Friday, May 11, 2007

Sem necessidade de prozac

Há dias, como o de hoje, que apesar de haver tanta coisa para se escrever, de haver tantas coisas a passarem-se pelo mundo, como o caso da pequena Madeleine, das presidências francesas e de outras coisas que eu gosto de escrever e que mais ninguém se interessa, hoje não vou escrever. São dias em que a se é feliz, dias para aproveitar, não aparecem todos os dias, um peso saíu de cima dos ombros. Ser feliz compensa, e nada melhor que fazer paste dum texto de outro autor sem qualquer permissão, hoje faço eu isto, amanhã fazem eles.

"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis. E um exército de professores explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição. Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho. Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. Não deixa de ser uma lástima. Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!»
Texto de João Pereira Coutinho, Jornalista

1 comment:

Anonymous said...

Cada vez penso mais que se deve acabar o dia com um sorriso na cara (por vezes parece dificil, mas é a verdade nao adianta ficarmos amuados porque o teste nos correu mal, ou se o amiguinho perfeito nao nos ligou...porque ninguem e perfeito e ninguem precisa de objectivos para todos os dias da semana!
O importante é ser realmente FELIZ!