Tuesday, September 29, 2009

Um velho conto

Deixem-me escrever sobre aquilo que eu me considero incapaz de escrever...

Há um lugar algures dentro de mim que eu não consigo explicar especificamente o que é, talvez alguma ligação ao meu ego, talvez um lugar na minha mente que é mais poderoso do que qualquer outra coisa que eu possa controlar. Há uma fábula, sobre uma criatura solitária, que um dia resolveu refugiar-se numa escura floresta, era tão densa que os raios solares não tocavam no chão. As árvores eram frondosas, com os troncos tão grandes que seriam precisos dez homens para o abraçarem. No chão crescia uma vegetação rasteira, um tapete de relva estendia-se por toda a floresta, pequenas flores vermelhas, tão vermelhas que pareciam incendiar o chão, cresciam um pouco por todo o tapete. Era uma floresta silenciosa, não se ouvia barulho algum tirando o chilrear dos pássaros que pousavam no topo dos pequenos arbustos, que habitavam as margens do estreito ribeiro que serpenteava por entre a floresta. Era o último espaço virgem que existia. Dizia-se então que os homens que carregavam um fardo demasiado grande pela vida vinham-se refugiar para esta floresta, vinham procurar a paz que nunca tiveram. Depois de lá entrarem nunca mais eram vistos, os antigos diziam que se transformavam em animais, uns em ursos, outros em pássaros, outros em lobos, outros em veados.

Um dia a tal criatura que falei, diziam uns que eram um lobo, outros afirmavam ser demasiado grande para um lobo que talvez fosse um urso, encontrou na floresta um homem, moribundo, chorava e julgava-se totalmente perdido. O lobo cheirou-o, olhava para ele com o sangue a raiar-lhe os olhos, mostrava os afiados dentes. O homem estava imóvel, mal respirava tal era o medo. A solitária criatura saltou para cima do homem, cravou os dentes no seu pescoço e depressa o homem sucumbiu à força do animal. O animal não tocou na carne do homem, seguiu o seu caminho. Onde estava o corpo do homem agora só restavam umas flores vermelhas, aquelas que inundavam a floresta, novas, lindas, frescas. O seu território não podia ser violado, a sua paz não podia ser posta em causa. Que lugar tão calmo, que lugar tão tranquilo, que lugar tão brutalmente opressor.

( Deve de continuar... )

Monday, September 28, 2009

Regresso

Se penso da mesma forma que pensava desde que escrevi aqui pela última vez? Não, não penso.

É engraçado saber que este blog já tem 3 anos, 3 anos da minha vida aqui escrevi quase sem um único stop pelo meio. Tive que abrandar, não porque já estivesse farto disto, o que não estava, mas sim porque há outros projectos em que me envolvi durante este último ano. Por muito que goste deste blog é apenas um blog, os outros projectos vão muito á frente deste.

Lição mais valiosa que aprendi, ou das mais valiosas, durante este tempo: Aquilo que tu dás aos outros é aquilo que acabas por receber.