Tuesday, January 16, 2007

Estes jovens...

Bem, como posso eu começar com isto? Torna-se complicado, porque eu ainda pertenço um bocadinho ao tema aqui tratado. Mas vamos lá.
A pouco menos de uma hora ouvi no telejornal, - sim, eu vejo o telejornal -, que os senhores ministros e respectivos secretários da juventude e educação querem que a partir de agora, os petizes deste nosso Portugal tenham até a 8º ano, professores únicos para todas as disciplinas. Para não começar já a chamar de idiotas e bestas a todos os portugueses que estão á frente deste governo, tenho que admitir que fiquei perplexo e com uma vontade de rir extrema. Quase tão grande como quando ouvi do caso do "Mascarilha" de Sines, mas isso é outra história.

Ora então o nosso governozinho de brincar já está a tratar de criar cursos para os efectivos das escolas começarem a dar as aulas aos meninos, a todas as disciplinas. Entre todas as tretas que um dos muitos secretários da ministra disse esta foi a melhor: que não se tratava de uma forma de reduzir o número de professores, mas sim de uma forma de não existir o choque a que as crianças portuguesas se deparam no 5º ano. Revelação! Os putos do 5º ano sofrem uma grande pressão e por vezes descargas emocionais por não estarem habituadas a "trabalhar" com vários professores. Para além desta ser uma desculpa apaneleirada, não é mais que uma desculpa para este governo mandar mais professores para a rua. Mas desculpem-me, esta dos putos ficarem traumatizados foi realmente do melhor, nós hoje estamos a criar uma geração de atadinhos que se lhes doi um dedo mandamos o menino ao hospital, se o menino se corta a fazer a barba corre o risco de se esvaír em sangue.

Em questão do governo já não me surpreende, já todos sabemos como estes senhores são, penso que nem vale a pena desperdiçar palavras com estes indivíduos. Mas esta dos meninos mereceu um texto dedicado exclusivamente aqui nos "Ases Perdidos". Como aqui á tempos aquela senhora de nome alemão e muito loira que escreve no Noticias Magazine disse: "nós, mães dos jovens de Portugal estamos a criar uma geração de atados que precisam de ajuda para tudo". Eu sei, também já sou da geração que foi criada á frente de uma televisão 24/7, mas se há algo que me orgulhe mais é da minha infância. Mas também o digo, andava todos os dias mais o meu avó 4 quilometros a pé só para ir para a escola e nunca me queixei que precisava de uma escola mais perto. Eu e muitos outros andavamos numa escola de freiras em que se erravamos uma conta levavamos um arraial de porrada que nos cagavamos todos, e surpreendentemente nunca aparecemos no Jornal Nacional a falar mal das freirinhas.

Quando passei para o quinto levei com uma data de professores e não tenho grandes traumas,( pelo menos a nível da escola ). Tinha uma freira, que ensinava matemática e quando chamava alguém para fazer uma conta de matemática ao quadro todos da turma se encolhiam e se tornavam muito pequeninos á beira daquela senhora. Eu tinha o azar de ser o número 15, ela adorava aquele número, e lá ia eu. Ia a tremer por todos os lados diga-se, pegava no giz e riscava o quadro a medo. Eu sempre fui um nabo a matemática, passava as aulas a desenhar letras dos Maiden na capa, e como normal em mais de metade das ocasiões errava a operação. E leva via eu eu a patorra da senhoraa descer na minha direcção até se estatelar na minha cara. E estou aqui vivo a contar isto.
Numa outra ocasião, eu e um colega meu tivemos uma brincadeira estupida, essa mesmissima freira topou-nos, dois para a dispensa. Eu safei-me e assisti todo a borrar-me á porrada que o meu colega levou, e eu a rezar á santinha que dava nome ao colégio para não ter a mesma sorte.

Foi assim que eu cresci, com uma boa educação em casa, com lei marcial na escola, nunca nos queixamos a ninguém e todos os dias temiamos a irmã Rosário, o nome dela, mas ninguém falava tal era o medo. Fomos para uma escola secundária como quem ia para uma frente de batalha que não conheciamos, adaptamo-nos e cá andamos. Agora não me vinham com tretas e mentirinhas sobre os meninos que sofrem choques muito grandes, tudo porque não estão preparados para levarem com tantos professores em cima. Se o que eu passei foi uma mariquice, nem vou vos roubar tempo a falar sobre o tempo do meu pai e avô. Aí é que me ia rir á grande.

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