Thursday, April 30, 2009

Cigarros, cães e metros

Hoje, seriam 7.50 da manhã, na estação de metro um homenzinho passeava o seu cão de 10 cm, fielmente atado ao cinto, com um cigarro aceso numa mão, a outra a gesticular no ar. "Mas puta que pariu porque não posso eu fumar na estação do metro? Tanto ar, tanto ar, para quê? Ele que mande o segurança, fodo-o já. Ai vou fumar vou, vou fumar!". Entrou dentro da carruagem de metro a fumar e com o cão miniatura a passea-lo. Sempre podia ser pior, podia-se ter queimado ao acender o cigarro ou ter-se atirado para a linha do metro. No final, sim, tive que sorrir...

Monday, April 27, 2009

Pandemias, mais uma

Tenham cuidado, vem ai a gripe suina, que não é senão uma forma chique de dizer a gripe dos porcos vem-nos matar a todos. Primeiro eram as vacas loucas, ainda cá estamos. Depois era a gripe das aves, ainda ca estamos. Será que vão ser os porcos que nos vão levar de vez? Protejam-se, não saíam de casa e não entrem em pânico, enquanto vêm noticias de pânico. Os porcos... o triunfo dos porcos bem disse Orwell. AHAHAH

Tuesday, April 21, 2009

Versao 0.4 over

Desculpem pessoal, a vida acabou de começar e não há volta atrás. ;)

Friday, April 17, 2009

Pragmatismos maldosos

300 canais de telivisão, a vida é absorvida a cada clique do comando, a vida deixa de existir é substituida pela doença que irá matar metade da população mundial, pelo terrorismo, pela ficção, pela crise e pela desgraça mundial. Se algo hoje me preocupa não é a ameaça do terrorismo, preocupa-me mais o novo pacote de 300 canais, a nova promoção telefónica ou a época de saldos. As pessoas tornaram-se brutalmente grostescas para com as outras, deixaram de saber o que é ser humano, procuram a perfeição na nova peça de mobilia, no novo casaco e não vêem que acabam por se tornar um passo mais próximos da selvajaria animal que é constantemente negada. O cómico é que não existe nada para além da estupidificação do momento, a mente em branco, um zuuuum permanente que percorre o crânio, o nada... Tudo perdeu o significado, até a própria existência perdeu significado. Estupidificação momentânea, desistência geral, perca total.

Conheço um Van Gogh, um Pelé ou o Elvis, aliás os seus possiveis sucessores. Um poderia ter sido o próximo Van Gogh, mas sem a parte da orelha cortada, outros o Pelé e outros qualquer comparação aberrante que queiram fazer com uma figura histórica. Contudo, perderam-se no caminho, a estupidificação elimina o prazer do sacrificio. Sem dor, sem sacrificio e muito provavelmente sem medo, nunca nada se alcançou. A estupidificação dos 300 canais é tal que a única coisa que procuram é o próximo comprido mágico que os transforme na versão melhorada que querem ser. Conhecem o caminho, mas mal começam a sentir o cansaço, a dor que será necessária para ultrapassar o desafio, logo desistem. Falso cadafalso de ilusão, que os guia à auto-destruição suicida.

A realidade mais forte vence, mas todos os vencedores tiveram que por na linha de fogo a sua cabeça a prémio, porque o resultado mais não é do que a evolução que se obteve através da experiência. A realidade não é a mesma, eu não vejo a realidade como a via à dois segundos atrás, está em constante mudança e como ela também deverão de estar os nossos sentidos para que possamos evoluir continuamente até à perfeição. O último estádio de desenvolvimento que se possa atingir, é a morte. A morte é a última evolução.

No mundo perfeito, trepadeiras cobriam os imponentes edificios, os autocarros apodreciam abandonados servindo de habitat a veados e esquilos, àguias reais sobrevoavam os céus e as florestas expandem-se sobre as cidades magnificamente sujas de outrora. O rio corria com a água cristalina até chegar em sucessivas cascatas até ao oceano, onde peixes sobem rio acima na incessante luta da desova, e onde mulheres lavam as roupas na àgua transparente. Os homens sobem às árvores, cultivam alimentos e constroem casas de madeira com tectos de ramos de palmeiras. As crianças brincam, sujas e descalças pelo chão, não há nada que alguma vez as possa ferir. Todos andam nús, não há tabboos, condicionamento social, iguais numa terra de iguais. Os jovens juntam-se como em matilhas de lobos e juntos numa demonstração de irmandade masculina correm pela praia pelo divertimento, as jovens raparigas contam histórias umas às outras, penteiam-se e percebem a verdadeira natureza. Não há segundas intenções, não há nada a não ser irmandade e fraternidade entre todos. Poderemos chamar a esta realidade, Neo-Apocalyptico Matrix.

Nunca se saiu de nenhuma luta sem feridas, mas os verdadeiros são os que sorriem ao serem derrotados.

Saturday, April 04, 2009

Evangelho Segundo: Reflexos de sonhos

Uma pomba voa no ar, no nosso pensamento bate as asas ao ritmo em que as conchas brancas como o marfim se vão soltando da minha mão. As penas caíem como uma chuva de salvação que nos limpará do que somos. Atiro os ossos para a mesa e forma-se uma constelação de conchas e ossos, brancos e salvos. Que sabor é este? Ah, o sabor dos lábios cortados, do sangue que passa por entre os dentes, o som do vento que me circunda, a luz fraca das velas que me protege do escuro. O frasco do veneno, vou-lhe chegar um fósforo, vai arder com o conhecimento, com o matrix que passei a ver. Olho para o espelho, a imagem distorcidamente perfeita do que sou, da realidade que o tempo e o espaço ocultam, é uma outra realidade, uma outra mentira. Olho penetrantemente nos meus próprios olhos, vejo o sangue a escorrer por entre os dentes, vejo a chama vermelha que arde, o veneno que se evapora numa nuvem tóxica de fumo, os ossos, as conchas, as penas perfeitamente brancas. É uma realidade diferente, uma criação perfeita de uma bola de cristal. Os sonhos que desaparecem e com eles nasce este matrix sufocante. Os sonhos, que perderam cor até se tornarem a preto e branco, até nada serem senão mentiras perfeitamente criadas pela minha mente.

Uma explosão, rio, porque o sonho tornou-se realidade. Um extâse da realidade que a ninguém pertence, sou o que vejo do mundo, sou o que o espelho partido me deixa ver, deixei de ser o que fizeram de mim. Mas, os sonhos, esses perderam-se a partir do momento em que a cara ficou enterrada na areia, em que os cabelos foram acariciados pela espuma da água, em que o corpo inerte foi perdido por entre a marcação das vidas separadas. O pôr do sol só me conquistou pela beleza com que me perdeu por entre a imensidão do desconhecido, até desaparecer, até ficar escuro e finalmente até sonhar a preto e branco. O silêncio, ouves o vento perscrutar por entre as cearas douradas pelo corpo, pelo meu corpo, onde estarei? Oh, estou a dormir, ligado ao matrix do qual nunca escaparei. Sei demasiado, e com o conhecimento estou destinado a percorrer o caminho que eu construo. A realidade reflectida pelo espelho é a real, é a com a qual me regozijo e com a qual me auto-destruo. Chorarei lágrimas de sangre, quando vejo o que mais ninguém vê, é o poder que um só homem carrega, um poder sobre-humano que ninguém deveria de conhecer.

Vês a realidade do matrix, o que os outros são e nem sabem, o que os outros sabem, os segredos mais profundos e os seus pontos fracos. O futuro tal como ele era morreu, um maravilhoso mundo nasce aos nossos olhos, em que as flores morrem e depois nascem, em que os guerreiros choram as perdas e os anjos lutam, em que os sonhos são a realidade e em que a realidade são os sonhos, os espelhos são o real e tu és um reflexo, o sangue escorre e depois volta a fechar-se sobre ti, em que os mortos falam e te contam os seus segredos, pedem-te para os matares, já não aguentam mais e fazem-te levar à loucura.

Aaah, o sangue a percorrer os lábios, um sorriso, os olhos aguçados fecham-se, os punhos cerram-se e perdes-te a mente, perdes-te a realidade, deixas-te de ser o que os outros fizeram de ti. Sou livre! O impacto do corpo que se arranca a uma velocidade vertiginosa do chão das cearas, que acelera por entre a escuridão da profundidade, os sonhos a preto e branco, o matrix é real, um vortex transcendental que te eleva à categoria de deus, somos expulsos da profundidade das espumas oceânicas e somos projectados até ao ar, pairamos. Um grito, aliás um rugido enorme é expulso da minha boca e percorre o ar. Levitamos no ar. Encontro-me no paralax da existência, o corpo treme, sou cuspido, volto inerte á beira mar, regresso a estar em frente ao espelho e este reconstroí-se. Agora vejo quem sou, bebo o veneno e sei quem sou, não o que me fizeram, mas o que sou na profundidade do matrix, dos sonhos a preto e branco e do reflexo do espelho.

"Nós somos aquilo que queremos ser, não o que fizeram de nós, aquilo com que sonhamos transporta-nos a realidades inatingiveis" - Edward Kariansky

Wednesday, April 01, 2009

Meditação guiada

"Sem dor, sem sacrificio nada teriamos" - Fight Club