Tuesday, April 03, 2007

Realidades....

Hoje vi um excelente filme, primeira ida ao cinema desde á muito tempo, felizmente não saí de lá desiludido. "O Último Rei da Escócia" é um filme muito bem feito, tanto a nível de argumento como de realização. Contudo, o que penso ser o mais marcante no filme foi o carácter politico em que as personagens se embrenham, como é sabido sempre que existe um golpe de estado, esse revolucionário passa a ser um ditador e passa a gostar tanto de liberdade de escolha como gostava da liberdade antes do poder. Foi isto que se passou no Uganda, mas não só, em dezenas de países de África foi isto que aconteceu, sem tirar nem pôr. Guerrilheiros que do dia para a noite se tornam em senhores de um país, instauram a ditadura, apodrecem no seu cadeirão á espera de serem depostos e assim sucessivamente. É a vida de um ditador, normalmente curta, noutros casos um pouco mais prolongada.

Jean-Pierre Bemba é para a grande maioria um nome que não significa absolutamente nada, é um caso algo diferente de Idi Amin, um esteve no poder, o outro não teve hipótese de chegar ao trono. O grande problema destas ditaduras africanas é que a finalidade é só e apenas uma: ver os números da conta privada crescerem. África, terra de recursos inesgotáveis, onde tanto se pode ter tudo, como se pode não ter nada, desde palácios com torneiras em ouro até morrer á fome. Hoje as realidades vividas nos dois países são diferentes, ambos vêm de um passado governado por ditadores, Amin para o caso do Uganda e Mobuto para o Zaire ( ou Républica Democrática do Congo ). As guerras cívis são inevitáveis e certos países não conhecem á paz desde há muito tempo, este é o caso do Congo, Bemba resolve criar as suas milícias para ir melhor protegido para as Presidênciais, perde e não se contenta, fomenta o ódio, a aniquilação dos opositores.

O caso do Congo resolve-se agora por traços finos e díficeis de sustentar, Bemba está neutralizado e prepara-se para ser exportado para Portugal, irá viver na sua residência na Quinta do Lago, no Algarve. Não me compete a mim afirmar seja o que for, quer vir para cá as portas estão abertas, só tenho pena do facto que irá ter uma boa vida, ao contrário dos congolenses sem hipótese de saírem do país. Africa é um país demasiado rico, os países são demasiado grandes para serem dominados por um só homem e o sistema tribal ainda é usado. Demasiado sofrimento para um só continente, ficaram com a sina traçada a partir do momento em que dobramos o Cabo Bojador. Proclamam a vitória de um país, mas verdadeiramente o único vencedor de todas as tramas é quem está lá em cima, quem é imune e que nunca será alcançado pelo inimigo. Mobuto, Mugabe, José Eduardo dos Santos, Idi Amin,.... e a lista continua, será que algum dia terá fim? Porque com estes nomes está relacionado tudo de errado que existe numa sociedade, numa humanidade, onde alguns podem viver tão bem e outros no limiar da sobrevivência.

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