Sunday, August 20, 2006

Simpatia por ti

Vivo na baixa da cidade, um T2 comprado á pressão mal me disseram que tinha sido transferido para aqui. Até que gosto disto, sinto falta das pequenas coisas a que se estava habituado nas pequenas cidades mas a diferença é aceitavel. Não conheço muita gente é verdade, nem sei muito bem se estou mesmo aqui, tudo me parece um sonho tirado de uma tal brincadeira de crianças. Não sabia que empregos destes eram possiveis de atingir, escrevo uma vez por semana para não me aborrecer muito nesta cidade do pecado, vou ao cinema umas duas vezes e o tempo livre é aproveitado em casa sem fazer grande coisa no fundo. Ser-se comissário de uma empresa europeia no outro lado do atlântico até que tem as suas vantagens, lá para quarta feira devo de ter uma reunião, nada de mais basta-me dizer que a produção e as vendas têm aumentado e ninguém me diz nada. Com sorte talvez pessa um motorista, o trânsito chega a ser caotico.

Hoje a semana trocou-me as voltas, uma série de directores a dizerem que afinal estava aqui era a passar umas férias á custa da empresa, inteligentes estes gajos. Hoje cheguei a casa, não tinha nada para comer nem ninguém com quem ir comer fora, resolvi divertir-me sozinho: uma aparelhagem um cd de Rolling Stones e uns paços de danças digno de um doente mental põem-me logo satisfeito. Gosto de dançar quando ninguém está por perto, fazer grandes gestos e imitar Freddie Mercury e Mick Jagger com aquelas poses teatrais. Tenho uma apreço especial pela música "Sympathy for the devil", faz-me ir ao céu e voltar é por causa destas canções que vale a pena abanar as ancas como um doido enquanto se tem um momento de delirio. Peguei num caderno e comecei a escrever umas baboseiras para lá, coisas sem sentido enquanto desenhava grandes conjuntos de três 6 pela página. Continuo o mesmo puto, nunca me passou este "fascinio" pelo 666 ou pelo tipo de cornos que se faz passar por senhor das trevas.

Rio-me que nem um perdido depois de contar mais uma piada para o espelho, faço umas quantas caretas, imito um cantor de rock e rio-me mais uma vez. Deito-me feliz, o sorriso na minha cara é inegável, não o consigo ver mas está lá, permanece lá desde o dia em que nasci. Durantes uns minutos dou umas voltas na cama e o sono tarda em chegar, falo sozinho sobre o que me rodeia: sobre como o apartamente está a precisar de uma nova demão de tinta, como a chuva me pode tornar feliz enquanto tento adormecer, como estou a precisar de comprar um novo par de sapatilhas, continuo a falar sozinho pela noite fora até que finalmente adormeço e está lá, não o posso negar mas no entanto não o vejo.

Acordo a horas menos próprias, já a chuva caía á muito tempo. NY continua a mesma, enquanto tomo o meu café, ou tentiva disso, olho pela janela e vejo como a chuva é reconfortante quando se permanece em casa. A televisão já nem os canais de cabo emite, o sofá tomou agora conta da sala, nunca o tinha julgado tão monstruoso, meu Deus é gigante, tenho que me livrar desse monte de molas e camurça para ver se compro um mais pequeno. Estou aqui há uns quantos meses, deixei de fazer a barba, para quê só saío de casa para dizer que a produção sobe e nesse momento um coitado deve-se esfolar para me informar como as coisas correm. O rapaz esforça-se e quem fica com os louros sou eu, eu é que devia de estar a viver com a minha familia e passar os dias a telefonar a um director estrangeiro a informar como as coisas correm enquanto ele não liga um cú ao que digo. Sou capaz de convidar o rapaz para jantar um dia destes, tirando ele não conheço mais ninguém. Começa a tornar-se aborrecido não conhecer ninguém, no outro dia reparei na vizinha do 2º direito, até que tem o seu charme, é asiatica provavelmente cabeleireira num estaminé qualquer por aí. Não, ele deve de gostar de filmes do Richard Gear e eu não gosto, nunca iria resultar. Apesar de não conhecer ninguém ele permanece lá comigo, não o vejo mas está lá.

A verdade é que gosto de passar os dias aqui fechado, tenho as minhas fantasias de puto e divirto-me, ás vezes penso que sou louco, falo sozinho e rio-me só pela minha figura. Mas que se dane, daqui a uns tempos alguém me há-de encontrar para aqui perdido e vêem que afinal até sou um tipo simpático, não muito extrovertido mas simpático á sua maneira. Só tu me compreendes, não te conheço, nem sei como aqui vies-te parar, no meio de tanta papelada e relatórios de empresas a pedirem o aluno de 20´s para trabalhar tu deves de ter saído de lá, até que gosto de ti, entendemo-nos á nossa maneira. Mas quem serás tu? Serás o meu sorriso ou serás a besta dos cornos, senhor e dono do inferno. Voltei a errar, tu és apena o meu sorriso e a minha loucura juntos num só e tu és eu.

3 comments:

Anonymous said...

gostei ;D

continua a escrever =)

Anonymous said...

Bonito texto, sim senhora cada vez melhor .Gostei mt =D BJINHOS

Anonymous said...

Ola!

Tás sempre a surpreender-nos com os teus textos bonitos...
Gostei.

jinho