Sunday, January 07, 2007

Esta é a justiça


Em Maio de 2003 os Estados Unidos conduziram a operação, Iraque Livre, passadas poucas semanas já a estátua do ex-ditador Saddam Hussein caí por terra. O povo iraquiano, xiitas e sunitas juntos gritavam e festejavam os primeiros momentos de liberdade desde 1979. A invasão iraquiana teve o condescimento da ONU, as tropas governamentais não ofereceram qualquer resistência, a maior parte da familia Hussein fugiu para a Jordânia, contudo Saddam continuou a monte. Em Agosto do mesmo ano já se via sinais de rebelião por parte da comunidade xiita, liderada por Moqtada Al-Sadr. Entretanto, sunitas refugiavam-se nas suas casas visto que o seu lider nõa dava sinais de vida, começaram a ser persiguidos por xiitas e pelo governo norte-americano. Viveram-se tempos de anarquia no Iraque, homens e carros bombas são algo habitual no quotidiano iraquiano, as cidade de Bassorá, Bagdade e a região curda são locais de grande actividade terrorista. Nurik- Al- Malik assume a presidência iraquiana, apoiado pelos movimentos xiitas iraquiano, não é mais do quem um fantoche nas mãos de Al-Sadr. Morrem civis, soldados estrangeiros, guarda cívil iraquiana, que no fundo são todos inocentes da loucura de uns quantos homens.

George W. Bush entretanto é re-eleito presidente americano, resultados duvidosos, mas ninguém contesta. As armas de destruição massiça nunca foram encontradas, o mundo e os americanos começam a perceber que afinal não foi mais do que uma estratégia para existirem receitas para as petroliferas americanas. Cerca de 200 inocentes morrem por semana, existem manifestações em tudo o mundo e G.W. Bush recusa a retirada de tropas de território iraquiano. Saddam Hussein é encontrado passados dois anos da invasão, o mundo americano não se contenta que em troca de milhares de mortes encontraram um homem claramente debilitado. Para o governo americano é uma vitória. De cada um dos lados, Bush e Moqtada Al-Sadr recrutam tropas e incitam á guerra, para se encontrar o caminho de libertação do mesmo povo. A guerra no Iraque é vista como um fiasco, antes das eleições para a Camâra dos Representantes Bush recusa a visão de uma derrota em solo arábico. Os Republicanos perdem pela primeira vez em 15 anos para os Democratas no Senado, Bush pondera uma nova medida para a situação no Iraque, nomeia novo secretário de estado para a defesa, após a demissão do incrédulo Donald Rumsfeld. Saddam é condenado á pena de morte, julgado num circo montado pela CIA e governo americano, apenas julgado por um dos seus inumeros crimes. É conhecido a nova estratégia para o Iraque, mais 40.000 soldados irão ser enviados para território iraquiano, juntado-se aos seus 3000 colegas já mortos, tudo pelo lunatismo de um homem.

Saddam Hussein, como era conhecido, foi morto num cenário lembrando alguma celebração muito macabra em Bagdad, data a semana passada. Este é um claro exemplo de como a estratégia para a guerra no Iraque não está a ser conduzida como supostamente é. A invasão no Iraque foi uma das maiores atrocidades cometidas neste inicio de século XXI, em menos de 4 anos contam-se 3000 mortos do lado americano, civis iraquianos são cerca de 600.000. Contudo, o governo americano e boa parte do mundo vê a morte de Saddam como sendo a justiça a trabalhar. Qual será a justiça em terem morrido mais de meio milhão de pessoas? Pergunto-me agora, porque não foi Saddam julgado por um tribunal universal? Oponho-me com todas as minhas capacidades á pena de morte. Saddam durante o seu tempo no poder mandou assassinar 300 curdos e xiitas por ano, em média. Agora no Iraque por semana morrem 200 pessoas, recuso-me a pensar quantas serão ao final de um ano. É esta a justiça a que o mundo está sujeito, é esta a justiça imposta pela Organização das Nações Unidas? A morte de Saddam não mudou nada, irá piorar e mais irão morrer inocentemente, apesar de ditador, tirano e todos os cognomes que lhe possam dar porque mataram aquele homem? Na minha justiça não será mais tirano e lunático o homem forte da casa branca, George W. Bush, o número de mortos falam por si.

Nunca poderei ficar satisfeito por alguém ter morrido, não existe diferença entre os mortos iraquianos e americanos, são todos ser humanos que mereciam viver mais uns anos de vida. Uns mereciam voltar á sua terra natal, ver os filhos crescer, acompanhar a vida da sua familia, educar os filhos e finalmente reformar-se e viver feliz até ao final da sua vida. Mas afinal não, regressaram ao seu país, fechados em quatro tábuas de madeira, uma bandeira americana em cima do caixão, a viuva chora a morte, tem direito a salvas de canhão e enquanto as correntes descem o caixão num cemitério comum de soldados ouve-se o som de Star and Stripes. Para o governo americano foi feita justiça, um esforço em prol da "liberdade". Marcou a vida da víuva, um orfão irá aos fim de semanas ao cemitério visitar o pai, que morreu como um bravo, a lutar.

Tudo isto são tretas sem fundamento, para mim nunca mortes podem ser sinónimos de liberdade, justiça, igualdade e fraternidade. As últimas palavras do monstro foram "Não é assim que o povo iraquiano se deveria unir", foi interrompido pelo capataz que gritou: "- Cala-te ditador, viva Moqtada Al-Sadr", lider xiita e forte opositor á politica de Hussein, por fim disse: Maomé..., e o chão fugiu-lhe, mergulhou para um infindável mundo negro. Gritaram-se vivas, dançaram a volta do corpo, cuspiram e espizinharam o corpo, esta meus amigos é a justiça. A ONU nada fez, o tribunal era contralado pelos americanos, mas estes libertaram-se de qualquer ligamento que poderiam ter com a pena de morte. Nenhuma morte se justifica, ao contrário de muitos não durmo melhor por saber que alguém morreu, não me sinto mais feliz, nem seguro. Esta é a triste realidade. Eu não defendo nenhuma das partes, o homem era um tirano e um monstro, mas se me dessem a escolher entre meio milhão de pessoas vivas ou mortas, eu sem pensar sei que preferia que ainda respirassem, talvez dormisse mais descançado. Hoje explodíu um carro armadilhado em Bagdad, morreram 23 pessoas e agora pergunto-vos, que estupidez é esta, felizes por o número de mortes crescer a cada dia?

1 comment:

Anonymous said...

Nao axu k sim nem h nao, antes pelo contrário!!