Sunday, January 22, 2012

Paredes riscadas, escrito na estrada aberta

Talvez demasiado cansado para escrever. Mas hoje é a última noite.

A máquina de lavar não para de trabalhar. A rapariga que aqui trabalha vai estendendo os lençois no corrimão do corredor, dá para o andar de baixo. A garrafa de água está fazia, as pernas demasiado moídas para ir buscar mais. Sozinho amanhã parto para outra cidade. Estadia final, contar dias, semanas, calças e camisolas: embrulha-las na mala quase vazia. Solidão de sala de convívio de um hostel vazio. Paredes vermelhas e amarelas, tem uma serpente pintada. Única companhia num domingo.

Quando se viaja está-se longe e perto de tudo. Acredito cada vez mais, que aqueles que não viajam, acabam por não conhecer o mundo. Pensam que sim. Mas na verdade não. Sinto principalmente, que não se sabe nada de viajar... até se ter viajado sozinho por um certo período de tempo. Acordar numa terra distante, em que não conhecemos ninguém. Acordar e termos mais 5 pessoas no mesmo quarto. Uma vez na vida temos que nos encontrar numa situação que nos coloque tão longe, tão sozinhos que saibamos que em nada mais podemos confiar. Não amigos. Não família. Nada... a derradeira etapa de crescimento, a caminhada sagrada. Quem nunca viveu sozinho: não se conhece.

Quando estamos por nossa conta, tudo ganha mais significado e curiosamente: mais arriscamos; mais alto voamos.

Um amigo meu disse que apenas três coisas poderão ensinar a um homem tudo aquilo que ele precisa de saber na vida: viver sozinho; viajar; & encontrar uma mulher verdadeira. Nada traz mais um homem à sua condição mais primitiva do que essas três experiências. Nada o poderá ensinar mais.

Aqui caiem os preconceitos, cai a visão que nos impõe do mundo. Perigo! Com certeza que não conhecem muito do maravilhoso mundo em que vivemos. O simples conceito de partilhar um quarto com o número de dedos da palma da mão desafia tudo: contam-se histórias; partilham-se frustrações e medos; por vezes ouvimos o outro a chorar e no dia a seguir contam-se piadas, piadas que se conta apenas a amigos de anos. E somos desconhecidos, por vezes nem o nome sabemos um do outro, mas isso não importa...

Viver no vento! Nesse lugar mágico aprendes tudo aquilo que precisas. Sonhas em encontrar na estrada uma mulher de verdade, se já conheces-te uma, então esperas pelo dia de a voltar a encontrar, ou fragmentos dela nos kilometros percorridos.

A essência de um homem vem das experiências que este viveu, mais depressa confio num desconhecido com quem partilho a mesa do que em alguém que nunca viveu fora do seu ambiente. Todos os viajantes sabem daquilo que falo. E quando me perguntam se sou um turista, a resposta é sempre a mesma: "Não, não sou um turista. Os turistas esperam pelo dia para voltar a casa... eu não sei para onde vou!"

Sunday, January 08, 2012

A confusão masculina em torno do desejo sexual

(...) Aos homens para além de reprimir o seu lado sexual, também os torna menos masculinos, porque não é isso que a sociedade quer. No processo de crescimento os homens aprendem que não podem ser agressivos, mal-educados, inconvenientes, rudes e principalmente fazer algo que desagrade uma mulher. Aqui entra em jogo a parte em que somos homens criados por mulheres, sem nenhuma referência masculina na nossa vida que nos faça trazer ao de cima o nosso verdadeiro lado orgulhoso em ser quem é. Daqui vem a grande confusão que há entre os homens: o que é que as mulheres querem? O que é que devo de fazer para agradar a uma mulher? O que é que a sociedade espera de mim em todas as áreas da minha vida? Deixamos de saber quem somos, deixamos de ter a energia e força necessária para cravar a nossa espada no chão e reclamar o nosso território.


Mas cedo percebemos que algo de errado há na história que nos foi contada: somos simpáticos, atenciosos, respeitadores e românticos. Tudo aquilo que nos foi dito para ser, tudo aquilo que nos fizeram acreditar que é o que as mulheres querem. Mas existe uma diferença entre a teoria e a realidade: esta nossa maneira de ser não nos leva a lado nenhum, queremos namorar com determinada rapariga e somos colocados na “zona de amizade”, somos simpáticos nas nossas relações com todas as pessoas e algo dentro de nós começa a ganhar rancor à sociedade: o facto de não podermos desagradar as pessoas não nos deixa ser livres para fazermos aquilo que queremos!


Mas a maior repressão que a sociedade faz ao espírito do homem é a repressão do seu lado sexual. Expressar o seu desejo sexual por uma mulher é um sinal automático de falta de respeito. Deixamos de ser respeitadores e com certeza que as mulheres não gostam disso! E elas demonstram isso perfeitamente, até quando somos simpáticos elas demonstram desagrado. Mas o que não compreendemos é que as mulheres são criaturas sexuais que querem ser celebradas na sua beleza e sexualidade! Mas nunca ninguém nos disse isso, nunca ninguém nos disse que deveríamos de tornar as outras pessoas desconfortáveis, se isso fosse o resultado de falarmos a nossa verdade. Fomos ensinados a reprimir tudo aquilo que nos torna atraentes, ensinados em não saber quem somos e o que queremos.

É necessário fazer menos, tirar camadas sociais, simplificar e retomar às origens!

João Fernandes

~Sedução Genuína~