Monday, September 03, 2012

Pleistoceno

O vácuo levou tudo, a existencia limita-se a momentos perdidos olhando para paredes brancas, fazendo delas telas de veludo, onde pinto a vida de qualquer forma que me aprouver.

A vida não é cor de rosa, e lentamente, com o passar dos anos, o lado negro da vida apodera-se da perfeição, que um dia se julgou haver. Tudo cai como um baralho de cartas debaixo dos pés, em camara lenta, uma por uma até os pés voltarem a tocar o chão. Ali fico deitado, de costas no chão e os olhos fixados no tecto. Tudo podia ser pior, mas em que vida se pode dar significado há existência que se está a viver? Será que existe sequer significado?

E o afastamento de tudo o que conheces processa-se e dá para ver, que nada é perfeito. Será que algum dia foi? Era mesmo, ou era apenas a visão que era diferente? É o tempo de deixar para trás tudo aquilo que um dia teve significado, cortar o cordão umbilical com a lâmina de fogo, que sempre cortou a vida nos momentos importantes, não menos traumáticos, mas importantes.

Será que é verdade? Será, ou é apenas a minha visão que está desfocada? Nunca se pode saber nada, para quê? Para que serve saber?

Thursday, May 10, 2012

Verdades

Irmãos, na verdade, virtude e na certeza de nada ser. Criados segundo protótipos sociais, cada um encaminhando aquilo que mais quer ser, mas que talvez um dia nunca irá ser. Sonhos, tudo sonhos... vivemos dos sonhos, acreditamos nos sonhos e na verdade somos movidos por nada mais do que a vontade de tornar esses sonhos em realidade.

Isso é o que há, pouco mais ou mesmo nada. Acreditar naquilo em que deve ser acredito. Beleza. Verdade. As principais matrizes da vida. O sangue que te corre, não te pertence, mas sim a homens do passado, homens a quem deves tudo aquilo que hoje tens. Verdadeira força, coragem e determinação. Tempos ido, indiscutivelmente mais difíceis que este, aquele em que vivemos, em que a dificuldade, na verdade não é mais do que uma facilidade. Apenas difícil... porque não estamos habituados a nada. Verdade difícil de engolir, contudo a maior de todas elas....

Thursday, April 19, 2012

Mecanização Pensante

Parado no isolamento, no pior de todos: entre paredes e com pessoas à volta. Sonho acordado com as nuvens que corriam o céu de planicies amarelas, ondulantes e o cheiro a óleo de engrenagem e rodas motrizes de comboios. Eterno descontentamento, plenitude de conhecimento.

O conhecimento não é do teu interesse. O que vais fazer com todo esse conhecimento que tens que saber? Serve-te de algo? Em dezenas de anos aprende-se tudo aquilo que é necessário para ter um emprego, contudo nada daquilo que se aprende prepara alguém para a vida. O conhecimento não é do teu interesse...

Cercado pela clausura da eterna pergunta: "O que mais há para além disto?" Principalmente quando "isto" é tão pouco... Descoberta de novos mundos, novas realidades, novos seios em que a cabeça possa repousar depois de um dia em que nada ficou por fazer. Sair de um dia com graça, sem deixar rasto a não ser o da memória da presença que criamos.

A que é que renuncio? O que é que acolho como fortificação do espírito?

Perseguir o mistério que há na vida, criar este mistério...

Sunday, January 22, 2012

Paredes riscadas, escrito na estrada aberta

Talvez demasiado cansado para escrever. Mas hoje é a última noite.

A máquina de lavar não para de trabalhar. A rapariga que aqui trabalha vai estendendo os lençois no corrimão do corredor, dá para o andar de baixo. A garrafa de água está fazia, as pernas demasiado moídas para ir buscar mais. Sozinho amanhã parto para outra cidade. Estadia final, contar dias, semanas, calças e camisolas: embrulha-las na mala quase vazia. Solidão de sala de convívio de um hostel vazio. Paredes vermelhas e amarelas, tem uma serpente pintada. Única companhia num domingo.

Quando se viaja está-se longe e perto de tudo. Acredito cada vez mais, que aqueles que não viajam, acabam por não conhecer o mundo. Pensam que sim. Mas na verdade não. Sinto principalmente, que não se sabe nada de viajar... até se ter viajado sozinho por um certo período de tempo. Acordar numa terra distante, em que não conhecemos ninguém. Acordar e termos mais 5 pessoas no mesmo quarto. Uma vez na vida temos que nos encontrar numa situação que nos coloque tão longe, tão sozinhos que saibamos que em nada mais podemos confiar. Não amigos. Não família. Nada... a derradeira etapa de crescimento, a caminhada sagrada. Quem nunca viveu sozinho: não se conhece.

Quando estamos por nossa conta, tudo ganha mais significado e curiosamente: mais arriscamos; mais alto voamos.

Um amigo meu disse que apenas três coisas poderão ensinar a um homem tudo aquilo que ele precisa de saber na vida: viver sozinho; viajar; & encontrar uma mulher verdadeira. Nada traz mais um homem à sua condição mais primitiva do que essas três experiências. Nada o poderá ensinar mais.

Aqui caiem os preconceitos, cai a visão que nos impõe do mundo. Perigo! Com certeza que não conhecem muito do maravilhoso mundo em que vivemos. O simples conceito de partilhar um quarto com o número de dedos da palma da mão desafia tudo: contam-se histórias; partilham-se frustrações e medos; por vezes ouvimos o outro a chorar e no dia a seguir contam-se piadas, piadas que se conta apenas a amigos de anos. E somos desconhecidos, por vezes nem o nome sabemos um do outro, mas isso não importa...

Viver no vento! Nesse lugar mágico aprendes tudo aquilo que precisas. Sonhas em encontrar na estrada uma mulher de verdade, se já conheces-te uma, então esperas pelo dia de a voltar a encontrar, ou fragmentos dela nos kilometros percorridos.

A essência de um homem vem das experiências que este viveu, mais depressa confio num desconhecido com quem partilho a mesa do que em alguém que nunca viveu fora do seu ambiente. Todos os viajantes sabem daquilo que falo. E quando me perguntam se sou um turista, a resposta é sempre a mesma: "Não, não sou um turista. Os turistas esperam pelo dia para voltar a casa... eu não sei para onde vou!"

Sunday, January 08, 2012

A confusão masculina em torno do desejo sexual

(...) Aos homens para além de reprimir o seu lado sexual, também os torna menos masculinos, porque não é isso que a sociedade quer. No processo de crescimento os homens aprendem que não podem ser agressivos, mal-educados, inconvenientes, rudes e principalmente fazer algo que desagrade uma mulher. Aqui entra em jogo a parte em que somos homens criados por mulheres, sem nenhuma referência masculina na nossa vida que nos faça trazer ao de cima o nosso verdadeiro lado orgulhoso em ser quem é. Daqui vem a grande confusão que há entre os homens: o que é que as mulheres querem? O que é que devo de fazer para agradar a uma mulher? O que é que a sociedade espera de mim em todas as áreas da minha vida? Deixamos de saber quem somos, deixamos de ter a energia e força necessária para cravar a nossa espada no chão e reclamar o nosso território.


Mas cedo percebemos que algo de errado há na história que nos foi contada: somos simpáticos, atenciosos, respeitadores e românticos. Tudo aquilo que nos foi dito para ser, tudo aquilo que nos fizeram acreditar que é o que as mulheres querem. Mas existe uma diferença entre a teoria e a realidade: esta nossa maneira de ser não nos leva a lado nenhum, queremos namorar com determinada rapariga e somos colocados na “zona de amizade”, somos simpáticos nas nossas relações com todas as pessoas e algo dentro de nós começa a ganhar rancor à sociedade: o facto de não podermos desagradar as pessoas não nos deixa ser livres para fazermos aquilo que queremos!


Mas a maior repressão que a sociedade faz ao espírito do homem é a repressão do seu lado sexual. Expressar o seu desejo sexual por uma mulher é um sinal automático de falta de respeito. Deixamos de ser respeitadores e com certeza que as mulheres não gostam disso! E elas demonstram isso perfeitamente, até quando somos simpáticos elas demonstram desagrado. Mas o que não compreendemos é que as mulheres são criaturas sexuais que querem ser celebradas na sua beleza e sexualidade! Mas nunca ninguém nos disse isso, nunca ninguém nos disse que deveríamos de tornar as outras pessoas desconfortáveis, se isso fosse o resultado de falarmos a nossa verdade. Fomos ensinados a reprimir tudo aquilo que nos torna atraentes, ensinados em não saber quem somos e o que queremos.

É necessário fazer menos, tirar camadas sociais, simplificar e retomar às origens!

João Fernandes

~Sedução Genuína~