Saturday, February 26, 2011

Memoria Conditor

Descansamos o corpo, sob o céu negro de estrelas cadentes, sabendo que o dia de hoje não voltará a ser o mesmo. Jamais. Uno. Indivisível. Implacavelmente morto no espaço uniforme de 24 horas e não mais um minuto, e assim pousamos a cabeça na almofada. Tudo numa certeza de adormecimento breve, em torpor afflicta, sem saber onde se caminha, como e em que caminho nos levam os pés no vazio escuro da decadência do consciente.

Somos induzidos numa soma tranquilizante, bem ao jeito de Huxley. Perdidos no mundo tão surreal em que os desejos se sentem na flor da pele, nesse mesmo momento em que os pêlos dos braços se eriçam ao sentirem um beijo frio da partida do sonho. É-se levado, por Milton até ao seu Paraíso Perdido onde podemos ser tudo o que quisermos. Sem limitações, liberdade criativa e processual total. Mas tudo... tudo no escuro do ser, embrenhado na categoria de creator mundis, senhor de uma luta incrível do elemento do ser contra o negro desse mesmo senhor.

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