Sunday, February 18, 2007

Cultura de casa de banho, outra vez

Para quem não sabe o famoso escritor, Dan Brown, tem cancelado a pubicação do seu mais recente trabalho, de nome "A chave de Salomão". O mundo editorial tem andado todo num grande alvoroço, pois questionam-se para quando este, já apelidado de best-seller, irá saír para as bancas. Desde 2004 que o mundo dos livros mais não tem para oferecer aos leitores do que histórias de mistérios e ordens religiosas milenares. Pergunto-me o porquê de tanto fascinio á volta deste tipo de leitura, Dan Brown quando publicou o Código DaVinci, com certeza que não esperava o número de vendas que conseguiu atingir. Depois desta "obra prima", milhares de escritores pelo mundo fora, menos dotados em imaginação seguiram as passados do norte-americano e em busca de dinheiro e sucesso lançaram-se á descoberta de novos mistérios seculares. E, diga-se que grande parte destes livros vendem que se farta, portanto estes escritores apesar de não serem muito imaginativos até que são inteligentes.

Quando primeiro li o Código DaVinci também o considerei um dos melhores livros que já tinha lido, a sua sequela "Anjos e Demónios", também foi um livro que me causou grande excitação, mas já começava a suspeitar de algo. Quando li "A Conspiração" e a "Forteleza Digital" já não houve a revelação choque no fim e tudo se tornou bastante previsivel. Sinceramente não posso considerar Dan Brown como um grande escritor, posso considera-lo sim um grande psicologo pois faz-nos pensar da maneira que ele quer, usando sempre a mesma formúla em todos os livros. Dan Brown possuí todo o mérito do mundo por ter chegado ao patamar que muitos poucos conseguem atingir, contudo a sua escrita, os seus capitulos de duas páginas, os seus truques para deixar o leitor na expectativa, não são mais do que uma psicologia muito bem estudada. Se analisarmos bem as histórias dos quatro livros, depressa chegamos a um ponto em comum entre todos: quem pensavamos ser o assassino não é ele, mas é aquele que mais longe dessa hipotese estava. Esta formúla é repetida vezes sem conta para termos sempre uma grande surpresa no final do livro. Mas se analisarmos ainda em mais profundidade o que acontece é isto:

"Existe um bom da fita, contudo começamos a suspeitar dele. Existe uma personagem secundária, que apesar de ser uma possibilidade para a resolução do mistério pensamos estar longe da equação final. Com o correr da história, aparece o gajo mau que só lhes inferniza a vida. Tendo estas três personagens chega-se a uma solução: o bonzinho acaba por ser afastado, a personagem secundária que apesar de ser muito boazinha no final é ele o verdadeiro vilão ( Surpresa!!! ) e o gajo mau acaba por morrer." Dan Brown repete esta formula em todos os seus livros, eu ao terceiro livro consegui prever o final e deixou de existir uma grande surpresa a partir desse momento.

Mas a que o mundo literário neste momento está preso é a histórias da conspiração, biografias para ler na casa de banho e a meia dúzia de famosos que pensam serem escritores. O problema é que estas histórias de assassanios, Santo Grall, Jesus e Marias Madalenas já começa a enjoar, porque no fundo vai sempre dar tudo ao mesmo. Ainda para mais, surgem sempre aqueles livros: "A pétala da rosa, descodificado", ou seja, são aqueles livros que aproveitam para chupar dinheiro ao consumidor ao fazê-lo passar por muito burro, já que precisa de um manual para perceber um livro. Mas claro que estes livros são tão vendidos por uma razão, para começar nós compramos tudo o que tenha a haver com mistério, porque estupidamente consideramos que devemos saber sempre mais, pena que acabam induzidos em mentira. Depois as campanhas de publicidade têm um fim. Depois tudo o que é polémico tem que ser obrigatóriamente bom.

Estes livros normalmente não têm qualquer conteudo e por isso é mais uma dose da cultura de casa de banho que nós tanto gostamos. Livros feitos unicamente para vender. Chateia-me até certo ponto, toda a gente conhecer os livros de Dan Brown e até se poder ter uma discussãozinha agradavel á volta disto, mas quando tento falar de livros de Eco, Steinbeck, Orwell, Huxley, Dostoevsky e outros tantos, fico a falar para as paredes. Sinceramente, tentando ter uma visão lúcida do futuro, penso que aquela frase imortalizada por mim: "Ler é cada vez mais um acto heroíco" é a máxima aplicada a esta situação. Mas, a grande verdade é que aqueles que leêm por puro prazer e livros fora de moda é que são uns verdadeiros heroís em vias de extinção.

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