Friday, February 23, 2007

Pensamentos

Chego finalmente á noite de sexta, o que significa duas coisas: 1º- chegaram dois dias de descanço, 2º- estou cansado. Já não me lembro quando deixei de ter paciência para arrumar o quarto, na estante o modem é um siamês da webcam, caixa dos óculos ( que por acaso se encontram turvos devido á sujidade ), telemovel, cordões de sapatilhas, papeis, cd´s de música, cadernos abertos e cheios de borracha verde amontoam-se. Em cima do caderno jaze Eco, e o "Nome da Rosa", ele que me desculpe mas não vou pegar no seu incrivel romance, não hoje pelo menos.

Foram dois dias, é verdade, mas durante a semana não dormi, porque fiquei agarrado ás respectivas páginas e daí o meu cansaço. Recosto-me na cadeira e sem grande vontade de falar com quem quer que seja, ouço música. Isto não é nada, porque afinal deveriamos de ter recompensas, mas não a temos, por isso é que considero que Deus quando criou o mundo deveria de ter incapacitado o ser humano de tanto proveito próprio. No estado em que estou não me asseguro quem tenha de facto criado isto tudo, porque olhando para a vida continuo a não percebe-la muito bem, porque afinal gosto de tentar entender o sentido de tudo isto. Mas, sinceramente só o poderei saber quando fechar os olhos permanentemente e aí já não poderei voltar para encaixar todas as peças no puzzle.

A aula de português é aquilo a que eu gosto de chamar, a minha hora e meia de experiência fora do corpo, durante aquele tempo não perguntem pelo João, pois dúvido sériamente que ele esteja lá. Abro a janela e durante todo aquele tempo, que sempre me parece uma eternidade, observo os putos a passarem a caminho das aulas, ouço os pássaros a cantarem e não me queiram comparar aquele canto tão belo aos nefastos cantos de Camões, que a criatura lá na frente vai recitando pomposamente. As ervas esvoaçam a tentarem-se libertar da terra que as aprisiona e eu com o pensamento muito vago nem sei onde estou, porque tanto penso o que estará aquele canto do passaro a dizer-me, - ele estava a tentar dizer-me alguma coisa, senão qual seria a sua razão para repetir tanta vez aqueles agudos? - como penso que ainda vou ter que levar em cima com mais meia hora de lirica camoniana. Talvez eu não dê o devido valor aos anos que passo naquela escola, todos dizem que eu tenho boa vida e pergunto-me se assim será, porque se aquele mundo dentro das grades já é insano por natureza, e eu não considero tão mau quanto isso a vida lá fora, será que eu estou apenas a viver no meu mundo? É bem provável. Porque afinal quantos mundo poderão haver?

Para mim há o meu, se os outros tem o mundo deles? Não sei e não me interessa saber, para que me interessa a vida dos outros, desde que chegue a uma sexta cansado e com o cerebro numa pasta liquefeita já não é muito mau. Não, estou a falar a sério! O mundo nunca é o mesmo para duas pessoas diferentes, porque as pessoas pensam de forma diferente logo o mundo não é igual, talvez semelhante. O meu é melhor que o vosso? Com certeza, porque é meu e logo é melhor, espero é que pensem da mesma forma.

Para começar a música não é adequada ao meu estado de espirito, mas vejam bem, para quê mudar?, espero simplesmente que passe para a faixa seguinte. Como eu disse, vem sempre uma música melhor a seguir. As aulas de português só entende aquilo quem tiver neurónios a menos, porque quem tem dois palmos de juízo na testa sabe que só saíem tretas da bocarra da senhora, ou devo dizer senhor? Não interessa, nunca gostei muito dele, ou dela, tanto faz. Mas a sério, vocês entendem, é que eu não. Fazendo um rewind no tempo e voltando á realidade, acabou de passar um apitar daqueles que os telemoveis fazem pelas colunas, não abro os olhos, eu não recebo mensegens, talvez o vizinho tenha mais sorte. Vou tentando voltar aos pensamentos, mas tornou-se óbvio que é difícil, porque o pó acumulado no topo do ecrã é deveras espesso, alguém o há-de limpar e não serei eu. Bocejo repetidamente, e parece-me que o sono se apodera de mim, mau dia para se ter ideias para começar um livro, fica para a semana se foda, ninguém repara nisso. Os editores se realmente querem aquele pedaço de esterco compactado em 300 páginas esperam, só não quero é que me chateiem muito, isso torna-se aborrecido porque sinto pressão e habituado ás ficções norte-americanas, sob stress preciso de ver 10 horas de televisão por dia para descompressar.

Será que o passado das aulas de português me realmente me afecta? Provavelmente sim, vou ter que descobrir a morada da senhor(a) e mandar-lhe umas florzinhas, talvez adormeça os demónios daquelas horas a ouvir a merda dos pássaros a cantar. ( Pensamento interrompido ). Fodasse! Cortou-me mesmo a linha de pensamento, vou mas é ver televisão portuguesa, não sou incumbido de pensar, a minha meia hora de pensamento está feito, agora já não me calam os intelectuais. A Flor sempre se casou?

Wednesday, February 21, 2007

Arte de varetas

Existe algo que desde puto me fascinou, eram os marretas. Não me interessava que fossem no programa do Sapo Cocas, ou se fosse na Rua Sésamo, a verdade é que sempre fui um verdadeiro fã dos bonecos ocos e movidos por varetas.
Com o passar dos anos re-direccionei esta "paixão" para outros caminhos. Aqui fica um trabalho feito por uns jovens com marretas, mas digamos que numa versão mais moderna e mais teenager. Está não só genial como é uma das obras primas feitas com estes bonecos! ;)

Sunday, February 18, 2007

Cultura de casa de banho, outra vez

Para quem não sabe o famoso escritor, Dan Brown, tem cancelado a pubicação do seu mais recente trabalho, de nome "A chave de Salomão". O mundo editorial tem andado todo num grande alvoroço, pois questionam-se para quando este, já apelidado de best-seller, irá saír para as bancas. Desde 2004 que o mundo dos livros mais não tem para oferecer aos leitores do que histórias de mistérios e ordens religiosas milenares. Pergunto-me o porquê de tanto fascinio á volta deste tipo de leitura, Dan Brown quando publicou o Código DaVinci, com certeza que não esperava o número de vendas que conseguiu atingir. Depois desta "obra prima", milhares de escritores pelo mundo fora, menos dotados em imaginação seguiram as passados do norte-americano e em busca de dinheiro e sucesso lançaram-se á descoberta de novos mistérios seculares. E, diga-se que grande parte destes livros vendem que se farta, portanto estes escritores apesar de não serem muito imaginativos até que são inteligentes.

Quando primeiro li o Código DaVinci também o considerei um dos melhores livros que já tinha lido, a sua sequela "Anjos e Demónios", também foi um livro que me causou grande excitação, mas já começava a suspeitar de algo. Quando li "A Conspiração" e a "Forteleza Digital" já não houve a revelação choque no fim e tudo se tornou bastante previsivel. Sinceramente não posso considerar Dan Brown como um grande escritor, posso considera-lo sim um grande psicologo pois faz-nos pensar da maneira que ele quer, usando sempre a mesma formúla em todos os livros. Dan Brown possuí todo o mérito do mundo por ter chegado ao patamar que muitos poucos conseguem atingir, contudo a sua escrita, os seus capitulos de duas páginas, os seus truques para deixar o leitor na expectativa, não são mais do que uma psicologia muito bem estudada. Se analisarmos bem as histórias dos quatro livros, depressa chegamos a um ponto em comum entre todos: quem pensavamos ser o assassino não é ele, mas é aquele que mais longe dessa hipotese estava. Esta formúla é repetida vezes sem conta para termos sempre uma grande surpresa no final do livro. Mas se analisarmos ainda em mais profundidade o que acontece é isto:

"Existe um bom da fita, contudo começamos a suspeitar dele. Existe uma personagem secundária, que apesar de ser uma possibilidade para a resolução do mistério pensamos estar longe da equação final. Com o correr da história, aparece o gajo mau que só lhes inferniza a vida. Tendo estas três personagens chega-se a uma solução: o bonzinho acaba por ser afastado, a personagem secundária que apesar de ser muito boazinha no final é ele o verdadeiro vilão ( Surpresa!!! ) e o gajo mau acaba por morrer." Dan Brown repete esta formula em todos os seus livros, eu ao terceiro livro consegui prever o final e deixou de existir uma grande surpresa a partir desse momento.

Mas a que o mundo literário neste momento está preso é a histórias da conspiração, biografias para ler na casa de banho e a meia dúzia de famosos que pensam serem escritores. O problema é que estas histórias de assassanios, Santo Grall, Jesus e Marias Madalenas já começa a enjoar, porque no fundo vai sempre dar tudo ao mesmo. Ainda para mais, surgem sempre aqueles livros: "A pétala da rosa, descodificado", ou seja, são aqueles livros que aproveitam para chupar dinheiro ao consumidor ao fazê-lo passar por muito burro, já que precisa de um manual para perceber um livro. Mas claro que estes livros são tão vendidos por uma razão, para começar nós compramos tudo o que tenha a haver com mistério, porque estupidamente consideramos que devemos saber sempre mais, pena que acabam induzidos em mentira. Depois as campanhas de publicidade têm um fim. Depois tudo o que é polémico tem que ser obrigatóriamente bom.

Estes livros normalmente não têm qualquer conteudo e por isso é mais uma dose da cultura de casa de banho que nós tanto gostamos. Livros feitos unicamente para vender. Chateia-me até certo ponto, toda a gente conhecer os livros de Dan Brown e até se poder ter uma discussãozinha agradavel á volta disto, mas quando tento falar de livros de Eco, Steinbeck, Orwell, Huxley, Dostoevsky e outros tantos, fico a falar para as paredes. Sinceramente, tentando ter uma visão lúcida do futuro, penso que aquela frase imortalizada por mim: "Ler é cada vez mais um acto heroíco" é a máxima aplicada a esta situação. Mas, a grande verdade é que aqueles que leêm por puro prazer e livros fora de moda é que são uns verdadeiros heroís em vias de extinção.

Friday, February 16, 2007

Um dia da semana

Hoje para quebrar a monotonia a que a vida normalmente está circunscrita o sô dotor da escola Secundária de Ermesinde resolveu presentear os seus aluno com um desfile de Carnaval. Eu nem que gosto muito do Álvaro, mas sempre foi uma forma de não haver aulas. Resultado? O melhor dia da semana, estou cansado e sem ideias para escrever.

Para onde terão ido estas ideias? Talvez a palhaçada do desfile as tenha levado. E por falar nisto, hoje perguntaram-me: " Vais participar no desfile?". Eu fiz o milagre de conseguir pensar muito em pouco tempo, a resposta que me veio á cabeça foi "Claro que não, eu nunca tinha coragem de fazer aquelas figuras, dá demasiado nas vistas."
Mas claro que a verdadeira resposta foi outra, "Mas tu estás estupido? Só subia para aquele palco com uma garrafa de whisky em cima. Deves de pensar que a minha vida é fazer palhaçadas para seres feliz, não?"

Pensamento do dia: "Duas horas e meia em pé, com os rins a pedirem por água e não se poder saír do lugar é bastante constrangedor.

Wednesday, February 14, 2007

Realidade



Tudo o que possas imaginar é realidade

Pablo Picasso

Monday, February 12, 2007

Vamos improvisar

Era noite escura, a estrada estava deserta e dos seus lados surgia uma planicíe estéril que nada de apelativo apresentava. Ao contrário do que se poderia pensar, na parte de fora o ar era gélido, e os poucos centimetros de vidro, separavam o frio desértico do calor ,que o ar condicionado expelia aos soluços. Conduzia, as suas mão poderiam ser fácilmente confundidas com as mãos de um morto, devido á dificuldade que o sangue tinha em irrigar aquela extremidade do corpo. Podia compreender, que o seu casaco não oferecia grande protecção contra o frio agreste, mesmo tendo a solfagem no máximo. Ao seu lado, enroscada sobre o próprio corpo, coberta por um cobertor velho, que por sinal as traças já tinham feito alguns buracos, encontrava-se a sua namorada. ( Não me perguntem pelo nome deles, que os minutos em que os observei, nunca pronunciaram o nome um do outro ) . Não dava sinais de acordar, em alguns momentos podia-se ver que um sono bastante leve tomava conta dela, pois sempre que o carro sofria algum solavanco, devido ao mau estado da estrada, abria ligeiramente os olhos mas muito rapidamente os voltava a cerrar.

O vidro embaciava constantemente, a visão da estrada não era das melhores. Agora a planicie começava a desaparecer atrás deles, começavam a surgir algumas colinas que obviamente teriam que recortar. Sinceramente, no momento em que os observava, não me deram um prazer especial, não falavam, o que fazia com que fosse perdendo o interesse naquela visão a cada segundo que passasse. Tinha uma atenção especial nela, era bonita, tinha uns cabelos castanho-claro, algumas rastas pediam-lhe pela cabeça abaixo e apresentava um rosto bastante simpático. Ele para além da barba por fazer apresentava um aspecto um tanto desmanzelado, o que me fez perguntar o que andava uma rapariga como ela a fazer no mesmo carro que ele.

Ela finalmente acordou no momento em que iniciavam o percurso entre as montanhas rochosas, que não davam sinais de qualquer forma de vida ali existente. De um lado era a rocha sólida e concreta, do seu lado esquerdo pendia o precipicio que se unia com a planície lá em baixo. Quando ela acordou pude reparar, que a beleza que parecia ostentar era de facto veridica e não um truque furtuíto do meu sono. Endireitou-se no banco, enroscou-se mais um pouco no cobertor velho. Daquele ponto alto podia-se começar a vislumbrar os primeiros raios solares do novo dia. Não falavam, apenas escutavam a música que saía das colunas do carro. Era música jazz, se não estou a caír na tentação do erro, mas pareceu-me que também surgia por aqui e por ali uns sons mais emos.

Finalmente falaram:
-Dormis-te bem? - perguntou ele, com uma voz que mostrava a clara carência de horas de sono.
Ela mais não fez se não afirmar com a cabeça um sim e proferir entre lábios cerrados um "hm hm".
-Ainda falta bastante para a viagem acabar, do ponto do mid-west de que viemos até Los Angles ainda é um bom bocado. - Suspirou, e olhou para o ponteiro que marcava a gasolina ainda disponível e então prosseguio. - Umas três horas.
Ela não respondeu, ele que como já o referi, parecia evidentemente tocado pelo sono, também não fez por dar continuação á conversa. Passou mais umas poucas música na rádio, o sol neste momento já ia alto, ela acendeu um cigarro e o carro depressa ficou absorto dentro de todo o fumo expelido pelo tabaco a ser queimado.
-Porque estás a fazer isto?
-A fazer isto o quê? - perguntou ele
- Esta conversa de ocasião, sabes bem que não quero falar contigo e só continuo aqui até chegarmos a L.A.
-É esse o prémio que me dás por estar a conduzir á 14 horas e ter levado de uma ponta até há outra do país? Grande consideração.
-Ouve! Eu não me interesso mais por ti, só não saío aqui porque estamos no meio do nada. - disse isto aos gritos. - Vê se te calas e não voltes a falar comigo.
-Na próxima estação de serviço deixo-te lá.
Ele durante toda a conversa, se assim lhe podemos chamar continuou calmo ao contrário dela, o que pela minha parte só veio demonstrar o seu mau génio.

Depois desta frase, a conversa e as próprias acções descontrolaram-se. Não consegui perceber grande coisa, ela começou a gritar com ele, ele perdeu toda a calma e a frustração de ter perdido a namorada numa viagem daquelas veio ao de cima. Não consegui perceber mais nada, o som do rádio foi completamente abafado pelos gritos e não tardou a que ela começa-se a empurrá-lo. Ele tirou os olhos da estrada, conduzia com uma só mão, enquanto gritava e tentava arrancar a mão dela que agarra o seu braço. O cenário de uma manhã calma no meio do deserto foi interrompido por todo este caos, o cigarro queimava o tapete do carro e já nada percebia do que diziam. O carro aumentava a velocidade gradualmente, as vozes faziam parte da música e á frente apresentava-se uma curva, ele não dava sinais de parar. O que ouvi a seguir não foi mais se não o som de um carro que deslizava pelo precipicio abaixo até finalmente a chapa velha colidir com o chão de areia


Fim

Sunday, February 11, 2007

Resultado, mais ou menos, esperado

Já é sabido o resultado do referendo quanto á temática do aborto. O grande vencedor não foi o sim, apesar da larga margem de votos com que ganhou, penso que o grande vencedor desta votação foi mesmo o povo português. Fomos nós que ganhamos ao termos 66% de abstenção, será assim tão difícil as pessoas perceberem a seriedade das situações que levam a escrutinios? Deve de custar muito levantar o cú gordo do sofá e ficar a ver "Prision Break", enquanto se mamam uns amendoins tal Homer Simpson. Resultado, para as pessoas não existem verdadeiros limites de ignorância.

Wednesday, February 07, 2007

O aborto, sim ou não? Mas rápido!

Esta-se a acabar o meu leite achocolatado, paguei por ele 60 centimos e não dura um minuto até os seus 33 cl chegarem ao meu estômago. Hoje foi um daqueles dias em que acordei e só me apatecia estar na cama embrulhado na pilha de cobertores e durante um dia do ano hibernar. Um tempo nojento é o que se pode dizer, chuva, vento, frio e aula de português, tudo o que transforma um dia normal, num potêncial dia catastrófico. Agora enquanto saboreio o cacao envolto em leite percebo que afinal foi um dia bonzinho, só que este tempo de todo o dia a chuver deixa-me deprimido. Tive que ajustar as costas da cadeira, estavam a caír e a causar uma dor considerável nas costas. Contudo, esta dor que tenho nas costas, não é comparavel á dor com que fico quando chego a casa, subo as escadas a doer-me o corpo todo, ligo a máquina e sou surpreendido com o considerável número de mails novos que tenho. Para uma pessoa com uma reputação como eu não é normal receber tanto correio. Qual não é o meu espanto quando posso ver que mais de metade são de individuos sem vida social e que ultimamente mais não fazem, se não mandar mensagens do "Sim" ou do "Não" para o referendo ao aborto. Tudo bem que isto é importante, mas daí a porem a Odete Santos a falar durante uma hora é um perfeito exagero.

( Acaba-se definitivamente o leite achocolatado, e tal como este a música "She´s the one" dos Stone Roses )

Bom, agora feita esta breve introdução, ( ok, não tão breve como isso ), e parando com a brincadeira propriamente dita, comecemos lá com o texto. Apesar do claro exagero que referi acima, esta coisa da campanha do aborto já me chatei-a assim um bocado, porque bem vista a situação não há dia em que não levemos em cima com um doutor qualquer a prevenir dos maleficios do aborto, e logo de seguida, aparece um esquerdista nato a dizer que não, que afinal o aborto é um direito das mulheres. Independetemente de isto ser um assunto extremamente importante, penso e creio que tenho alguma razão quando digo que se está a criar algum histerismo á volta deste referendo. O problema é mesmo as campanhas, que me dão a impressão que a cada dia que passa ficam mais centralizadas em falar mal da outra, em contractar algum músico para aquecer o ambiente ou simplesmente discutirem sem grandes argumentos.

Independemente de serem a favor do "Sim" ou do "Não" respeito as vossas opiniões, mas até Domingo não se fala de outra coisa. Eu próprio sou surpreendido por mim a discutir o aborto a meio de aulas, logo não estou imune e apesar do referido, estou consciente da importância que isto tem. O problema que está a acontecer é que já todos temos a nossa opinião, mais ou menos bem fundamentada, e todos os dias somos bombardeados com publicidade, que no fundo só baralha as mentes já por si baralhadas. Digo isto sinceramente, se eu votasse, iria votar "Sim". Calma, não caíam em cima de mim, vamos com calminha.

Penso que a campanha do "Não" tem sido no mínimo degradante, desde imagens de fetos com 6 meses mortos, com ideologias sobre impostos, sobre ameaças da igreja, etc. Enfim só a posso considerar de uma grande palhaçada, não que não existam pessoas com as suas razões para votarem contra, mas esta campanha foi do mais tipico conservador possivel. Mas, também já deveriamos estar habituados com estas politiquices de direita, onde cada um ameaça outro se não fizeres o que ele diz. Era simples, se os responsáveis da campanha do "Sim" tivessem o "genialismo" publicitário dos seus rivais com certeza que faziam isto: queremos nós portugueses pagar as mordomias todas dos ministros, exibiam imagens de ser humanos em condições sub-humanas e nem falo da religiosidade.

Ultimamente a minha caixa de email está no limite, pois há criaturas com o juízo perto do zero que me mandam aquelas cartinhas muito bonitas do Rodrigues Guedes de Carvalho e da Florbela Espanca. Para além destas duas tretas de primeira, aparecem-me cartas com a prova que existem autenticas mentes perturbadas por detrás da campanha do "Não", as apresentações consistem a mostrar situações, em que diziamos que sim, aprovava-mos o aborto em naquela situação e surpresa! Estavamos a matar Vivaldi, Mozart, Einstein e até o próprio Cristo. Não será um assunto demasiado sensivel para os religiosos bricarem, mas eles que se entendam.

Agora a minha opinião:

Sou a favor do aborto. Para além de ter olhos na cara para ver que a campanha deste movimento foi claremente melhor estudada, também me identifico mais com o ideal em si. Ás dez semanas ainda não existe vida, existe vida em potêncial, visto que o cérebro ainda não se encontra formado. Parto da lógica que todo o ser vivo, para ser considerado como tal necessita de cérebro, se não o tiver não tem vida. Logo não se mata um ser vivo, matam-se células com potêncial. Para além do mais, mesmo que estas células pudessem sofrer, não seria preferivel matar alguma coisa quando ainda nem sequer possuí capacidade para ter dor, do que num futuro ter uma vida miserável e de verdadeiramento sofrimento? Eu considero que sim. É verdade, sem cérebro não há dor, sem cerébro não podemos sequer reagir á dor.

As minhas opiniões, de forma muito resumida são estas, respeito aqueles que não concordam com a despenalização, estão no seu direito. Para mim, do ponto de visto ético é preferivel a prática do aborto do que a prática da miséria e da dor um dia mais tarde.
Só para finalizar, se o aborto fosse permitido, uma pobre familia austriaca, sem posses monetárias e dinheiro para sustentar tantos filhos não se visse obrigada a criar uma criatura chamada Adolf Hitler. Neste caso, creio que 6 milhões de pessoas tivessem sido mais felizes.

Desculpem o texto ter pouco conteúdo, mas já não há quem ature isto.

Monday, February 05, 2007

Outra votação

Como as votações aqui nos Ases Perdidos até estão a ter algum sucesso, não se pode dizer que uma votação on com 16 votos seja mau, resolvi então criar mais uma. Sei que o assunto não é original, se alguém tiver alguma coisa melhor aceitam-se sugestões.

Não se esqueçam de ler o texto abaixo. ;)

Status: off

Tenho pena de neste fim de semana não ter actualizado isto, durante dois dias tive uma viagem até aos confins da Europa medieval, com tanta trolhada entre reinos da europa e disputas papais a minha inspiração e ideias para escrever aqui foi-se. E, diga-se escrever um texto por gosto depois de se ter estado cerca de uma tarde inteira a ler documentos alusivos ao Papa Leão III não se torna apelativo.

Mas hoje algo me deixa pouco contente, é certo que cada um tem os seus gostos musicais, mas entristece-me e torna-se até certo ponto deprimente, um gajo tentar falar de música com os colegas de turma e ter que soletrar as letras do nome da banda. Não culpo as pessoas por gostarem de certos estilos de música, já que estes mais não fazem do que comerem a comida boa e já mastigada que lhes dão á boca. A impressão que me dá é que já não se torna lucrativo fazer boa música, hoje as MTV´s por aí espalhadas alimentam as pessoas e estas de muito bom grado agradecem. Culpo sim as produtoras e grande inveja tenho eu de não ter vivido nos anos 60/70 e até mesmo 80 quando ainda se fazia boa música. Sei que este assunto está mais que discutido e que cada um tem as suas preferências músicais, mas para mim e para mais uns quantos é aborrecido querer ouvir música na rádio e não puder. Temos que levar os phones para onde quer que vamos e ter alguns momentos felizes.

O que me parece que está a acontecer é que o rock tal como a economia mundial está num grande periodo de crise. Não morreu, mas sustenta-se das bandas velhinhas que ainda vão dando uns concertos por esse mundo fora. Verdade que nos 80 o que reinava era a disco, mas ao mesmo tempo tinhamos a NWOBHM ( New Wave of British Heavy Metal ) que daqui nasceram bandas grandiosas como os Iron Maiden, Deff Leppard e Black Sabbath. Agora na primeira década do novo milénio parece-me que muito pouco rock actual temos, não Linkin Park não é "música", desculpem lá.

Não sei se deva dizer isto com felicidade ou com tristeza, mas no meu velhinho mp3 residem músicas igualmente velhas e o pouco de actual que tenho prende-se a uma banda punk de Chicago. O espirito critico do rock, o espirito provocatório está a extinguir-se e cada vez surgem menos bandas com qualidade que possam mudar o cenário. É do caraças um gajo andar a carregar os Deep Purple no mp3 e pensar: "Fodasse, esta música tem mais de 40 anos, mas é boa como o caralho!". Pois é, das bandas de hoje vou dizer isso de qual? De nenhuma pois claro, bandas rocks de hoje são más e deixam muito, mas muito a desejar. Mas quem serão os verdeiros culpados deste estado?

Somos nós, criaturas otárias e estupidas que papamos toda a porcaria que nos dão. Os produtores não fazem mais do que encher os bolsos de dinheiro e estão-se a cagar se ouvimos boa música ou não. O que me verdadeiramente me deixa com vontade de pegar fogo a umas quantas cidades portugueses, tal como Nero o fez na Roma antiga, é depois de assistir ao Top + da televisão pública. É verdadeiramente repulsivo sermos presenteados não com o top em geral, mas com a porra dos primeiros dez. Desde desenhos animados ( Noddy ), a outros desenhos animados mas para crianças mais pequenas ( Floribella ), a bandas de telenovelas sem contexto ( preciso de dizer alguma coisa? ), ou seja, em Portugal há de tudo ou pouco. Chego e depriendo fácilmente que existem duas hipoteses: ou Portugal tem mais crianças do que adultos ( mentira! ) ou então temos uma população que tem mentalidade de putos de 4 anos.

Deve de estar a fazer pouco mais de um ano que estava em Madrid, voltei com um dvd de música, de uma banda á maneira, velhinhos mas uma banda como deve de ser. Quando estava a preparar para pagar o respectivo DVD dou por mim muito parvo a olhar para o top 10 de vendas do "El Corte Ingles" de Espanha. Em número um, á frente de toda a fila estava o cd: "Iron Maiden: Live in Dortmund", cá em Portugal julgo que estaria uns maricas que pertenciam a uma novela de qual me esqueci do nome. Mete pena viver rodeado de cultura de casa de banho? Mete! É uma vergonha que um país tão parolo com Espanha até ouvir música melhor que nós? É uma grandessissima vergonha!

Vou acabar com isto antes que me dê uma crise de nervos. Ah, no meio disto tudo nem falo em escritores portugueses, que em Portugal agora qualquer palhaço com dois pingos de fama pode ser escritor. Porque não edito um livro? Um caso a pensar, deste que uma prostituta pública um livro e é sucesso de vendas, com filas nos super-mercados para autografos, sou capaz de ter alguma sorte, quem sabe até ganhe um Nobel.

Friday, February 02, 2007

Excelente momento

Se existe algo que ponha Portugal na frente da Europa sem ser os preços da gasolina só podem ser os Gato Fedorento. Que o Ricardo Araújo Pereira é o melhor humurista português já não é novidade nenhuma, mas nunca para de nos surpreender e com o passar do tempo estão a chegar aqueles sketches que todos nos desesperávamos por ter. Agora o Gato já não é fraquinho, volta a estar no topo.