Wednesday, February 07, 2007

O aborto, sim ou não? Mas rápido!

Esta-se a acabar o meu leite achocolatado, paguei por ele 60 centimos e não dura um minuto até os seus 33 cl chegarem ao meu estômago. Hoje foi um daqueles dias em que acordei e só me apatecia estar na cama embrulhado na pilha de cobertores e durante um dia do ano hibernar. Um tempo nojento é o que se pode dizer, chuva, vento, frio e aula de português, tudo o que transforma um dia normal, num potêncial dia catastrófico. Agora enquanto saboreio o cacao envolto em leite percebo que afinal foi um dia bonzinho, só que este tempo de todo o dia a chuver deixa-me deprimido. Tive que ajustar as costas da cadeira, estavam a caír e a causar uma dor considerável nas costas. Contudo, esta dor que tenho nas costas, não é comparavel á dor com que fico quando chego a casa, subo as escadas a doer-me o corpo todo, ligo a máquina e sou surpreendido com o considerável número de mails novos que tenho. Para uma pessoa com uma reputação como eu não é normal receber tanto correio. Qual não é o meu espanto quando posso ver que mais de metade são de individuos sem vida social e que ultimamente mais não fazem, se não mandar mensagens do "Sim" ou do "Não" para o referendo ao aborto. Tudo bem que isto é importante, mas daí a porem a Odete Santos a falar durante uma hora é um perfeito exagero.

( Acaba-se definitivamente o leite achocolatado, e tal como este a música "She´s the one" dos Stone Roses )

Bom, agora feita esta breve introdução, ( ok, não tão breve como isso ), e parando com a brincadeira propriamente dita, comecemos lá com o texto. Apesar do claro exagero que referi acima, esta coisa da campanha do aborto já me chatei-a assim um bocado, porque bem vista a situação não há dia em que não levemos em cima com um doutor qualquer a prevenir dos maleficios do aborto, e logo de seguida, aparece um esquerdista nato a dizer que não, que afinal o aborto é um direito das mulheres. Independetemente de isto ser um assunto extremamente importante, penso e creio que tenho alguma razão quando digo que se está a criar algum histerismo á volta deste referendo. O problema é mesmo as campanhas, que me dão a impressão que a cada dia que passa ficam mais centralizadas em falar mal da outra, em contractar algum músico para aquecer o ambiente ou simplesmente discutirem sem grandes argumentos.

Independemente de serem a favor do "Sim" ou do "Não" respeito as vossas opiniões, mas até Domingo não se fala de outra coisa. Eu próprio sou surpreendido por mim a discutir o aborto a meio de aulas, logo não estou imune e apesar do referido, estou consciente da importância que isto tem. O problema que está a acontecer é que já todos temos a nossa opinião, mais ou menos bem fundamentada, e todos os dias somos bombardeados com publicidade, que no fundo só baralha as mentes já por si baralhadas. Digo isto sinceramente, se eu votasse, iria votar "Sim". Calma, não caíam em cima de mim, vamos com calminha.

Penso que a campanha do "Não" tem sido no mínimo degradante, desde imagens de fetos com 6 meses mortos, com ideologias sobre impostos, sobre ameaças da igreja, etc. Enfim só a posso considerar de uma grande palhaçada, não que não existam pessoas com as suas razões para votarem contra, mas esta campanha foi do mais tipico conservador possivel. Mas, também já deveriamos estar habituados com estas politiquices de direita, onde cada um ameaça outro se não fizeres o que ele diz. Era simples, se os responsáveis da campanha do "Sim" tivessem o "genialismo" publicitário dos seus rivais com certeza que faziam isto: queremos nós portugueses pagar as mordomias todas dos ministros, exibiam imagens de ser humanos em condições sub-humanas e nem falo da religiosidade.

Ultimamente a minha caixa de email está no limite, pois há criaturas com o juízo perto do zero que me mandam aquelas cartinhas muito bonitas do Rodrigues Guedes de Carvalho e da Florbela Espanca. Para além destas duas tretas de primeira, aparecem-me cartas com a prova que existem autenticas mentes perturbadas por detrás da campanha do "Não", as apresentações consistem a mostrar situações, em que diziamos que sim, aprovava-mos o aborto em naquela situação e surpresa! Estavamos a matar Vivaldi, Mozart, Einstein e até o próprio Cristo. Não será um assunto demasiado sensivel para os religiosos bricarem, mas eles que se entendam.

Agora a minha opinião:

Sou a favor do aborto. Para além de ter olhos na cara para ver que a campanha deste movimento foi claremente melhor estudada, também me identifico mais com o ideal em si. Ás dez semanas ainda não existe vida, existe vida em potêncial, visto que o cérebro ainda não se encontra formado. Parto da lógica que todo o ser vivo, para ser considerado como tal necessita de cérebro, se não o tiver não tem vida. Logo não se mata um ser vivo, matam-se células com potêncial. Para além do mais, mesmo que estas células pudessem sofrer, não seria preferivel matar alguma coisa quando ainda nem sequer possuí capacidade para ter dor, do que num futuro ter uma vida miserável e de verdadeiramento sofrimento? Eu considero que sim. É verdade, sem cérebro não há dor, sem cerébro não podemos sequer reagir á dor.

As minhas opiniões, de forma muito resumida são estas, respeito aqueles que não concordam com a despenalização, estão no seu direito. Para mim, do ponto de visto ético é preferivel a prática do aborto do que a prática da miséria e da dor um dia mais tarde.
Só para finalizar, se o aborto fosse permitido, uma pobre familia austriaca, sem posses monetárias e dinheiro para sustentar tantos filhos não se visse obrigada a criar uma criatura chamada Adolf Hitler. Neste caso, creio que 6 milhões de pessoas tivessem sido mais felizes.

Desculpem o texto ter pouco conteúdo, mas já não há quem ature isto.

4 comments:

Anonymous said...

Governo deve tomar medidas em vez de pedir ao povo a solução

Não ! - Não à legalização do aborto através da falsa bandeira (engodo) da despenalização !

A despenalização do aborto é outra forma enganadora de combater o aborto. O número de interrupções de gravidez, no mínimo, triplicará (uma vez que passa a ser legal) e o aborto clandestino continuará - porque a partir das 10 semanas continua a ser crime e porque muitas grávidas não se vão servir de uma unidade hospitalar para abortar, para não serem reconhecidas publicamente.
O governo com o referendo o que pretende é lavar um pouco as mãos e transferir para o povo a escolha de uma solução que não passa, em qualquer uma das duas opções, de efeito transitório e ineficaz.
Penso que o problema ficaria resolvido, quase a 90 %, se o governo, em vez de gastar milhões no SNS, adoptassem medidas de fundo, como estas:

1 – Eliminação da penalização em vigor (sem adopção do aborto livre) e, em substituição, introdução de medidas de dissuasão ao aborto e de incentivo à natalidade – apoio hospitalar (aconselhamentos e acompanhamento da gravidez) e incentivos financeiros. (Exemplo: 50 € - 60 € - 70€ - 80€ - 90€ - 100€ - 110€ - 120€ -130€, a receber no fim de cada um dos 9 meses de gravidez). O valor total a receber (810€) seria mais ou menos equivalente ao que o SNS prevê gastar para a execução de cada aborto. (*)

2 – Introdução de apoios a Instituições de Apoio à Grávida. Incentivos à criação de novas instituições.

3 – Introdução/incremento de políticas estruturadas de planeamento familiar e educação sexual.

4 – Aceleração do "Processo de Adopção".


(*) Se alguma mulher depois de receber estes incentivos, recorresse ao aborto clandestino, teria que devolver as importâncias entretanto recebidas (desincentivo ao aborto). [Não sei se seria conveniente estabelecer uma coima para a atitude unilateralmente tomada, quebrando o relacionamento amistoso (de confinaça e de ajuda) com a unidade de saúde].

Estou para ver se os políticos vão introduzir, a curto prazo, algumas deste tipo de medidas. É que o povo, mais do que nunca, vai estar atento à evolução desta problemática.

Anonymous said...

Estavas a arriscar-te com este post. Então tu queixas-te que tinhas a caixa do mail cheia e escreves sobre este tema? Agora além do mail, ainda tens a caixa de comentários recheada de excertos das páginas de campanha de ambos os lados.

Eu até já ponho a hipótese de terem sido contratadas pessoas só para fazer o copy-past na zona de comentários dos blogues que se manifestam sobre o assunto...

Avante, como deves saber eu sou contra a liberalização do aborto. Talvez porque uma rapariga ficasse grávida de um filho meu eu iria assumir a paternidade e não fugir com o rabo à seringa. Ora com esta proposta o pai nem sequer tem voto na matéria (e é impressionante a quantidade de pessoas que vão votar sim e não sabem disto).

Depois há as razões éticas, a minha estratificação valorativa que diz que começa a vida quando começa a gravidez, e mais algumas, todas das quais certamente já leste.

Como eu não estou aqui a fazer propaganda (aliás nem tive paciência para ler o comentário do lado) despeço-me, dando-te os parabéns, acho sinceramente que estás a escrever cada vez melhor (ao contrário de mim que estou numa crise criativa, só sei escrever sobre tecnologia, vulgo geek stuff).

E sobre o Hitler (desculpa, não resisti :P), sabias que o segundo país a legalizar o aborto em casos especiais foi a Alemanha Nazi? Quais eram esses casos? Todos em que o feto tivesse probabilidade de nascer com algum tipo de deficiência. Controlo da prosperidade da raça chamaram-lhe eles.

Touro Zentado said...

Com umas diferenças pequenas aqui e além estou de acordo contigo.
A nossa maior divergência é esta: acho que o post tem conteúdo!

João Fernandes said...

Desculpem, mas não vou resistir.

Ao anônimo, seja tu quem fores, tens a tua opinião e os teus argumentos, por acaso bastante bem fundamentados. Mas, penso que todos sabemos que as medidas que tu referis-te, ou são já praticadas ou iriam-se tornar altamente inefícazes. A despenalização do aborto não é um engodo para ocultar, pelo menos no meu ponto de vista. O ponto mais importante com a importância da interrupção voluntária da gravidez, é por vezes familías carênciadas e sem condições para terem (mais) um filho. Há casos e casos, mas temos que ter em conta que ainda neste país existe muita miséria e alguns casos bem preocupantes.
Os programas de incentivo á natalidade, já são utilizados em aldeias do interior em que a população desaparece. O problema é que as pessoas não querem mesmo ter mais filhos e se os querem é em idade cada vez mais tarde. Não poderei levar essa medida com plausivel, visto que realmente nenhuma das partes está interessada neste caso. Nem o estado, nem as próprias familias.
A Educação Sexual já existe e tendo em conta o que se passa, não está a servir de nada. Obviamente que ajuda e não há mal nenhum em este programa vigorar, mas não é por aqui que o número de mães solteiras irá reduzir, porque para além de algumas destas aulas serem bastante mal dadas, os putos não prestam atenção. É um bom plano, mas penso que sem resultados práticos.

Nuno, escreves-te bem e admito que esse é o grande mal da liberalização do aborto. Porque bem vistas as coisas, a mulher não tem um filho sozinho e só em casos excepcionais é que poderia ser permitido a prática sem o consentimento do pai. Se esta parte está mal? Claro que sim, porque neste caso do aborto não se trata da emancipação da mulher, como muitos movimentos femininistas querem passar. E lá está, o problema do aborto prende-se com a visão ética de cada um. A vida começa a partir da formação do cérebro ou a partir que o ovúlo é fecundado? Esta é o verdadeiro cérebro da questão.