Wednesday, December 09, 2009

Imortalidade

Em vez de publicar o texto que acabei de apagar com aquela setinha que temos no teclado prefiro deixar aqui isto bem mais simples e bastante familiar:




"Sonha como se fosses viver para sempre, vive como se fosses morrer hoje"
- James Dean

Thursday, October 22, 2009

Perante o medo, avanças

No precipicio. O vento corta-te o cabelo, comprido, esvoaça como um pássaro selvagem. Dás só mais um pequeno passo em frente, a ponta dos teus dedos, nús e descalços, deixou de sentir o chão por baixo de si. No fio da navalha, um só passo e pode ser o fim. Os olhos estão fechados, as longas pestanas negras fecham-se não deixando adivinhar a magnífica tela que foi pintada sobre o teu corpo. O outro pé dá o passo correspondente, não se pensa, vive-se. Mas, vive-se verdadeiramente, como se hoje fizesses do medo o teu melhor amigo, não um qualquer viver desconhecido da tua realidade, sonâmbulo, tristonho. Há quem diga que o único sentimento em que não se deve confiar é o medo, mas eu sei, que tu, tu não afastas aquilo que é teu, tu conquistas. Se tens medo, esse medo é teu, conquista-lo é apenas parte do processo. Tu fazes-te amiga deles, porque eles só vivem se tu quiseres, mas... tu sem eles não vives, são parte de ti.

Tu sentes o medo de estar à margem de um precipício mais alto que os mais altos abetos da floresta que se estende por baixo do nada. Há um pássaro negro que plana à tua frente, tão pequeno que cabe na palma de uma mão, olha-te de frente, é belo, é a representação da beleza no seu estado mais natural e mais primitivo. Ela chama por ti, sim é por ti que ele chama. Aaah que queres tu pássaro negro, que procuras tu? Responde ele: "- Nada mais que a verdade, que a real evolução e continuo processo de magnitude a que estás destinada, vê os teus cabelos, eles são negros tal como as minhas penas. Eu sou o incansável, eu sou tu. Eu quero-te, mas para te ter, tu tens que voar".

Há quem diga que o facto de termos vertigens não se prende a qualquer teoria biológica que associa o medo de perder o equilíbrio, eu não concordo e tu também não. Nós temos vertigens, porque nos conhecemos. Abrimos os olhos e o única coisa que nos separa do desafio são centímetros de terra. Nunca pensas-te em dar um passo em frente? Em sentir a total libertação do espírito? Já, e eu também, conhecemo-nos, sabemos qual é o nosso limite, o nosso precipício, mas deixamo-nos guiar pela beleza inatingível que temos mesmo à nossa frente. (Tu tens vertigens, porque tens medo que a tua mente te diga para saltar, tu não te conheces.)

Estanca-te no precipício, com metade dos pés suspenso abres os olhos e inclinas-te só um pouco, puxa o teu limite, puxa-lo só mais um pouco. Quando te inclinares e saltares, descobrirás que não caíste em pedras afiadas ou em agulhas verdes de pinheiros, apenas conquistas-te mais uns centímetros ao precipício, de novo estás com a ponta dos pés no ar, estás de olhos fechados e o coração bate como o meu, eu que pairo à tua frente. Eu. Eu que sou o teu medo, tudo aquilo que tens que conquistar. Eu sou o teu mais importante aliado.

Tuesday, September 29, 2009

Um velho conto

Deixem-me escrever sobre aquilo que eu me considero incapaz de escrever...

Há um lugar algures dentro de mim que eu não consigo explicar especificamente o que é, talvez alguma ligação ao meu ego, talvez um lugar na minha mente que é mais poderoso do que qualquer outra coisa que eu possa controlar. Há uma fábula, sobre uma criatura solitária, que um dia resolveu refugiar-se numa escura floresta, era tão densa que os raios solares não tocavam no chão. As árvores eram frondosas, com os troncos tão grandes que seriam precisos dez homens para o abraçarem. No chão crescia uma vegetação rasteira, um tapete de relva estendia-se por toda a floresta, pequenas flores vermelhas, tão vermelhas que pareciam incendiar o chão, cresciam um pouco por todo o tapete. Era uma floresta silenciosa, não se ouvia barulho algum tirando o chilrear dos pássaros que pousavam no topo dos pequenos arbustos, que habitavam as margens do estreito ribeiro que serpenteava por entre a floresta. Era o último espaço virgem que existia. Dizia-se então que os homens que carregavam um fardo demasiado grande pela vida vinham-se refugiar para esta floresta, vinham procurar a paz que nunca tiveram. Depois de lá entrarem nunca mais eram vistos, os antigos diziam que se transformavam em animais, uns em ursos, outros em pássaros, outros em lobos, outros em veados.

Um dia a tal criatura que falei, diziam uns que eram um lobo, outros afirmavam ser demasiado grande para um lobo que talvez fosse um urso, encontrou na floresta um homem, moribundo, chorava e julgava-se totalmente perdido. O lobo cheirou-o, olhava para ele com o sangue a raiar-lhe os olhos, mostrava os afiados dentes. O homem estava imóvel, mal respirava tal era o medo. A solitária criatura saltou para cima do homem, cravou os dentes no seu pescoço e depressa o homem sucumbiu à força do animal. O animal não tocou na carne do homem, seguiu o seu caminho. Onde estava o corpo do homem agora só restavam umas flores vermelhas, aquelas que inundavam a floresta, novas, lindas, frescas. O seu território não podia ser violado, a sua paz não podia ser posta em causa. Que lugar tão calmo, que lugar tão tranquilo, que lugar tão brutalmente opressor.

( Deve de continuar... )

Monday, September 28, 2009

Regresso

Se penso da mesma forma que pensava desde que escrevi aqui pela última vez? Não, não penso.

É engraçado saber que este blog já tem 3 anos, 3 anos da minha vida aqui escrevi quase sem um único stop pelo meio. Tive que abrandar, não porque já estivesse farto disto, o que não estava, mas sim porque há outros projectos em que me envolvi durante este último ano. Por muito que goste deste blog é apenas um blog, os outros projectos vão muito á frente deste.

Lição mais valiosa que aprendi, ou das mais valiosas, durante este tempo: Aquilo que tu dás aos outros é aquilo que acabas por receber.

Saturday, May 09, 2009

One of the head




The sound of your buzzing head keeps you from sleeping
Time to slow down and smile...

Thursday, April 30, 2009

Cigarros, cães e metros

Hoje, seriam 7.50 da manhã, na estação de metro um homenzinho passeava o seu cão de 10 cm, fielmente atado ao cinto, com um cigarro aceso numa mão, a outra a gesticular no ar. "Mas puta que pariu porque não posso eu fumar na estação do metro? Tanto ar, tanto ar, para quê? Ele que mande o segurança, fodo-o já. Ai vou fumar vou, vou fumar!". Entrou dentro da carruagem de metro a fumar e com o cão miniatura a passea-lo. Sempre podia ser pior, podia-se ter queimado ao acender o cigarro ou ter-se atirado para a linha do metro. No final, sim, tive que sorrir...

Monday, April 27, 2009

Pandemias, mais uma

Tenham cuidado, vem ai a gripe suina, que não é senão uma forma chique de dizer a gripe dos porcos vem-nos matar a todos. Primeiro eram as vacas loucas, ainda cá estamos. Depois era a gripe das aves, ainda ca estamos. Será que vão ser os porcos que nos vão levar de vez? Protejam-se, não saíam de casa e não entrem em pânico, enquanto vêm noticias de pânico. Os porcos... o triunfo dos porcos bem disse Orwell. AHAHAH

Tuesday, April 21, 2009

Versao 0.4 over

Desculpem pessoal, a vida acabou de começar e não há volta atrás. ;)

Friday, April 17, 2009

Pragmatismos maldosos

300 canais de telivisão, a vida é absorvida a cada clique do comando, a vida deixa de existir é substituida pela doença que irá matar metade da população mundial, pelo terrorismo, pela ficção, pela crise e pela desgraça mundial. Se algo hoje me preocupa não é a ameaça do terrorismo, preocupa-me mais o novo pacote de 300 canais, a nova promoção telefónica ou a época de saldos. As pessoas tornaram-se brutalmente grostescas para com as outras, deixaram de saber o que é ser humano, procuram a perfeição na nova peça de mobilia, no novo casaco e não vêem que acabam por se tornar um passo mais próximos da selvajaria animal que é constantemente negada. O cómico é que não existe nada para além da estupidificação do momento, a mente em branco, um zuuuum permanente que percorre o crânio, o nada... Tudo perdeu o significado, até a própria existência perdeu significado. Estupidificação momentânea, desistência geral, perca total.

Conheço um Van Gogh, um Pelé ou o Elvis, aliás os seus possiveis sucessores. Um poderia ter sido o próximo Van Gogh, mas sem a parte da orelha cortada, outros o Pelé e outros qualquer comparação aberrante que queiram fazer com uma figura histórica. Contudo, perderam-se no caminho, a estupidificação elimina o prazer do sacrificio. Sem dor, sem sacrificio e muito provavelmente sem medo, nunca nada se alcançou. A estupidificação dos 300 canais é tal que a única coisa que procuram é o próximo comprido mágico que os transforme na versão melhorada que querem ser. Conhecem o caminho, mas mal começam a sentir o cansaço, a dor que será necessária para ultrapassar o desafio, logo desistem. Falso cadafalso de ilusão, que os guia à auto-destruição suicida.

A realidade mais forte vence, mas todos os vencedores tiveram que por na linha de fogo a sua cabeça a prémio, porque o resultado mais não é do que a evolução que se obteve através da experiência. A realidade não é a mesma, eu não vejo a realidade como a via à dois segundos atrás, está em constante mudança e como ela também deverão de estar os nossos sentidos para que possamos evoluir continuamente até à perfeição. O último estádio de desenvolvimento que se possa atingir, é a morte. A morte é a última evolução.

No mundo perfeito, trepadeiras cobriam os imponentes edificios, os autocarros apodreciam abandonados servindo de habitat a veados e esquilos, àguias reais sobrevoavam os céus e as florestas expandem-se sobre as cidades magnificamente sujas de outrora. O rio corria com a água cristalina até chegar em sucessivas cascatas até ao oceano, onde peixes sobem rio acima na incessante luta da desova, e onde mulheres lavam as roupas na àgua transparente. Os homens sobem às árvores, cultivam alimentos e constroem casas de madeira com tectos de ramos de palmeiras. As crianças brincam, sujas e descalças pelo chão, não há nada que alguma vez as possa ferir. Todos andam nús, não há tabboos, condicionamento social, iguais numa terra de iguais. Os jovens juntam-se como em matilhas de lobos e juntos numa demonstração de irmandade masculina correm pela praia pelo divertimento, as jovens raparigas contam histórias umas às outras, penteiam-se e percebem a verdadeira natureza. Não há segundas intenções, não há nada a não ser irmandade e fraternidade entre todos. Poderemos chamar a esta realidade, Neo-Apocalyptico Matrix.

Nunca se saiu de nenhuma luta sem feridas, mas os verdadeiros são os que sorriem ao serem derrotados.

Saturday, April 04, 2009

Evangelho Segundo: Reflexos de sonhos

Uma pomba voa no ar, no nosso pensamento bate as asas ao ritmo em que as conchas brancas como o marfim se vão soltando da minha mão. As penas caíem como uma chuva de salvação que nos limpará do que somos. Atiro os ossos para a mesa e forma-se uma constelação de conchas e ossos, brancos e salvos. Que sabor é este? Ah, o sabor dos lábios cortados, do sangue que passa por entre os dentes, o som do vento que me circunda, a luz fraca das velas que me protege do escuro. O frasco do veneno, vou-lhe chegar um fósforo, vai arder com o conhecimento, com o matrix que passei a ver. Olho para o espelho, a imagem distorcidamente perfeita do que sou, da realidade que o tempo e o espaço ocultam, é uma outra realidade, uma outra mentira. Olho penetrantemente nos meus próprios olhos, vejo o sangue a escorrer por entre os dentes, vejo a chama vermelha que arde, o veneno que se evapora numa nuvem tóxica de fumo, os ossos, as conchas, as penas perfeitamente brancas. É uma realidade diferente, uma criação perfeita de uma bola de cristal. Os sonhos que desaparecem e com eles nasce este matrix sufocante. Os sonhos, que perderam cor até se tornarem a preto e branco, até nada serem senão mentiras perfeitamente criadas pela minha mente.

Uma explosão, rio, porque o sonho tornou-se realidade. Um extâse da realidade que a ninguém pertence, sou o que vejo do mundo, sou o que o espelho partido me deixa ver, deixei de ser o que fizeram de mim. Mas, os sonhos, esses perderam-se a partir do momento em que a cara ficou enterrada na areia, em que os cabelos foram acariciados pela espuma da água, em que o corpo inerte foi perdido por entre a marcação das vidas separadas. O pôr do sol só me conquistou pela beleza com que me perdeu por entre a imensidão do desconhecido, até desaparecer, até ficar escuro e finalmente até sonhar a preto e branco. O silêncio, ouves o vento perscrutar por entre as cearas douradas pelo corpo, pelo meu corpo, onde estarei? Oh, estou a dormir, ligado ao matrix do qual nunca escaparei. Sei demasiado, e com o conhecimento estou destinado a percorrer o caminho que eu construo. A realidade reflectida pelo espelho é a real, é a com a qual me regozijo e com a qual me auto-destruo. Chorarei lágrimas de sangre, quando vejo o que mais ninguém vê, é o poder que um só homem carrega, um poder sobre-humano que ninguém deveria de conhecer.

Vês a realidade do matrix, o que os outros são e nem sabem, o que os outros sabem, os segredos mais profundos e os seus pontos fracos. O futuro tal como ele era morreu, um maravilhoso mundo nasce aos nossos olhos, em que as flores morrem e depois nascem, em que os guerreiros choram as perdas e os anjos lutam, em que os sonhos são a realidade e em que a realidade são os sonhos, os espelhos são o real e tu és um reflexo, o sangue escorre e depois volta a fechar-se sobre ti, em que os mortos falam e te contam os seus segredos, pedem-te para os matares, já não aguentam mais e fazem-te levar à loucura.

Aaah, o sangue a percorrer os lábios, um sorriso, os olhos aguçados fecham-se, os punhos cerram-se e perdes-te a mente, perdes-te a realidade, deixas-te de ser o que os outros fizeram de ti. Sou livre! O impacto do corpo que se arranca a uma velocidade vertiginosa do chão das cearas, que acelera por entre a escuridão da profundidade, os sonhos a preto e branco, o matrix é real, um vortex transcendental que te eleva à categoria de deus, somos expulsos da profundidade das espumas oceânicas e somos projectados até ao ar, pairamos. Um grito, aliás um rugido enorme é expulso da minha boca e percorre o ar. Levitamos no ar. Encontro-me no paralax da existência, o corpo treme, sou cuspido, volto inerte á beira mar, regresso a estar em frente ao espelho e este reconstroí-se. Agora vejo quem sou, bebo o veneno e sei quem sou, não o que me fizeram, mas o que sou na profundidade do matrix, dos sonhos a preto e branco e do reflexo do espelho.

"Nós somos aquilo que queremos ser, não o que fizeram de nós, aquilo com que sonhamos transporta-nos a realidades inatingiveis" - Edward Kariansky

Wednesday, April 01, 2009

Meditação guiada

"Sem dor, sem sacrificio nada teriamos" - Fight Club

Thursday, March 19, 2009

Lucifer, é a natureza do jogo



Being a man is not something you do, is something you are.

Monday, March 16, 2009

Evangelho segundo: a confissão

Algum dia todos iremos morrer, essa é a realidade. No fim todos nos transformamos numa pedra azul, sem vida e sem movimento. Desligaram-nos a ficha. Quem sabe, poderá ser amanhã, poderá ser daqui a 2 anos quando for passado a ferro por um autocarro, ou mesmo até hoje, o que invalida de um tremor de terra destruir aquilo que conhecemos ou que um avião se despenhe mesmo por cima do nosso tecto. No fim, todos nos transformamos em seres enrugados, feios, decadentes e finalmente sem vida. No dia em que nasces caminhas pela estrada da tua morte. Fim inevitável. O vazio, o nada. As correias a deixerem-te, o cheiro a pinho novo ser soterrado por camadas de terra. Inevetavelmente este é o teu futuro mais que certo. Neste momento existem duas opções, primeira: podes aceitar que vais morrer, vais-te transformar num ser velho e sem forças, por fim quando morreres vão-te amar, depois enventualmente esquecente e tu nunca existes-te; segunda, não percebes o porquê deste ser o futuro de todos nós, não aceitas o teu futuro e enlouqueces, no final também morres. Assim sendo, se tentas ser eternamente jovem, eventualmente vais morrer mais cedo que o esperado. Que decandente, que estás hoje.

Sombras e pó. Voltarás para as sombras e para o pó. Mas quem tu és? Provavelmente mais um filho da puta idiotico como tantos que há. Deixas-te reprimir pelo que há à tua volta. Até por deus o todo-poderoso te deixas reprimir, mas afinal não é ele o teu salvador. O medo de seres livre acaba por te provocar o orgulho em seres escravo. Vamos, veste a tua fatiota de palhaço de circo e saí de casa, mas tem atenção podem te assaltar, cuidado porque alguém pode não gostar da tua roupa ou até mesmo da tua forma esquisita de como posicionas a sobrancelha. Generalizações? Sim, é. Contudo, esta é uma sociedade generalizada e seria muito estupido particularizar tudo isto. Mas claro que tu tens uma defesa, tendo noção da tua pouca segurança projectas as tuas forças e fraquezas nos outros. Por isso é que és um filho da puta. No fundo somos todos. Tu és aquilo que odeias nos outros e queres ser aquilo que admiras nos outros. Sabes porque odeias a vitimização dos outros? Ora, pois, tu próprio odeias ser uma vitima. Mas isto não é uma regra de ouro, se fosse teria tudo bastante mais piada.

Tu és os teus sonhos, mas como não os tens, então não és nada. Não queres morrer? Porquê, ja o estás. Eu, por exemplo, sonho com o dia longincuo em que acordo numa floresta e tenho 200 pessoas no raio de 20 kilometros, no dia em que trepadeiras se erguem pelos antigos centros económicos, na época em que tens aquilo que precisas e não aquilo que te dão a comer, no dia em que o dinheiro ande no chão e seja recolhido por um menino de seis anos, de cabelo amarelo e olhos verdes, e que o ponha no lixo, no dia em que já ninguém tenha medo porque não há razões para ter medo, no dia em que a informação esteja verdadeira para todos nós, na noite em que sejamos nós mesmos, a total libertação da personalidade, no dia em que as bandeiras ardam e que as chamas consumam o que de mais belo foi criado pelo homem em cimento e vidro, no dia em que os filhos da puta de espiões frios deixem de cheirarem tudo o que é diferente, no dia em que sejamos livres e digamos aos nossos filhos: "Um dia a humanidade era horrivel e eu tenho responsabilidade por isso, hoje ela desapareceu, agora somos só nós a viver como todos os nossos antepassados que viveram na escravidão deviam de ter vivido".

Podes enlouquecer, ou podes aceitar. Aceitando poderás ser recordado por muitos, ai sim, poderás ser imortal, porque só dessa forma é que poderás ser imortal. No grande final todos nós somos uns leões, que caminham por um campo de espinhos e que com o tempo se vão ferindo. No final poderás ser um leão ferido a lamber as próprias cicatrizes ainda frescas da caminhada, ou então serás um leão ferido com o corpo cravado de cicatrizes que caminha triunfalmente no grande palco do colisseu e que ouve o seu próprio rugido a ecoar por entre a pedra queimada. Sê o leão que ruge na grandiosidade da vida e então serás imortal.

Saturday, February 21, 2009

Evangelho segundo: a imortalidade

Tu. Tu pensas que sabes, mas na triste realidade que é a nossa existência, nada sabes. Acordas, acordas numa bela manhã, ou então numa feia manhã, na verdade nada disso interessa, e podias fazer uma simples pergunta a ti mesmo, mas é mais que óbvio que não o fazes. Levantas-te. Não porque queres, mas apenas porque o despertador te disse que eram horas de te levantares. Aquilo que tu tens acaba por te controlar da forma mais cruel que possas imaginar. Podias assim acordar, e perguntar-te "O que quero eu hoje fazer para que me possa lembrar deste dia como fantástico?", aplica isto a todos os dias, multiplica-o e torna-te uma pessoa. Qual é o teu propósito na vida? O teu objectivo, será que o tens, mas com certeza que o deverias de ter. Uma mulher/homem? Filhos? Um emprego estável? Uma casa de férias noutro país? Um carro desportivo? E em tudo isto, onde estás tu? Não estás, retiras-te da equação. Pensas que a tua realidade é a realidade colectiva, pensas que o mundo gira à volta do sol. Na verdade, é muito triste, és um ignorante. Aliás, fizeram de ti um ignorante. A realidade pertence-te, tal como tu te pertences a ti mesmo e a nada mais. O mundo, pelo menos aquele que conheces gira à tua volta e não há volta de qualquer astro. Tu és o astro, tudo o resto são cometas, estrelas ou planetas. A realidade não pertence a mais ninguém, é tua. Do mesmo modo que aquilo que tens te controla, também tu és dono legitimo daquilo que vives. Senão o és, é porque simplesmente não o queres ser. Preferes ser um vegetal. Tudo bem, as alfaces também são necessárias, apesar de pouco importantes, é preciso lembrar é que para crescerem estão 3/4 da sua "vida" rodeadas de estrume.

És aquilo que queres ser? Não? Então muda de rumo, porque não estás no certo. Estás a viver os teus sonhos? - Isto é, se os tiveres- Não, então é bom que trates de os realizar, se não os realizares nesta vida, não vai ser quando tiveres com sete palmos de terra em cima que o vais fazer. Porque é que gostavas de ser lembrado? É desse modo que as pessoas se lembram de ti? Não? Então pensa bem no legado que gostavas de deixar quando morreres. Não precisas de viver para sempre, és imortal a partir do momento que alguém se lembra de ti, ou te admira, ou de qualquer outra forma deixas-te a tua marca na realidade dessa pessoa.

Uma coisa te garanto, não vai ser a ler estas palavras que vais mudar algo na tua vida, isso tens que ser tu a faze-lo.

Sunday, January 11, 2009

Evangelho segundo

Nós somos os filhos renegados pela sociedade, assim o seja. Que as nuvens cubram os céus tal como eles nos cobrem a nós a vida, que a chuva caía sobre a terra tal como nós lhe caíremos em cima quando já nada mais tivermos nos nossos corações para além do ódio ao poder. Caminhemos entre as barricadas de betão, erguidas para um dia alguém lá sobreviver, e que na nossa cabeça soe o mais alto grito de revolta que possa ser ouvido. Mas mesmo assim será suficiente? Ultimamente meio mundo é cego, mudo e surdo, respiram porque lhes dizem para resperirarem quando lhes disserem que não o devem fazer então, não o farão. Somos criaturas em cativeiro, aprisionadas pelo medo, temos medo do que não existe, gigantes assassinos criamos na nossa mente para que possamos ter medo. Estátuas vivas, paralizadas, demasiado preocupadas com o que os outros pensam de si, que acaba por nem reparar nos outros monumentos congelados de mármore. Áh doença venérea que é o medo. A força sempre faltou, porque simplesmente são demasiados estúpidos para a procurarem, preferem viver 100 anos como cordeiros, do que um dia como leão. Presas fáceis, continuamente estupidificadas para que não saibam para onde se virar, já não lhes é preciso o cão pastor, já não há necessidade de mandibulas aguçadas que intimidam, elas próprias se controlam. Propagam o medo umas ás outras, é um contágio. Estarão mortas, se já não estão, em pouco tempo porque pensam serem livres quando são escravas de si próprias.

Foda-se, deixai de ter medo! Atirei a venda que vos cobre os olhos ao chão, acreditai que por detrás das mascaras que usais ainda há uma réstia de humanidade. Cuspam, rasguem, pisem, destruam o que vos faz ser servos, a opressão que seja queimada do mesmo modo que vos queimaram o coração mal que nasceram. Expludam com os sinais que vos indicam o caminho, escolham a vossa estrada e por ela caminhem até se encontrarem. Desrespeitem tudo aquilo que não é natural, escolas, bancos, esquemas de crédito, esquadras e tribunais. Entrem pelo escritório de um advogado e gritem-lhe o quão repulsivo é, o que sofreram as vitimas dos seus clientes. Que os diamantes apodreçam, para que na esperança também o sangue que lhes está cravado tambem se varra. Lutem, se tiverem medo de lutar, descubram-se mesmo que tal facto vos assuste. Porque têm medo de lutar? Porque nunca lutaram na vida, como poderemos nós conhecer a vida se continuamos a desconhecer sectores tão fundamentais como nós próprios.

Sintam o vento a bater na cara, as folhas a dançarem por cima das vossas cabeças, construam uma cadeira, sentem-se nela e no minuto a seguir destruam-na, causem a vós mesmos a dor que eles vos causam. Porque terás necessidade de viver num pantano fétido quando podes viver na mais feliz das aventuras humanas. Vivam intensamente e se com isso tiverem que morrer cedo, então que assim seja, a vida não é uma transição é apenas o periodo de tempo em que um ser está vivo, depois inevitávelmente morre. Aqueles que tentam ser imortais em vida então não são seres, são pedras, calhaus, obtusos. Enlouquece uma vez na vida, porque enlouquecer é fugir aos padrões normais da sociedade, tudo o que é diferente é doença. Que se fodam os vossos conceitos rigidos sociáveis, criaram uma sociedade de mortos-vivos, uma sociedade á sua imagem, uma sociedade morta, violenta, brutal, ignorante, implacável, injusta, podre e asfixiante. Que as bandeiras sejam queimadas, que queimemos o que de podre existe em nós. Se somos os filhos amaldiçoados desta sociedade, então que assim seja. A revolução não se faz na servidão, mas sim na liberdade, então quebremos os grilhetes asfixiantes que ainda nos subjugam a um estado de mortos-vivos. Nós seremos a chuva que limpará das ruas a escumalha, seremos a mudança que queremos ver no mundo, fortes, justos, corajosos. Não será fácil, mas será mais fácil do que sermos escravos, porque nenhum homem nasceu escravo, nenhum homem nasceu para trabalhar oito horas por dia, nenhum homem nasceu para estudar em prisões e nenhum homem nasceu para sofrer. Se nesta sociedade tal acontece então é porque pertencemos a uma sociedade profundamente doente. Dinheiro, corrupção, hierarquia, poder, autoridade, injustiça, burocracia, que tudo desapareça, que façamos com que desapareça! Que a luta pela liberdade seja uma constante na nossa vida.

Friday, January 09, 2009

A nevar

Hoje caíu neve, nunca tinha visto neve cair na cidade onde cresci, chama-se acabar a semana da melhor forma possivel.