Sunday, August 31, 2008

17/04/08

A sério, que devem de estar a brincar comigo. O mundo está de pernas para o ar, são 11:14, está um vendaval lá fora. As luzes cor-de-laranja dançam ao ritmo rápido do vento, as árvores lutam para se agarrarem ao chão, as persianas estouram contra o vidro tal é a força da chuva e do vento. Estamos em Abril e acabo de vir macadamizado por um teste de Cesário Verde, o homem que escrevia prosas em poemas, era tudo uma guerra entre campos vs cidade para esse senhor, hoje parece que Verde foi esmagado pelo betão. Gostava de parar o tempo, pensar um bocado, não para reparar os erros mas para aprender mais com estes. É estranho acima de tudo, as relações humanas, isso e o tempo, regem-se por uma linha simples e linear, dividem-se numa série de "efeitos de causalidade" e espaços temporais infinitos que se prolongam para além do que a minha imaginação permite.

Friday, August 29, 2008

Maio de 68

"Um homem não é estupido ou inteligente. Ou é livre ou não"

Thursday, August 21, 2008

Cheio de...

Em todo o lado menos aqui. Tudo o que deixei para trás, tudo o que ficou por fazer. A nostalgia que se emancipa do meu ser, as paredes despidas e todo o espaço despromovido de objectos. Este quarto vazio, sem nada. Para lá da porta, memórias empacatodas em caixas de cartão. Dentro, acendo o cigarro, uma nuvem de fumo percorre o ar, desaparece tal como a minha vida se esvaneceu nestes 5 anos. Encosto-me à parede, ponho o cigarro outra vez na boca e fecho os olhos. Se me concedessem um desejo, então gostaria que a vida tivesse banda sonora, tenho a certeza que a esta hora Springfield estaria a tocar a sua guitarra, em acordes toscos e desafinados de "For What´s is worth". Isto porque porque nada valeu a pena, um canudo na mão, esperanças que caíram mal aqui entrei. É a verdade, todos os anos, todos os dias da tua vida te vão fazer promessas de sonhos irrealizaveis, o problema não é estes serem irrealizáveis, é fazerem-te promessas. A verdade não precisa de promessas, a verdade é apenas isso, a verdade, não necessita de suportes para que se possa tornar realidade. Quando te prometem algo, não contes com muito, é inerente á psicologia humana. Tal como quando te sentes desconfortável cruzas os braços á frente do peito, ou quando mentes os teus olhos não pestanejam, pelo motivo de teres medo que a verdade seja descoberta. Nestes 5 anos nunca pedi nada mais senão a verdade, não me dês amor, nem me enchas com o teu ódio, não quero a tua amizade, nem o teu sexo, dá-me a verdade. Em 5 anos foi o que pedi, a verdade, nunca me deram.

Deito o cigarro ao chão, apago-o com a sola das sapatilhas demasiado usadas, pego numa garrafa de cerveja prostrada no chão. Olho para ela e de seguida para a parede. Segundos depois os estilhaços do vidro percorreram o quarto, a parede continua intacta e eu com a respiração ofegante, com a frustração nos meus olhos, giro sobre o eixo imaginário do meu corpo, percorro com os olhos todas as paredes. Tudo vazio, tal como me deixaram. Cuspo no chão, fecho a porta atrás de mim, deixo a caixa de cartão abandonada, - talvez a merda dos diplomas e das menções honrosas dê mais jeito a outra pessoa do que me deu a mim. Desço as escadas. Reparo que ao entrar no hall vários conhecidos, com as suas familias, me cumprimentam com pequenos acenos com a cabeça. Olho. Sorrio. E retribuo o pequeno cumprimento. Atiro as chaves para cima da secretaria. Saío pelas portas principais do dormitório, coloco os óculos de sol, percorro o campus, abro o carro, ligo o motor e... e finalmente estou na estrada. Sem destino, não sei se morro ou se vivo, mas a verdade não me foi dada e por isso, nada disto vale a pena. Liberdade, á distância da verdade. Talvez fosse assim que estava destinado a ser, a verdade não foi dita, porque sem ela a liberdade seria inalcançável!

Monday, August 11, 2008

A perfeição

E se nos fossemos embora? Poderiamos deixar tudo isto para trás, todas estas mentiras, que um dia foram verdades encurraladas nas escabrosas paredes de betão que nos rodeiam por todos os lados. E se fossemos livres para voar, para planar na altitute tal como as gaivotas que pairam diante de mim, voariamos? Ou continuariamos a viver que nem os pombos que se passeiam pelo chão, sem rumo, desorganizados, caoticamente desorganizados, mentalmente mortos e há muito sem vida. Sim, sem vida, totalmente despromovidos de vida, termos o céu a abatar.se sobre a nossa cabeça e não podermos voar quando temos asas é patético, tal como as nossas vidas. Do mesmo modo, também nós. Só porque respiras não significa que estejas a viver, muito provavelmente estás morto, és apenas um cadaver que respira. A sério, vamo-nos embora?

Não te faço esta pergunta, porque sei que nunca terias a força necessária para agir pelos teus próprios instintos, já os perdes-tes e duvido que algum dia os voltes a recuperar. Estás morta na tua imbecibilidade, adormecida pelo desmaio temporário que a televisão te dá, reduzida pelo tabaco que consomes, corroída pela vida fantasiosa que vives. Dizes-te superior, com uma forte personalidade, mas a verdade é que com simples palavras te arrebatei, reduzi-te a nada, faço de ti o que quiser, obedeces e deixo-te ter as tuas pequenas liberdades, de forma a te controlar sem dares por isso. Onde está a tua altivez?, furei o teu balão com um alfinete e ele explodiu, caíu, perdeu-se. Mas isso eu não te consigo fazer, não te consigo fazer agir pelos instintos, seres outra vez tu, descobrires o lado mais selvagem e loucamente irracional que há em ti. Não consigo, porque morres.te para a vida e isso nem eu te consigo fazer ressuscitar. Só tu te podes salvar, eu sou impotente neste aspecto.

As nuvens pairam altas no céu, gigantesco, na sua imensidão parece que se abate sobre as nossas cabeças, sentimo-nos esmagados. Por fim, parto e deixo-te para trás, porque quando eu voar tu estarás a passear imbecilmente pelo chão, eu serei livre e tu estarás absorta nessa droga doentia em que se tornou a tua vida. Só porque respiras não significa que estejas viva.

Saturday, August 02, 2008

Pensamentos

Não ando definitivamente nos meus dias. Aprendi com uma frase escrita num muro de Paris em 68, "Sê realista, exige o impossivel", e é isso que exigo a mim próprio todos os dias. O impossivel.
Necessito de algum livro que me acalente o espirito, tem sido dificil encontra.lo nestes últimos tempos, a falta de perguntas preocupa-me mais do que a falta evidente de respostas.
As vidas de plástico que vivemos é demasiado visivel, os sorrisos, as casas, os objectos, tudo de plástico, tudo verdadeiro, tudo falso.
Como podemos nós estarmos zangados com a sociedade, se não estivermos zangados connosco, nós somos a sociedade. O mal que existe não é fruto da sociedade, mas sim fruto das nossas consciências apodrecidas.
O ódio é um privilégio. Movidos pelo ódio conseguimos fazer aquilo que nunca pensamos ser capazes de ter coragem de fazer, o ódio não é mau, é um dom. Toda a pessoa priviligiada é corrompida e acaba por se auto-destruir.
A verdadeira felicidade de viver não vem das relações com outras pessoas, vem sim da procura e da descoberta da aventura que a vida é, na qual se englobam essas relações. Seria muito limitativo atribuir toda a felicidade ás relações que temos com outros, seria uma visão deturpada.