Wednesday, March 28, 2007

As vozes não ouvidas



Frequentemente, mas contudo não tão frequentemente como eu gostaria, porque aí sim estavamos num momento raro na história da humanidade, perguntam-me o que significa o título referente a este blog de "Ases Perdidos". A minha resposta invariávelmente terá que ser a mesma, os "Ases Perdidos" como a enganadora figura representa, não é nenhum conceito fumentado em baralhos de cartas, os "Ases Perdidos" é a tudo aquilo a que sentimos falta, os Ases Perdidos são os passivos revolucionários, os génios enclausurados dentro de salas, aqueles a quem uma lavagem cerebral é fundida e nem dão por isso. Isto é a verdadeira ideologia dos "Ases Perdidos", aqueles que por mais que gritem não são ouvidos, as visões utópicas ficam singidas pela realidade, a esperança de mudança que não apresenta sinais de vitalidade. Os Ases Perdidos desta sociedade somos cada um de nós, cada um que come a publicidade tão apelativa, aqueles que vivem ás cegas num mundo mais homogéneo do que aquilo que possamos pensar, é a passividade que controla o cérebro e a falta de objectivos.

É, é verdade a realidade, a sociedade é estandardizada, estereotipada, não somos mais que cérebros mastigados e cuspidos pela grande máquina controladora da humanidade que heregimos. Somos demasiado ociosos para fazer seja o que for, porque na nossa sanidade mental está sempre tudo bem, acatamos as ordens superiores e contrariados obedecemos. É esta a democracia em que estamos heregidos, uma sociedade dita democratica, que rejeita todos os princípios oligarcas, marxista e trotskistas, condena aqueles que pensam de maneira esquerdista, - porque todos sabemos que as ideias esquerdistas ainda são vistas como um tabu, tendo em conta o passado fascista presente em Portugal por quarenta décadas -. Não digo que vivamos num mundo de Orwell, não vivemos porque a ideia de riqueza e pobreza ainda é bastante disforme. Orwell criou um mundo de igualdade, num mundo de uma podre igualdade, pois todos os revolucionários, contra-revolucionários ou qualquer o apelido que lhes queiram dar irá tornar-se um estadista no minuto a seguir que edifique a sua revolução. Mas não será muito mais diferente a vida actual da vida de Orwell, com certeza que no caso do romancista britânico toda a realidade é levado um pouco para além do limite que conhecemos. Efectivamente somos controlados, somos igualmente controlados por um número de pessoas contável pelo número de dedos de uma mao, e a liberdade a que estamos inscritos não é tanta como aquela a que possamos imaginar.



Desde o 11 de Setembro, que se verificou um novo rumo na história da humanidade, foi um ponto de ruptura de duas épocas, díspares e distintas. Somos mais controlados, não existe aparente mal em vigiarem-nos, em saberem todos os detalhes da minha vida. Não podemos brincar com a grande máquina sedenta de petróleo, num simples gesto uma voz é calada, um corpo é inerte e rápidamente focos de resitência são apagados. Vivemos num mundo em que aperentemente não existe nenhum Deus para além daquele que governa o mundo e que todas as naçãos, organizações e outras se devem ajoelhar e beijar o anel. De hoje para amanhã, podemos ser levados para um qualquer campo secreto, torturados, obrigados a confessar o que sabemos e o que não sabemos, dominados pela táctica do terror que no fundo não prejudica assim tanto quanto quer parecer a vida americana. Vivemos numa época em que já não são permitidos niveis de inteligência acima do normal, e se estes existem ou são calados ou trabalham para as grandes corporações. O mundo ocidental é dominado pelo terror, terror que a administração americana necessita para governar o mundo como muito bem lhe entender. Estamos perto da realidade vivido por Dostoyevsky no apogeu do governo soviético, num dos seus livros Dostoyevsky diz o seguinte: "A semana passada vi da janela do meu quarto um grupo de soldados baterem á porta do meu vizinho da frente, ontem vieram bater á porta do meu vizinho do lado. Até certo ponto não me preocupei, dormi descançado, até me aperceber que eramos a única casa habitada, hoje não durmo, porque sei que ao nascer do sol eu serei levado." Viviam no terror da Guerra Fria, necessitavam do terror para controlar, precisavam do medo, do constante pensamento em que estariamos em guerra.

Aqui há tempos escrevi que a democracia é como uma irmã gémea separada á nascença da ditadura, contudo as parecênças são evidentes. Na altura não me certificava da total veracidade dessas palavras, hoje sei com todas as certezas que estava correcto. Nenhum sistema politico é perfeito, o mais perto destes é a Anarquia, mas só é possivel que se torne realidade ( o que eu sei que nunca se irá tornar ) quando eses "Ases" se voltem a encontrar e principalmente se encontrem a eles próprios. A vida não é regida por telenovelas, ou por séries de fraco contexto moral e ôcas, só quando a for vivida por livros, por textos -( mais ou menos perto deste ) - críticos e revolucionários e por pensadores é que podemos viver em plenitude.

Se leram o texto até ao fim, dou-vos tanto mérito quanto vocês me podem dar, não sou conhecedor da verdade, mas não estará a verdade mais escrita neste momento no vosso ecrã do que em parte do mundo? A mim, assim me parece.

Anarquia não é guerra, destruição, violência nem libertinagem. Anarquia é o perfeito estado mental de harmonia contigo e com o mundo.

Sunday, March 25, 2007

Vida desperdiçada

Há imagens que nos conseguem marcar, que durante anos lembrarmo-nos daquele momento. São momentos, que só a nós nos demonstram algum sentimento escondido, os outros tiveram a infelicidade dos seus olhos não conseguirem captar tal momento. A nossa memória por qualquer razão guarda-os e não deixa que se apaguem, em alguns dias aquelas imagens percorrem o nosso pensamento e as nossas emoções demonstram-se, como resultado dessas lembranças, julgadas como esquecidas. Não acontece a todas as pessoas, porque é preciso as pessoas possuirem qualquer tipo de "amizade" para com o desconhecido, para conseguir, imaginar, sentir o que o outro também sente. Por incrivel que pareça, já não existem tantos momentos como estes, como deveriam de existir, talvez porque nas grandes cidades surgiu o complexo de não mostrar qualquer compaixão pelo outro, isolamo-nos e o que não diz respeito á nossa vida, não interessa.

Aqui á tempos, quando vinha de carro para casa, houve uma imagem que me marcou em particular: vi um senhor, com os seus setenta e muitos anos a carregarem-lhe nas costas, - talvez fosse por causa disso que andava visivelmente curvado -, de aspecto cansado, vestido de negro, com uma coroa de flores a penderem-lhe pelo braço direito e com o rosto lavado em lágrimas. Olhei para ele, o senhor olhou para dentro do vidro do carro e numa fracção de segundos acordaram memórias esquecidas, que nem se sabe se é preferivel estarem acordadas ou adormecidas. Não foram mais que segundos, a ele não lhe significou coisa nenhuma, a mim uma imagem que ficou gravada na memória por muito tempo. Não me interessa saber quem faleceu, se a sua esposa, irmã/ão ou filho, não me provocou qualquer interesse em ir folhear as páginas de jornal na procura do seu familiar, porque não existiu, nem existirá qualquer interesse. Marcou a troca de olhares e mais que isso sentir o que o outro estava a sentir.

É uma sensação estranha, é uma dor que não para e destroi, corrompe porque não podemos fazer nada e sentimo-nos uns bonecos controlados pelo destino. Caminhamos por ruas sem saber o destino, até passarem as horas, não pensamos, nem agimos, apenas somos um corpo que não consegue pensar, que é controlado por uma força interior que não conhece, somos nós porque reconhecemos as lágrimas a escorrerem pela face e somos obrigados a seguir os outros. Estamos dentro de um filme a preto e branco, protagonizamos o papel de personagem principal e sentimo-nos impotentes, temos vontade de fazer o que já não podemos e arrependemo-nos do que não fizemos.

Se há algo que não consiga entender é a vida, ou melhor, a nossa existência. Fico calado, a pensar em nada concreto, nada nesta vida é concreto, somos um mundo heregido em sombras e pó, nascemos e caminhamos para a nossa morte, sem termos a consciência disso. Sou incapaz de escrever o que é a vida, o que sobra dela ou o que existe para além dela, penso demasiado nesta, e sei que na expressão daquele homem estava escrito parte restante da sua vida, não conseguimos apagar, nem esquecer, por mais fechado que esteja eclode a qualquer momento e sentimos tudo de novo. Há fardos que a vida nos obriga a carregar, a morte é um desses fardos que cada vez fica mais pesado, até nos tornarmos o peso no pensamento de outros.

Friday, March 23, 2007

Bad Hair Day

Há dias em que deviamos mesmo ficar em casa, foi o que aconteceu ao escritor republicano Dinesh D´Souza. Este senhor escreveu um livro e passou muitas horas da sua vida, a fazer uma pesquisa meticulosa que lhe deu muitas horas de sono, ele simplesmente acredita que a grande culpa dos atendados do 11 de Setembro foi dos Democratas, que são uns "meninos de coro" que não sabem dar a cada cidadão americano uma arma. Este é o genérico republicano, conservador, tradicional, fascista e considera a nação americana a mais gloriosa do mundo.

O problema surge quando este crente vai ao programa de Steve Colbert, ás vezes faz bem um pouco mais de televisão, acreditem.

Monday, March 19, 2007

O Nome da Rosa: Umberto Eco


Europa, séculos XII e XIII, vive-se o auge das Inquisições no velho continente. Envolto num cenário gelado dos Alpes italianos, desenrola-se uma trama em volta de assassinios, um policial que se passa na época herética e anterior ao Gótico na Europa.


O Nome da Rosa é um romance, que no fundo acaba por não ter nada de romance, é um policial numa época em que ainda não existiam policiais. No fundo, Eco consegue-nos seduzir facilmente com a sua escrita, nada complexa, mas é um escritor que tem que ir até á 2ª Circular para ir ter a Barcelos. Desenvolve grandemente o enredo, de tal forma em que damos por nós a suspirar e a ir contar quantas páginas faltam para o final do capítulo. Um livro que surpreende, ao estilo de "Código DaVinci", Eco tem grandes conhecimentos da época medieval e começamos a perceber em maior profundidade está época, que foi vivida na Europa. Demorei muito tempo a ler o livro, porque em parte é um livro que não prende muito á sua leitura, mas não posso tirar todo o mérito a que este livro está circunscrito, é bom, mesmo muito bom, é preciso é gostar de ler para se conseguir alcançar a longinqua página 482.


O livro está envolvido nos tesouros das bibliotecas das ordens cristãs destes séculos, da forma como certos livros não podiam ser lidos e toda a conspiração de uma personagem. É um policial, mas desenganem-se, porque para se adivinhar quem é o culpado dos assassinios não é tarefa fácil, aqui não é o metodo Brown, onde dois mais dois são sempre quatro.


É um bom livro, aconselho quem pode a ler, mas é penoso e em certa parte somos impelidos para o acabarmos de ler rápidamente, porque já começamos a transpirar a época medieval por todos os nossos poros, uma pergunta que usualmente nos colecamos, é porque Eco não se despacha a contar as coisas? Eco é historiador, e como todos os seus semelhantes em oficio gostar de escrever e de engonhar até o cerébro estar seco, isto é o que ele faz, e de melhor. É para eu aprender, para ver o que os outros são obrigados a ler os meus textos. ;)

Saturday, March 17, 2007

Um Clássico que foi Clássico? Impossivel


Algo de neste mundo está definitivamente errado, acabei de assistir a um chamado "Clássico", que foi realmente um "Clássico". Não houveram lance polémicos criados dentro do treinador de bandacada de cada um de nós, os jogadores foram correctos e não entraram em macaquisses, ( tirando o inevitável, Pepe que qualquer dia aprende a jogar ). Fora de brincadeira, este foi um bom jogo de futebol e desde á muito tempo, mas mesmo muito tempo, o primeiro Clássico a que assisti, até os adeptos se terem portado em condições, e exclusivamente aquela bancada civilizadissima que é a da claque do Porto.

Obviamente que a vitória do Sporting me deu um prazer especial, para se tornar ainda mais num clássico. Os adeptos do Sporting nem os ouvi, mas com a generosa doação de 2500 bilhetes pela parte do Sr. Nuno, mais nada podia ser pedido.

Raros momentos

Neste Sábado acordei, abro a persiana e vejo um sol resplandescente, apesar de o sol nunca tocar na parede norte da minha casa. E também mal acordo, sinto que está um forte calor o que me faz ir á cozinha rápidamente para beber um copo de agua, - meu deus, como a água mal acordamos sabe mal -. Não que tivesse muito tempo para escrever, porque dentro de uma hora tinha que saír, mas era o minimo que poderia fazer, visto que voltei á calma rotina do dia, o cansaço já tinha evaporado com as largas horas de sono e naquele momento vendo bem as coisas não tinha muito que me queixar. Mas, o que não deixa de ser engraçado é ainda estarmos no Inverno e se eu tivesse acordado agora de um coma prolongado e não tivesse qualquer relógio, teria apostado que era Verão, e sinceramente se estes dias não são de Verão, então mal posso para esperar como vai ser o Verão. É estranho, no Inverno acordar com uma temperatura ambiente de vinte e muitos graus.

É preocupante, sem dúvida, nos últimos anos a temperatura da superficie terrestre tem vindo a aumentar como se não houvesse um próximo século. No caso pessoal de um português, não me importo muito com este aquecimento, está mais calor, começamos a ir para a praia mais cedo e, os últimos três meses de aulas são passados naquela pasmaceira em que o calor é demasiado para ser suportado. Felizmente, não vivo privado do conhecimento global, o que para nós será bom para os outros será catastrófico. Não vou estar aqui a enumerar as consquências, desde o derretimento das calotes polares, ao super deserto em que África se irá transformar, porque todos nós conhecemos estas consequências. Conhecemos as suas consequências, e em alguns casos somos muito ecológicos, mas é só de letra, porque na prática o comodismo é mais forte e não há grande vontade de mudar os nossos hábitos em proveito do bem estar dos outros. Já é tempo de mudança.

Quando acordei considerei este calor agradável, mas quando a minha caixa craniana despertou do nevoeiro sonolento em que estava envolvida senti uma forte vontade de escrever, e se me fosse permitido estaria aqui a escrever até me as ideias se extiguirem, mas infelizmente não posso. As ideias para outros textos passam a grande velocidade, consigo apanhar algumas ideias e se tiver a sorte necessária talvez possa ter a possibilidade de lhes dar vida. Tal como não posso passar aqui o resto do dia a escrever, por ter outras prioridades, também nos temos que passar a ter prioridades no que toca ao ambiente, e passarem definitivamente para a realidade, porque daqui a uns anos metade do globo terrestre não irá ser tão feliz como nós somos. Primeiro nós, depois os outros, será tão dificil mudar para uma existência colectiva e saudável?

Sunday, March 11, 2007

The source is dry

Está um dia de sol, um raro dia de sol a meio de Março, tenho o comando da televisão a chamar por mim, o sinalzinho vermelho da playstation que indica o seu estado off grita insistentemente aos meus ouvidos, a possibilidade de ser de novo campeão europeu no mundo dos videojogos é bastante apelativo, mas contudo tenho que afastar estas ideias e continuar a ser prisioneiro. No meio de tanto tempo ocupado consigo escapar á realidade e vir aqui escrever, talvez ainda tenha meia hora disponível. Está complicado, tenho numa semana três testes, todos eles de disciplinas que tenho que estudar muito se não quero cavar a minha própria cova. É frustrante ter tantos apelativos a clamarem o meu nome e mesmo assim ter que viajar pela europa medieval do século XIII, ou ter que passar pela memória as pressões atmosféricas, matéria adorável diga-se.

Agora pouco tempo tenho para actualizar, pois diga sem mentiras que ao final de um dia de aulas e de estudo poucas são as forças e mesmo as ideias para escrever. Tenho uma infinidade de coisas para fazer, quero acabar de ler um livro, faltam-me menos de uma centena de páginas, mas por obra e graça do sistema de ensino depois de jantar pouca é a vontade de ler, a televisão ou as conversas de treta no Messenger sempre são mais apelativas á mente. Tenho todos os dias ideias para escrever e não consigo escreve-las, porque muito simplesmente não tenho opurtunidade para isso, quando me é possivel sempre escrevo durante as aulas, porque a vontade de escutar durante noventa minutos aquelas gentes não é muita. Esperançosamente, e pensado do modo mais optimista possivel, quinta feira posso voltar a ter uma vida mais sossegada e assim os artigos no blog vão ser mais, e esta monotonia de actualizar a minha vida dentro da blogosfera uma vez por semana terá que ser quebrada.

Quebrada tal como terei que acabar de ler este livro que já me faz doer a alma cada vez que abro as suas páginas, li-o aos soluços, uma ou duas dezenas de páginas por dia, o que faz com que seja extremamente doloroso. Durante dois meses, e á espreita tenho um outro livro que há muito anseio por o ler, a dor ainda mais forte é.

Na secretária, como é usual, encontra-se tudo desorganizado, copos de iogurte, cd´s variados, o livro que me faz doer o espirito, o telemovel que por motivo que nunca percebi é demasiado silencioso, o mp3 que já não muda de colectanea á uma série de meses, - também por falta de tempo, como é obvio -, o horrivel livro de matemática e sobreposto a este uns mapas das previsões metereológicas para um qualquer dia. Não me posso cansar, nem queixar da vida de estudante, mas sem dúvida que por vezes nos cansamos, tal como um pai se cansa de explicar tanta vez a mesma coisa ao filho, também eu me canso de ter que repetir sempre o mesmo mágico ritual de abrir o livro, ler durante umas poucas de horas até ficar com o cérebro feito em papa. Falta pouco, três testes que muito vou ter que marrar para não me afundar da linha de água dos 16, no fundo mais quatro dias até poder ter ideias e estas não serem atropeladas pela voz interna da cabeça que me diz "Estuda, estuda, estuda!", e depois destes quatro dias terem passado é só ter calma e esperar por mais uma semana até acabar o martírio de acordar cedo e cansado e voltar a deitar-me cansado.

A minha meia hora já passou, a minha massa cinzenta ainda não está liquifeita, mas falta pouco, espero que uma breve passagem de olhos pelas ordens eclesiásticas que pregavam a Inquisição tal George W. sejam suficientes para assistir ao meu Gato em sossego.

Monday, March 05, 2007

Anarquia





O ser humano ao contrário do que todos pensam é um ser altamente imperfeito, não foi concebido para agir em comunidade. Todos querem a glória e fazem tudo para encontrarem o filão dourado que os guiará até serem poderosos e os supremos junto dos seus irmãos. Aqueles que afirmam que o ser humano é um ser altamente sociável engana-se, pois um factor comum a todos as criaturas humanas é o egoísmo e o sentido de pertença. Também não somos um animal solitário, que não precisa de contacto com outros seres da sua espécie, realmente somos seres mais sociáveis que solitários e por isso criamos a civilização assim como a conhecemos, pois sozinhos a espécie não iria ter grande longevidade. Aquele que vive privado de qualquer contacto inter-pessoal é um louco, pois todos nós precisamos de exprimir os nossos sentimentos, ou então mais cedo, ou mais tarde estamos a dar por nós a falarmos sozinhos e a substituír a nossa realidade pela de todos os outros.


Á primeira vista a humanidade foi heregida a partir dos alicerces da primeira civilização, a nossa humanidade, tantas vezes espantosa e de facto admirável. Tudo o que poderia ter sido imaginado, já foi construído e agora pensa-se utopicamente em criar cada vez mais e sermos cada vez mais pioneiros em relação ao futuro. Mas, com o decorrer da história muita coisa ficou por dizer e outras tantas foram esquecidas pelo nevoeiro levantado em seu torno por aqueles que sempre controlaram o nosso modo de viver. E enquanto estes ditavam, e continuam a ditar o modo de viver de todos continua-se passivamente a viver cada dia, sempre assim foi ao caír-se no mesmo poço sem fundo, onde apenas um número contável pelos dedos consegue saír desse fosso e decide quem saí e quem lá fica esquecido pela imensidão do tempo. Somos passivos, não porque nos obrigam mas porque queremos e nunca nada se fez para a situação ser mudada. Agora de nada serve alguns cavaleiros tentarem derrubar a torre de babel, construída e fortificada durante centenas de anos, pois as heras que a ela se colam e adornam os seus jardins já penetraram as suas raízes tal como um polvo se finca a uma pedra.



Todo os dois parágrafos vêem confluir a um ponto, a este mesmo que agora lêem, o ser humano é egoísta por natureza e sempre terá a tendência para ser superior ao seu irmão. E juntando a este facto vivemos controlados por pouco menos que uma dezena de pessoas, nas mãos destes toda a nossa vida está dependente. Não conseguimos viver em harmonia, pois o nossos espirito impele-nos a ter o poder se nos é permitido ter e começamos a criar divisões, começamos a segregar sociedades e povos e mais tarde cada um destes povos assume-se a si mesmo como o melhor e entra-se em conflito. Seja qual for o sistema político em questão só um é perfeito, vivemos todos nós em democracia, mas também é sabido que esta democracia não se assemelha tão democrática como supostamente deveria de ser, os sistemas esquerdistas ( marxismos, trotskistas, maoistas, comunistas ) já deram o exemplo que estão longe da eficácia que se pede. Estes sistemas todos eles na teoria são bons, mas como é provado não têm resultados práticos. O único sistema político, embora utópico, que poderia ser fácilmente tão bom pragmaticamente como a nivel real é a Anarquia.


Desenganem-se a Anarquia não é aquilo a que a sociedade nos habituou, a Anarquia não é um grupo de jovens que consomem drogas e destroem e pilham cidades, não são grupos que atiram pedras á polícia e está realmente muito longe de ser a filosofia que se dá agora na Dinamarca. A Anarquia é um sistema simples, onde tudo é de todos, não existe propriedade privada e talvez a única verdadeira regra, se assim lhe podemos chamar, é a condição de deixar as coisas tal como as encontramos. Imaginem o quer era viver numa sociedade sem inveja e sem desconfiança um dos outros. Era uma sociedade harmoniosa e uma sociedade que apenas só se poderá viver em sonhos, nesta situação não haveriam esquerdas, nem direitas, não haveriam poderosos e classes baixas, seriamos todos iguais, trabalhariamos por um objectivo: o proveito dos outros, para que seja também proveito nosso. É uma sociedade utópica, bem o sei, mas custa-me acreditar que a sociedade foi eregida em pilares tão podres e mais tarde a própria podridão humana se entranhou nestes.




Pelos próprios "anarquistas" que só degridem o próprio nome deste sistema, pelos actos que em tudo vão contra a própria filosofia, é que quando eu digo que sou, ou gostaria de ser, anarquista as pessoas olham para mim e não me levam muito a sério. Para fazer a minha voz ouvir-se tenho que dizer que sou de direita ou de esquerda, que apoio x ou y, mas a verdade é que o mais próximo que podemos ter está nas mãos de Barack Obama, de Ségoléne Royal, de todos os sistemas esquerdistas que existem e por tal a Anarquia é tantas vezes associada a um mau nome, a uma palavra suja e feia de se dizer. Poucos são aqueles que sabem o que Anarquia realmente é, esses tal como eu continuam a sonhar na procura de dias mais justos, mais fraternos e mais livres.

Friday, March 02, 2007

The light in the end of the tunnel



"People fear death even more than pain. It's strange that they fear death. Life hurts a lot more than death. At the point of death, the pain is over. Yeah, I guess it is a friend "


Jim Morrison