Thursday, September 13, 2007

Mentiras e os media

Noam Chomsky em inúmeros livros diz que é o dever dos intelectuais de informar o povo sobre a realidade, deverão ser os intelectuais que deverão fazer todos os possíveis para acordarem o povo. Esta é a mais pura das verdades, de facto ninguém tem tanta responsabilidade como os intelectuais para chamar a atenção ao povo. Infelizmente não é isso que se passa hoje em dia, os ditos intelectuais são tão cegos como o próprio povo. De facto, estes não têm qualquer obrigação para com o povo, porque são tão apagados como eles. Estes senhores das palavras que eu cito encontram-se muitas vezes nas colunas dos jornais, de revistas de especialidade ou nem por isso, estes são os nossos intelectuais, aqueles que são políticos e jornalistas, analistas e professores estes são as pessoas mais bem informadas da nossa sociedade. Então se são as pessoas mais bem informadas da sociedade não deveriam de ter uma obrigação para connosco? Ao primeiro relance de vista, sim deveriam de ter, e se perguntar a qualquer um destes sábios eles irão dizer que realmente não haverá ninguém que perceba tantos destes assuntos como eles, porque são eles que ocupam os lugares de destaque, são eles que informam e debatem as politicas, umas importantes, outras nem tanto, mas são eles os senhores da razão, as almas que todos os ouvidos escutam com particular atenção.

A verdade é que não considero nenhum destes senhores como intelectuais, não exige grande esforço a percepção deste facto, basta interrogarmo-nos porquê? Normalmente, quando colocamos esta pergunta a nós próprios surge uma resposta mais ou menos conclusiva. Quando nos perguntarmos porquê podemos ler as tais revistas da especialidade, que já aqui indiquei, alguns destes “intelectuais”, que ainda pondero colocar aqui o seu nome ou não, inflamados no seu discurso politico-partidário não conseguem esclarecer o apático leitor explicitamente, devaneiam, sobre guerras e terrorismo têm a tendência de todos nós, nunca apresentam uma ideia minimamente contrária, ridicularizam muitos ideais, - contudo nunca colocam em causa os seus -, seguem o pragmatismo americano no que se refere a uma data de questões, não dizem grande coisa, porque o seu conhecimento é limitado, circunscreve-se ao básico, ao que qualquer míudo com uns anos de escola secundaria poderia argumentar. Preocupam-se com todo o que não é preocupante, e isto sim é verdadeiramente um alerta, termos indivíduos despreocupantes e desconhecendo grande parte dos problemas do mundo a guiar os restantes.

São poucas as pessoas que apresentam uma ideia contrária, porque ainda hoje é um tabu falar-se de possíveis falhas do capitalismo, têm-se os ambientalistas, comunistas, sindicalistas, anarquistas e todo esse rol de revolucionários como um bando de pessoas que nunca ultrapassaram a fase da puberdade que consiste no mundo “incompreendido”. Hoje o que é necessário para se ser um “intelectual”, ou como queiram chamar, é guiar-se pelos caminhos estreitos do sistema. Para se conseguir algum lugar de destaque temos que ser cordeiros em fila, delimitados por barrotes de ambos os lados, vendados e sobre-lotados, caminhando na escuridão. Este é o segredo, só assim podemos ser ouvidos, se discordamos de algo que nem sequer é posto em causa não podemos ser levados muito a sério. É aqui que os meios de comunicação falham, e gravemente! As corporações, que normalmente são as detentoras destes meios de comunicação, limitam o conhecimento do público ao mínimo possível. Poderia citar aqui inúmeros exemplos da falta de conhecimento dos intelectuais e da manipulação do conhecimento público. Primeiramente e a falar só no caso nacional torna-se ridículo o papel destes dois conjuntos, que andam sempre de braço dado. Citando um exemplo recente da manipulação de informação falemos do caso dos transgénicos: primeiramente falou-se logo em eco-terrorismo, nada mais sensacionalista, criaram este tema já para surgirem pensamentos adversos. Nunca ninguém informou as massas o mal que os alimentos geneticamente modificados causam, alguém tem que informar, e nada melhor do que os meios que mais capacidade para tal têm. Em segundo lugar criou-se imediatamente a ideia que os ecologistas eram míudos que gostavam de apanhar umas “pedras”, quando nunca ninguém se interrogou o que se tinha passado. Se perguntarmos ás pessoas se souberam da existência da Ecotopia, 99% destas nunca ouviram falar no termo, muito menos em que é que consiste. Foi noticiado o acto de vandalismo e destruição do ganha-pão do senhor, maior mentira, foi destruído quanto muito 1% da plantação e estes “putos da droga” compraram com o seu dinheiro milho natural e ofereceram ao agricultor.

Obviamente que todos estes factos tornam-se irrelevantes, não são sensacionalistas e logo não irão captar a atenção do espectador. Enquanto toda esta acção apelidada de terrorismo, que chega ao ponto de anedota, centenas de “intelectuais” criticaram fortemente a acção que invadiram propriedade privada, etc; os meios de comunicação não fizeram mais se não atirar mais lenha para a fogueira. Mas como ia a dizer, nunca ninguém põs em questão a destruição da Costa Vicentina e da Península de Tróia pelo grupo SONAE, isto já não é considerado terrorismo, é considerado algo que tem que ser feito, algo que vai ajudar o país. Outra mentira e manipulação; não vai ajudar o país porque tudo está na mão de privados, vamos destruir um dos ecossistemas mais ricos do país com blocos de betão e vidro, criando centros de lazer para as classes abastadas e deixando a grande maioria dos cidadãos de fora. Isto não é lamentável? Como se pode comparar a destruição de uma plantação de milho transgénico (que deveria de ser apelidado de veneno), com sacos de milho natural oferecido ao proprietário, como se compara isto à destruição de um ecossistema inteiro? Sendo Tróia um dos principais refúgios de vida selvagem do país, como é isto autorizado, porque ninguém põe tal facto em questão? Será considerado irrelevante?

Continuando e fugindo do tema anterior, hoje está implantado pelo sistema capitalista em que vivemos um profundo horror e ridicularização a tudo o que é activismo. É incrível como certos cronistas escrevem tanto, e por vezes com tanta falta de conhecimento, sobre os grupos acima referidos. Ainda há bem pouco tempo nas vossas publicações, cronistas encontravam-se num estado de gozo profundo pela festa do Avante, estavam incomodados com a festa, viam-na como algo ridículo, sem propósito de existência. Preocupam-se com uma ligeira festa popular, mas nunca ninguém abriu a boca quanto ás suásticas que deambulam pela baixa lisboeta. Isto talvez fosse realmente importante, o crescimento de grupos de extrema-direita no nosso país, mas mais uma vez vemos a extrema direita como algo banal, até são uns indivíduos que têm alguma razão no que dizem. Nunca ninguém fala sobre isto, preferem criticar grupos activistas e ridicularizar acções de carácter interventivo, ou mesmo festas populares.
Estes senhores que parecem tão pasmados com a imensidão dos E.U.A. do seu poderio e da sua espectacular hegemonia pelo mundo quase que veneram este sistema capitalista americano. Numas crónicas á bem pouco tempo, li – já não posso precisar em que revista – que os E.U.A. eram um país formidável, com uma politica externa de encher o olho. Obviamente tudo isto escrito entrelinhas. Veneram este sistema politico, falam da fantástica América e falam da sua politica além-fronteiras. Que a guerra no Iraque sempre foi inevitável, que os árabes são terroristas e são uns monstros, mas ninguém se pergunta o porquê de isto que eles fazem acontecer, mais uma vez a manipulação da imprensa. Ninguém se lembra das invasões americanas á Guatemala e El Salvador que destruí-o dois países, chacinou e torturou milhares, tudo porque os seus governos levavam inclinações esquerdistas. Ninguém se lembra dos ataques deliberados ao Afeganistão, em 1998, em que bombardearam todo o país só porque se insurgiram algumas vozes de protesto. Ninguém sabe quantos morreram nestas e nas guerras do Vietname, Cambodja, Iraque, Afeganistão, porque são baixas que não interessam, nunca foram vistos como humanos, são monstros. Todos se esquecem da invasão da Palestina por Israel apoiada pelos Estados Unidos e dos milhares de mortes que causou. O sistema politico de Cuba e da Coreia do Norte é ridicularizado por serem “comunistas” a prova que este sistema não funciona, está longe da perfeição é verdade, mas ninguém se lembra que tantos estes dois países e juntamente com o Haiti são dos países mais pobres do mundo, não devido aos seus sistemas mas sim devido aos embargos ilegais. Nunca ouvi ninguém opor-se a estes actos de terrorismo. Desde a administração Reagan que o mundo ocidental tem bombardeado, chacinado, violado e torturado milhões de pessoas com as suas politicas do terror. Ninguém fala disto, só do quão errados estes “árabes” estão, sim porque qualquer muçulmano é árabe, que eles são fanáticos e que o seu ódio já é intratável e sem razão de ser.

Este intelectuais que se julgam como tal, tão sabedores ignoram estes factos sistematicamente, vão na treta da demande de liberdade pelo mundo fora. Isto é triste, os únicos que podem ter voz em meios de comunicação são tão ou mais “ignorantes” que os restantes que os lêem e os ouvem. Os meios de comunicação manipulam tudo como vem sendo seu hábito.

Estes não são intelectuais, perguntai a quantos destes já ouviram falar de Noam Chomsky, de quem ele é, do que ele faz, perguntai a quantos quiserem se conhecem os factos das guerrilhas da Colômbia ou se conhecem a verdade por detrás deste repentino ódio do povo iraniano contra o ocidente. Com sorte um afirmará que os iranianos são doentes e que Chomsky é um judeu vítima do holocausto.

1 comment:

Anonymous said...

Se são cegos não devem ser muito intelectuais.