Saturday, June 02, 2007

Erguer as vozes contra o G8





Este fim de semana em Rostock, Alemanha prepara-se a cimeira G-8, reunião dos países mais industrializados do mundo. Entre estes oito países conta-se a França, Itália, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Japão, Canadá e Russia, que por norma se reunem quando entre eles consideram que algo no mundo tem que ser debatido, mas o problema é que entre todos estes colossos discute-se tudo menos aquilo que é verdadeiramente importante para o futuro e para o presente do planeta. Estes grupos apoiam a globalização, o dominio dos ricos sobre os pobres, dos poderosos sobre os fracos, da abolição dos pequenos pelos grandes. Numa atitude completamente egoísta os 8 presidentes discutem o futuro das relações entre eles e todos dão a sua opinião sobre os assuntos tidos como os mais importantes.

Contudo o caso piora, a cimeira do G8 é altamente reprovável por grupos anti-globalização que acusam este grupo de discutir o futuro económico, social e ambiental sem qualquer legitimidade, nem transparência. Porque afinal que legitimidade pode ter um grupo de 8 países sobre o resto do mundo, se todos nós sabemos que os Estados Unidos brincam aos soldadinhos de chumbo um pouco por todo o planeta, imaginem que estes agora convidam mais 7 amigos para debaterem qual o próximo passo a seguir. Para além de ser ridiculo é algo que vai acabar por destruír o mundo tal como o conhecemos, sendo todos estes países democráticos previa-se que alguma acordo positivo pode-se saír de tantas horas de reunião, mas como é obvio nunca saí nada de produtivo, visto que se debate tudo o que não é importante.




Só para citar um exemplo, vai estar em cima da mesa a nova proposta da administração Bush para a "segurança" do mundo ocidental: montar um radar na Républica Checa e defesas anti-missel no leste da Europa, claro que os nossos amigos do outro lado da barricada, os russos, não pensam que isto seja muito agradável e em retaliação testaram o novo míssel intercontinental com capacidade de transporte de 10 ogivas nucleares. Passado 20 anos parece-me uma continuação da corrida ao armamento da Guerra Fria. Outro exemplo digno de qualquer anormal é a proposta de W. Bush para que os países que ultrapassem o limite imposto pelo Protocolo de Quioto, os maiores poluidores, não sejam penalizados mas sim que lhes sejam dadas ajudas tecnológicas de forma a evoluirem e assim, supostamente, poluem menos.

Pelas ruas de Rostock foram presos 17 manifestantes, porque lutavam contra as forças da autoridade, tudo porque estes rapazes estão contra a merda que este mundo se está a tornar. Não os condeno de todo, apoio-os até, porque eu também estou farto que se discuta sobre as novas guerras e mais quantos milhares de soldados terão que ser mandados para a linha da frente. Estes presidentes tão sabedores das relações externas ainda não se aperceberam que mais ninguém, excluindo eles próprios, quer saber de mais massacres. Hoje queremos que se discuta sobre o estado do planeta, sobre os perigos ecológicos com que nos debatemos, com as novas propostas para que seja possivel a existência de uma solução para a situação de Darfur e do Congo, de mais e melhores condições sociais. Ao contrário das guerras estas situações podem ser ganhas e com o menor número de baixas possíveis, porque analisando tudo o que lá se discutiu nunca houve solução para nada, só uns apertos de mãos e umas palmadinhas nas costas.





Quão alto teremos nós que gritar para que nos ouçam? Muito, presumo, porque já foram proibidos manifestações, ao que parece pode incomodar os supra-sumos da politica. O lema dos protestos é "É possivel um mundo melhor", e realmente este pode ser possível desde que se comece a debater verdadeiramente os problemas do mundo. A globalização é um cancro no mundo, algo que nunca deveria de ter existido e hoje protesto e grito contra eles, porque está provado que a merda do sistema que está implantado nunca deu provas positivas. Não condeno estes homens que corajosamente lutam contra a policía, só porque durante a manifestação começaram a gritar palavras contra a reunião dos 8 poderosos. Fodasse, eu pensava que se vivia numa democracia, isto é a merda do sistema?, um local onde não nos podemos manifestar se incomodarmos aqueles que ordenam? Fodasse para isso vou viver para a Venezuela, visto que o sistema seguido é o mesmo. Fala-se tanto na justiça do mundo ocidental que acabaram por acabar iguais ao El Comandante!.

Eu hoje não acredito na democracia, não acredito neste mundo, porque tudo aquilo que é feito é uma contradição daquilo em que a democracia se baseia. Desculpem eu não quero viver num mundo estandardizado, eu protesto-me contra a politica externa americana porque sou vitima dela. Tenho vergonha de dizer que sou ocidental quando já nem dentro do espaço europeu os cidadãos podem protestar pela melhoria dos sistemas sociais, dos direitos humanos, da estandardização da paz e da democracia por todo o mundo. Sou anarquista, se pude-se cuspia na cara dos filhos da puta que hoje ditam a minha vida e decidem o meu futuro, somos os cordeiros sob o cajado do Tio Sam. Chega de armas de destruição maciça, chega de chacinas que ainda são cometidas e por um mundo melhor e mais igual, pelos direitos humanos sejamos uma vez na vida unidos contra os poderosos. Porque para além dos sistemas anti-misseis ainda á pessoas que morrem de fome e em 60% das partes do mundo os direitos humanos e animais nem sequer são respeitados. Então senhor Sarkozy, Bush, Blair, Putin,.... peço-vos que uma vez na vida ouçam aqueles que vivem a verdadeira realidade e que os nossas vozes já se ergueram demasiado alto.



Pela raiva que sinto, pelo merda que este mundo se torna politicamente, sejamos anti-globalização, por uma vida melhor!

2 comments:

Nuno said...

Quando já ficou tudo dito, acho que só te posso dar os parabéns por mais um excelente texto.

Continua assim.

Afinal como é que alguém com dois dedos de testa se pode calar quando (um exemplo entre tantos e tantos) morrem 1.2 milhões de pessoas por ano infectadas com tuberculose e os armazéns das farmacêuticas estão cheios de vacinas, que não são usadas, já que nos países onde as pessoas têm posses para as comprar já há muito que a doença está controlada?

Manuel Marques Pinto de Rezende said...

João

Pelo que disseste no meu blog, tenho de discordar de ti nalgumas coisas. Parece-me que tens uma opinião um pouco fundamentalizada àcerca de direita e esquerda. Hoje em dia a linha entre esquerda e direita é ténue, e Sarkoszy vai ser um politico de cariz social-liberal, de livre mercado e competetividade laboral, assim como Sócrates, do "centro-esquerda", assume esse perfil. E são duas "ideologias" deslocadas.
Ségoléne perdeu por falta de ideias, numa França que já não luta por uma Europa nem pelos seus velhos ideais.
Queria agradecer-te o comentário, ainda sou muito tenro nisto da blogosfera.
Quanto ao Anderson, bem, eu sou do PNR no que toca a futebol, e só nisso, e nada me deu mais alegria que ver um Porto campeão da Europa com uma equipa maioritariamente portuguesa. Já o Nani, acho que é um sobrevalorizado, e o Sporting deve ter, de momento, uns 20 Nani´s a cozinhar.
Continuação do bom trabalho ;)