sei porque estou a escrever isto, mas prontos. No fundo estiveram lá nos momentos mais importantes da minha vida e não é com um post que posso agradecer, sei bem que precisa de ser com mais alguma coisa. Bastante mais.

Deu-me para a pieguice hoje, não há-de ser a primeira vez. Que ficaremos todos nós juntos por muitos anos.

Sunday, August 20, 2006

Simpatia por ti

Vivo na baixa da cidade, um T2 comprado á pressão mal me disseram que tinha sido transferido para aqui. Até que gosto disto, sinto falta das pequenas coisas a que se estava habituado nas pequenas cidades mas a diferença é aceitavel. Não conheço muita gente é verdade, nem sei muito bem se estou mesmo aqui, tudo me parece um sonho tirado de uma tal brincadeira de crianças. Não sabia que empregos destes eram possiveis de atingir, escrevo uma vez por semana para não me aborrecer muito nesta cidade do pecado, vou ao cinema umas duas vezes e o tempo livre é aproveitado em casa sem fazer grande coisa no fundo. Ser-se comissário de uma empresa europeia no outro lado do atlântico até que tem as suas vantagens, lá para quarta feira devo de ter uma reunião, nada de mais basta-me dizer que a produção e as vendas têm aumentado e ninguém me diz nada. Com sorte talvez pessa um motorista, o trânsito chega a ser caotico.

Hoje a semana trocou-me as voltas, uma série de directores a dizerem que afinal estava aqui era a passar umas férias á custa da empresa, inteligentes estes gajos. Hoje cheguei a casa, não tinha nada para comer nem ninguém com quem ir comer fora, resolvi divertir-me sozinho: uma aparelhagem um cd de Rolling Stones e uns paços de danças digno de um doente mental põem-me logo satisfeito. Gosto de dançar quando ninguém está por perto, fazer grandes gestos e imitar Freddie Mercury e Mick Jagger com aquelas poses teatrais. Tenho uma apreço especial pela música "Sympathy for the devil", faz-me ir ao céu e voltar é por causa destas canções que vale a pena abanar as ancas como um doido enquanto se tem um momento de delirio. Peguei num caderno e comecei a escrever umas baboseiras para lá, coisas sem sentido enquanto desenhava grandes conjuntos de três 6 pela página. Continuo o mesmo puto, nunca me passou este "fascinio" pelo 666 ou pelo tipo de cornos que se faz passar por senhor das trevas.

Rio-me que nem um perdido depois de contar mais uma piada para o espelho, faço umas quantas caretas, imito um cantor de rock e rio-me mais uma vez. Deito-me feliz, o sorriso na minha cara é inegável, não o consigo ver mas está lá, permanece lá desde o dia em que nasci. Durantes uns minutos dou umas voltas na cama e o sono tarda em chegar, falo sozinho sobre o que me rodeia: sobre como o apartamente está a precisar de uma nova demão de tinta, como a chuva me pode tornar feliz enquanto tento adormecer, como estou a precisar de comprar um novo par de sapatilhas, continuo a falar sozinho pela noite fora até que finalmente adormeço e está lá, não o posso negar mas no entanto não o vejo.

Acordo a horas menos próprias, já a chuva caía á muito tempo. NY continua a mesma, enquanto tomo o meu café, ou tentiva disso, olho pela janela e vejo como a chuva é reconfortante quando se permanece em casa. A televisão já nem os canais de cabo emite, o sofá tomou agora conta da sala, nunca o tinha julgado tão monstruoso, meu Deus é gigante, tenho que me livrar desse monte de molas e camurça para ver se compro um mais pequeno. Estou aqui há uns quantos meses, deixei de fazer a barba, para quê só saío de casa para dizer que a produção sobe e nesse momento um coitado deve-se esfolar para me informar como as coisas correm. O rapaz esforça-se e quem fica com os louros sou eu, eu é que devia de estar a viver com a minha familia e passar os dias a telefonar a um director estrangeiro a informar como as coisas correm enquanto ele não liga um cú ao que digo. Sou capaz de convidar o rapaz para jantar um dia destes, tirando ele não conheço mais ninguém. Começa a tornar-se aborrecido não conhecer ninguém, no outro dia reparei na vizinha do 2º direito, até que tem o seu charme, é asiatica provavelmente cabeleireira num estaminé qualquer por aí. Não, ele deve de gostar de filmes do Richard Gear e eu não gosto, nunca iria resultar. Apesar de não conhecer ninguém ele permanece lá comigo, não o vejo mas está lá.

A verdade é que gosto de passar os dias aqui fechado, tenho as minhas fantasias de puto e divirto-me, ás vezes penso que sou louco, falo sozinho e rio-me só pela minha figura. Mas que se dane, daqui a uns tempos alguém me há-de encontrar para aqui perdido e vêem que afinal até sou um tipo simpático, não muito extrovertido mas simpático á sua maneira. Só tu me compreendes, não te conheço, nem sei como aqui vies-te parar, no meio de tanta papelada e relatórios de empresas a pedirem o aluno de 20´s para trabalhar tu deves de ter saído de lá, até que gosto de ti, entendemo-nos á nossa maneira. Mas quem serás tu? Serás o meu sorriso ou serás a besta dos cornos, senhor e dono do inferno. Voltei a errar, tu és apena o meu sorriso e a minha loucura juntos num só e tu és eu.

Thursday, August 17, 2006

E agora ninguém fala?

Houve uma altura em que todos diziam que era proíbido deitar foguetes por causa do risco de incêncio, mas a verdade é que durante umas quantas noites seguidas não ouvia mais nada do que dezenas de foguetes a arrebentarem em homenagem ao santo cá da terra - como se ele se importasse com meia duzia de estouros nos céus -. Ontem acordei e pareceu-me que acordei para um mundo novo, quando levanto a persiana do meu quarto deparo-me com chuva em Agosto. Onde já se viu chover em Agosto? Como a minha avó diz: " Eles lá com as experiências andam a dar cabo disto tudo." e será que não tem razão? Com a chuva já não há fogos o que deveria deixar todas as pessoas felizes e agora sim mandarem lá para cima meia dúzia de estouros a celebrarem a chuva e o fim ( temporário ) dos fogos. Mas não, era uma grande desfeita, vamos mas é ter pena das milhares de pessoas que foram de férias para o Algarve e agora em vez de um bronzeado espectacular levam é com uma chuvada de nos interrogarmos.

Não se fala de mais porcaria nenhuma se não do mau tempo, que irá estar mau tempo até Sábado!, meu Deus como isto poderá ser possivel: uma pessoa passar férias e viver em Agosto sem sol?! É sempre a mesma lenga lenga da treta, o que interessa é que chove não é que já não há incendios, quando estes voltarem já ninguém dá um chavo pelos turistas no Algarve. As pessoas gostam mesmo de viverem infelizes não gostam? Eu estou-me a cagar se chove ou faz um calor de fazer inveja aos sudaneses, quero é que me deixem viver em paz, sossegado na minha vidinha e aproveitar as férias, com ou sem sol. Eu sei que todos estes acontecimentos não são normais, nunca pensei que ia chover em Agosto, mas afinal chove, mas não me queixo as pessoas também não são normais. Para pessoas (a)normais um clima (a)normal. Faz-se trinta por uma linha, assassina-se ( palavra forte não é? ) os filhos e netos com a poluição que cada um de nós faz, mas isso não interessa, os outros que se lixem.

Da mesma forma que os jornais só sabem transmitir noticias ridiculas ou então noticias de tragédias, também nós levamos com este clima "alterado" e queixamo-nos por aquilo que não deviamos. Não nos deviamos estar a queixar por o clima estar alterado, deveriamo-nos queixar era quando viamos algum bárbaro a poluir sem razão, deviamos ficar tão irados que lhe davamos um valenta cachaço seguido de um soco á maneira. O problema é mesmo o sufixo "mos", deveriamos, deviamos, havemos, mas nunca e ai de quem se atreva a fazer!, a agir!, a lutar!, a protestar!, porque isso só os idiotas é que fazem. Nem eu devia estar aqui a dar umas quantas de letra, podiamos agir mas não o fazemos porque enquanto estivermos bem toda a gente está bem. Depois quando nós ou os nossos sofrerem na pele os nossos actos vai ser o aí jesuus!!! Ao menos já as televisões têm matéria para fazer grandes escandalos.

Mas assim é que vai ser bom, as pessoas gostam de ser infelizes, comem e respiram a morte da menina de não sei quantos anos que passou na RTP, vivem o drama da Floribella ( quem? ), bebem o medo que as televisões impõem e vivem aterrorizadas com assaltos, roubos, violações mas ninguém bebe, come, vive ou dorme os verdadeiros problemas da sociedade como a passividade, como a poluição, como a indiferença, para quê dá demasiado trabalho!! Vive-se no mundinho do bicho papão em que não se pode abrir a boca e livamos com um petardo americano ou muçulmano em cima, não se pode criticar a sociade que somos nós que vivemos no mundo do medo. Será que é mesmo assim?! E quem seremos nós?! Será que só serei eu?! A jeitos o nós sou capaz de ser só eu, eu a viver num mundo de terror em que a fome, a poluição, a guerra, o revoltamento contra a sociedade dita liberal, sou só eu que diz "Que se danem os assaltos, quero lá saber", enquanto todos abrem a boca a dizerem o quão louco eu sou.

Monday, August 14, 2006

Um crónica á minha maneira

Já não devo de escrever há uns quantos tempos, houve uma altura em que escrevia todos os dias, precisava daquilo, precisava de escrever todos os dias para melhorar a forma como escrevo. Agora sem perceber muito bem o porquê fiquei sem vontade de ler ou escrever durante uma semana e tal, é bastante compreensivel visto que andava cansado de só fazer e pensar nisto. Afastei durante uns dias, precisava de me afastar disto para criar uma certa saudade que me permitisse mais tarde continuar com os textos de forma natural. Ainda não me asseguro que esta saudade tenha sido correctamente formentada, mas hoje quando acordei lembrei-me que deveria de actualizar isto. Com ou sem saudade escrevo de novo, sem ter a certeza se de facto vai ser um bom texto ou não, mas também para que raio isso interessa?

Eu sei porque me cansei, porque ultimamente os textos que escrevia para serem publicados moiam-me a cabeça, fazia dois e três textos e não gostava de nenhum. Comecei a fazer trabalho disto, o que no fundo até me agrada porque se torna uma forma de me motivar, mas claro que continua a ser cansativo. Continua a ser cansativo como as noticias nos jornais, continua a ser cansativo como quando se acorda, continua a ser cansativo como quando vivemos todos numa rotina. Não gosto de nenhuma das três que escrevi, mas não tenho outra paciência se não atura-las. Escrever tornou-se desta mesma forma cansativo, hoje para fugir a esta rotina que criei vou escrever algo que gosto, sem dar importância a como o texto está escrito ou se está um bom ou mau texto.

Agora que volto a escrever desta maneira ainda me lembro da primeira vez que comecei a escrever por gosto: foi curiosamente num blog, uma coisa fraquinha em que tentava desesperadamente ter alguma piada. Passado pouco tempo fartei-me daquilo, porque não tinha visitas - sendo isso normal em iniciantes nestas paragens, se não tens visitas tens um blog de merda, quando na realidade não quer dizer nada -, mais tarde passado uns quantos meses voltei a criar um blog, desta vez uma coisa apresentavel, escrita séria e tentava sempre escrever de forma correcta sem usar calúnias ou calão. Gostava desse blog, O Código 22, era assim que se chamava, teve uns seis meses de existência até eu me cansar dele. Depois descancei, afastei-me da blogosfera por uns tempos para regressar com este novo projecto. É certo que já não me dá aquele entusiasmo do que me dava o Código, verdade seja dita, mas vou tentar que este tenha um tempo de vida mais longo, não seis meses, mais do que isso!! Pode ser uma coisa mais pausada e não uma corrida desenfreada á procura de novos textos para publicar dia sim, dia não. Um por semana chega perfeitamente, cria o equilibrio necessário.

No entato não foi com os blogs que eu notei o meu talento para isto ( será que tenho algum talento para isto?! ), num certo teste, num certo colégio de freiras, uma professora de português disse-me que eu e outro meu colega escreviamos muito bem e nós todos contentes exibiamos pomposamente os textos ao resto da turma. Não estando certo das palavras dela não a vou parafrasear, mas vou qualquer do género: "As vossas composições estão muito boas, têm muito jeito para isto, um dia ainda vão ser escritores". Agora que escrevi isto tenho a impressão que ela disse aquilo de ser escritor em tom de brincadeira, mas eu era apenas um míudo e fui na conversa, nesses tempos gostava de escrever mas não por gosto, por gosto não - dava demasiado trabalho.

O que é certo é que passado pouco mais de meia década desse episódio, eu agora procura as palavras dessa professora "...ainda vão ser escritores!", ao longo do tempo o puro significado de ser escritor deve-se ter perdido no meio das memórias das férias no Algarve, de jogos de futebol, de outros sonhos, de tanta coisa.... agora que não faço a minima ideia onde posso encontrar essa parte de mim no meio de tanta coisa continuo para aqui a escrever os meus textos, fazendo o mesmo de quando era puto, a sonhar. Neste momento esse significado deve estar escondido, muito escondido mas aos poucos e poucos vem saíndo cá para fora, enquanto outros professores de português dizem - "Não sabes escrever?! Não se utiliza reticências e aspas a meio de um texto, quem foi o estupido que te ensinou a escrever assim?" - este sonho meio adormecido, meio acordado começa a vir ao de cima. Muito devagar é certo, mas começa a tornar-se um bocadinho de realidade.

Enquanto este sonho não acorda definitivamente, eu acabei de escrever das crónicas mais egocêntricas que poderia escrever, visto que sou eu do principio ao fim. Sim isto foi mesmo isso, uma crónica egocêntrica, sempre eu da primeira á ultima linha e um texto escrito da forma que eu quis. Mas também que se dane, este texto bom ou mau fica aqui, para todos presenciarem o quão egocentrico consigo ser....

Thursday, August 10, 2006

You have been Thunderstruck!!



Bem fica aqui mais um video, desta feita dos AC/DC, uma banda que todos deviam de ouvir! Só para não terem que levar com outro texto e realmente poupa-me trabalho, só para descomprimir ao som de Thunderstruck!!

Monday, August 07, 2006

Ilusões 1

Hoje acordo, continuo cheio de sono á mesma, mas acordo. Levanto-me e ainda visito o computador por uns momentos, re-leio o texto por uma vez ( coisa que agora estou a costumar fazer ) e não gosto dele, apago-o e começo outro texto de raíz. Foi assim que começou o meu dia, não gostei do texto, então se não gostei toca de apaga-lo! Á minha volta está tudo uma confusão pegada, a calculadora empilha-se em cima de cadernos e capas de DVD, óculos de sol e garrafas de soro fisiológico partilham o espaço. Mas no meio disto tudo quem continua senhor dos seus reinos é mesmo a máquina, intocável!, domina toda a secretária relegando para segundo plano os retratos da familia em tempos orgulhosamente expostos nesta mesma secretária.

Canetas, papeis, bocados de borracha que já fez o seu papel, montes de cd´s, e aqui permaneço eu. Perco os dias todos assim, de vez em quando coloco um DVD na televisão só mesmo para entreter. Perco dias assim, fechado no meu quarto, no meu apartamento em que sou o único ser vivo. Já não conheço a sala, já não de que cor são as paredes, só saíu quando vou comer qualquer coisa alí ao "Café Signora di Roma", saíu de casa e nem dou pelas cores das paredes e entro em casa com a mesma pressa. Os nós dos dedos já me doem de tanto escrever, a porcaria da caneta está a atrofiarme os dedos todos, papeis e papeis e muitos mais papeis diambulam pelo chão do quarto á medida que eu os piso sem lhes dar importância.

Há quase treze meses que a minha vida é esta, o primeiro livro ainda esteve bastante bem, cheguei a ser convidado para uma comissão cultural de uma terreola qualquer, onde estavam expostos cartazes com a minha cara e dizia Pedro Vilela. Já me deixei de isso á muito tempo, se me lembra-se como está a minha cara desenhada já não a deveria identificar como sendo o meu rosto. Há treze meses que estou aqui, perdi meses neste livro e nada me tem vindo á cabeça, começo a escrever o primeiro, o segundo, o terceiro capítulo, quando chego ao terceiro recomeço a ler os outros e não gosto de nada do que acabei de escrever, não têm outro remédio se não serem rasgados ou simplesmente abandonados pelo chão.

Vive-se longe do nosso país e não temos muito mais se não nós próprios, eu enclausurei-me neste apartamente e raramente saíu dele. Os primeiros três meses foram gastos só quase a pensar no que iria escrever, como, quem e onde; os outros nove foi a tentar escrever, a tentar alinhar as ideias. Numa ocasião consegui chegar até ao décimo capítulo, mas quando comecei a ler o dito fiquei furioso, não gostava do que ali estava!, desperdicei dois meses numa porcaria que agora anda a varrer o chão. Como esse agora já há muitos mais, quando me acontecem esses momentos de fúria para com os meus textos, paro de escrever durante uns dois dias, saíu de casa para ir andar pela cidade um bocado, bebo uns cafés. Mesmo assim quando estou na esplanada só penso na porcaria do livro, olho á minha volta e penso que tudo pode ser uma ideia para o livro. Há dias em que estou cá fora, a tentar espairecer das folhas e do cheiro a tinta, e quando olho para uma estátua, para qualquer detalhe que nunca antes tinha reparado, corro para casa, pego frenéticamente em folhas de papel numa qualquer caneta e começo a escrever sem pensar na próxima palavra.

Hoje parei mais uma vez de escrever, depois de tanto tempo, parece-me que cheguei a uma fase do livro em que faltam umas poucas páginas para a sua finalização. Parei de escrever, porque sei que me basta uma porcaria de uma letra para deitar tudo a perder. Os trezes meses, foram treze meses sem frustrações em que levei o livro até onde ele chegou hoje, os outros oito meses foram esquecidos apenas restam as recordações de folhas a varrerem o chão. Parei de escrever para ter a certeza de que vou escrever a seguir irá ser algo realmente bom, para acabar o livro em beleza. Depois de todo este tempo, talvez consiga mesmo ir para as bancas e volto eu a andar de um lado para o outro a promover o meu novo livro. Saío de Roma e volto para Portugal para descançar por um bocado, aí uns seis a doze meses de descanço, para voltar a mais um ano e tal de loucura e isolamento do restante mundo.

Acho que vou continuar a escrever, acho que sim, também é a única coisa em condições que sei fazer. Vou parar de pensar e voltar a escrever, estou morto para acabar este livro já não o aturo mais. Só quero que andem todos contentes com ele debaixo do braço enquanto eu tomo o meu café na paz dos deuses, sem ter que pensar em livros, em cadernos esfarelados, em cheiro a tinta nem a nada disso.

Wednesday, August 02, 2006

As nossas guerras

Hoje em dia as pessoas não têm grande noção daquilo que fazem, e sinceramente isso mexe com o meu sistema nervoso. As pessoas nos dias que correm não querem saber da gravidade que as suas acções podem estar a causar, querem é ter razão não podem encolher os ombros e admitir o erro, primeiro é preciso um infindável número de ofensas e represálias ditas da boca para fora. Deve de ser por não saberem o que é ordem e respeito. Eu levo com estas criaturas todos os dias e ouço as suas bocas: "Eu sou melhor que...bla bla bla", "Eu isto, tu aquilo bla bla bla".

Desta vez fiquei chateado a sério, talvez por desta vez me ter tocado a mim. Eu não entendo muito bem isto, é que agora na sociedade moderna uns discriminam os outros, fazem trinta por uma linha e fazem tudo o que puderem para arruinar a vida deles e o papel dos outros no fundo é encolher os ombros e não dar importância? Que bonita sociedade em que vivemos, gostava de saber se no tempo dos antigos gregos era assim, provávelmente também seria. Tal como no conflito israelo-arabe, em que uns encolhem os ombros e os outro ofendem-nos forte e feio, também a vida em sociedade se assemelha a isto.

Não gosto daqueles que se julgam muito grandes e no fundo não são nada, eu também não sou ninguém para estar aqui a escrever isto mas ao menos faço algo de útil, como já disse prefiro fazer a minha vidinha em paz, encolher umas vezes os ombros e seguir em frente, mas ás vezes surgem guerras incontornáveis. Guerras tal como eu tenho com a escrita, não se pode chamar muito guerrra vivemos mais uma paz-podre, ás vezes eu ataco-a e ela deixa-me escrever uns textos em condições, outras vezes ela ataca-me e também eu encolho os ombros e não saí nada de jeito. Provavelmente é por isso que não gosto do que escrevo, acabo de escrever e normalmente não releio o que acabei de escrever, pois são poucas as vezes que algo como ler o que escrevi me dá prazer.

Louvado seja Lobo Antunes, se não fosse ele ( meu aliado de confiança contra o temperamento da escrita ) muitas batalhas tinha perdido. Os leitores no geral, não compreendem o que leva a escrever: não é divertimento, não é trabalho, não é nada do que possam imaginar, o que leva uma pessoa comum a escrever. Quando se escreve é mais do que puro prazer torna-se quase um dever, porque sabemos que escrevemos bem e por um lado era um egoismo total não partilhar-mos o toque da escrita com outras pessoas. Eu sou um bocadinho assim, não gosto que as pessoas leiam tudo o que eu escrevo, isto é um principio básico, os textos que escrevo aqui para o "publico" são escritos no momento, não pego no meu caderno de escrita e passo-os simplesmente para aqui.

Isso é uma coisa que detesto fazer, cada texto tem a sua identidade, não posso escrever um texto no dia anterior a pensar que vou publicá-lo no dia seguinte no blog, não posso! Cada texto tem a sua alma, tem o seu momento, tem a sua imagem, não podemos pedir que um texto mude de alma, de identidade e de imagem para agradar ás pessoas. Provavelmente a maioria dos textos escritos naquele caderno de capa preta só irão ser lidos mesmo por mim, quer dizer, não vão ser lidos por ninguém visto que eu não re-leio os meus textos. Não são textos infelizes, são textos timidos, texto que a sua personalidade não foi feita para se depararem com leitores a lerem-nos através de ecrãs, nunca foi a intenção deles.

Apesar de tudo gosto da minha relação paradigmática entre texto e escritor, gosto! Ás vezes dou voltas e voltas á cabeça para tentar encontrar lá para o meio uma folha de papel em branco que posso dar uma boa ideia, é como jogar na lotaria: nunca sabemos o que nos vai saír. Mas mesmo assim não é por divertimento é quase um dever.